06 novembro, 2015

CUNHA, A. Pereira da - BRIOS HEROICOS DE PORTUGUEZAS. Por... Tomo I. Lisboa, Typographia Universal, 1861. In-8º (22cm) de XVI, 177, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Colecção de contos históricos cujas protagonistas são "mulheres de armas" portuguesas que lutaram contra Castela pela independência nacional. Além do interesse intrínseco, dado o seu carácter patriótico, histórico-lendário, o timing de publicação da obra revela a preocupação anti-iberista do autor, numa época em que o assunto era tema de discussão.
Este volume I é tudo quanto foi publicado.
"A influencia da mulher sobre o espirito do homem, e, por conseguinte, sobre os destinos da humanidade, é um facto, averiguado pela historia, e um principio, estabelecido por diversas escholas philosophicas.
Desde Eva - e não se póde ir mais longe - que esse ascendente invencivel se tem feito conhecer, para o bem, ou para o mal. [...]
Escavou-se nas memorias, tam confusas, de mais de quinhentos annos; joeirou-se o que alli estava soterrado; e, sem quasi o lapidar, nem contrastar-lhe os quilates, tratou-se de o expôr á luz do dia, para que todos o vissem, e se ficasse sabendo o que produz este solo.
As briosas, portuguezas, que, por seus dittos e feitos, se tornaram benemeritas da liberdade e da patria, hão-de ter, se não pulso firme e destro, que as retrate ao natural, com a devida pompa de contornos, e esplendor de colorido, ao menos, quem as bosqueje com fiel exactidão; e serão, ao mesmo tempo, como os élos gloriosos, que vão ligando os quadros d'essa lucta, em que a Hispanha e Portugal, por tantas vezes, se viram, e em que, de um lado, se combatia por um sonho ambicioso, entretanto que, do outro, se defendia a existencia.
Se no decurso da narrativa, escrupulosamente historica, até nos accessorios, que a revestem, se allude a algumas scenas e a alguns actos, que possam desgostar, de qualquer forma, a nossa convisinha da peninsula, não foi - fique ditto para sempre - com a mais leve intenção de faltar-lhe á cortezia. [...]
Poz-se em relevo o heroismo das nossas conterraneas, mais famosas pela sua adhesão á independencia e ao bom credito do reino, com o duplicado intuito de concitar os brios nacionaes, por meio do influxo saudavel, que deve ter sobre elles um exemplo d'esta ordem, e de lembrar tambem aos esquecidos que, em Portugal, muitas vezes, contra a soberba hispanhola, foram de sobra as mulheres."
(excerto da introdução)
Matérias:
Introducção.
- Maria Annes. - Deu-la-deu Martins. - Iria Vaz. - Mór Lourenço. - Brites Gonçalves de Moura. - Maria de Sousa. - Joanna de Gouveia. - Brites d'Almeida. - Ignez Negra. - Joanna da Silva. - Margarida d'Abreu. - A senhora Catharina. - D. Philippa de Vilhena. - Custodia Sanches.
Notas. 
Antonio Pereira da Cunha (1819-1890). Conhecido anti-iberista português. "Estimavel poeta e elegante prosador. É membro de diversas corporações literárias. Escreveu um livro intitulado - «Brios heroicos das portuguezas» e publicou o folheto-  «Não!» Resposta nacional ás pretensões ibéricas." Segundo Inocêncio (T. VIII, p. 274), "Antonio Pereira da Cunha é Fidalgo da C. R., foro havido por seus paes e avós; Socio do Instituto de Coimbra e Presidente da Sociedade Artistica de Vianna. Foi eleito Deputado ás Côrtes em 1856, pelo antigo circulo n.º 2, porém retirou se da Camara em 26 de Janeiro de 1857, depois de proclamado, com outros deputados legitimistas, que julgaram não dever prestar o juramento que se lhes exigia. […] Dos Brios Heroicos de Portuguezas não consta que sahisse até hoje à luz o tomo II. […] Cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1872. Morreu em Abril de 1890”.
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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