CRESPO, Joaquim Heliodoro Callado - COUSAS DA CHINA : costumes e
crenças. Por... Tenente de infanteria, Consul geral de primeira classe -
Cavalleiro de S. Thiago, Commendador da Estrella Brilhante de Zanzibar e
S. S. G. L. Lisboa, Imprensa Nacional, 1898. In-4.º (25cm) de 283,
[1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Raro e curioso trabalho sobre as crenças e os costumes da China Imperial, no final do século XIX. Ilustrada com bonitas vinhetas e capitulares e quadros, desenhos esquemáticos e pautas nas páginas do texto.
"A palavra «chinezice» admittida geralmente para designar um objecto extravagante ou uma idéa contraria ao bom senso, tem apparentemente uma certa rasão de ser, se considerarmos que o «cunho chinez» é uma consequencia ffatal de uma lingua e uma litteratura especieaes, de uma raça differente, e de uma civilisação que dura immutavel ha muitos seculos, mantida por um povo que systematicamente se tem mantido fóra do convivio das outras nações."
(excerto da introdução)
"Uma philarmonica chineza é em geral composta de musicos muito mal vestidos, muito immundos, de caras patibulares e gestos cansados; uma philarmonica cujos serviços se alugam a 1 dollar por cabeça, para tocar durante vinte e quatro horas; chamam-se musicos de «kou-ti-iao» ou de aluguer, e têem como principaes instrumentos, violas de diversos tamanhos e feitios, rebecas de duas, tres e quatro cordas, flautas sem chaves, cornetas, tambores, «gongs», etc.
O mestre traz «botão» e «pennas» no chapeu; de longe parece uma cabeça de mandarim. Mas o botão é de pau pintado de branco, e a «penna» não é mais que uma cauda de cão, distinctivos que a autoridade o obriga a trazer como signal da sua vergonha pela desprezivel posição social que occupa, e para mostrar ao povo que nem o mestre de musica nem os seus filhos podem aspirar a qualquer titulo, dignidade ou cargo militar ou civil!"
(excerto de Musica)
Matérias:
- A quem nos ler. - Introducção. - O rio «Chu-Kiang». - Cantão; «hongs», compradores, «Pitchin english»; os templos. - Shameen. - A cidade fluctuante. - Cafés e tabernas. - Architectura. - Os «ya-mens». - Pagodes. - Arcos triumphaes á virtude das mulheres. - Meios de transporte; carros, cadeiras e barcos. - Origem da palavra China. - Relações entre a China e as potencias. - A primeira embaixada portugueza á China. - Linguagem chineza, caracteres e imprensa. - A organisação da sociedade chineza, e a administração do celeste imperio. - Um casamento imperial. - Templo dos antepassados do actual imperador. - O dragão e a phenix. - A mulher chineza. - A familia e o casamento. - Divorcio e adulterio. - Prostituição. - Infanticidios, abandono e venda de creanças. - Nomes individuaes e de familia. - Desprezo pelos europeus. - Espirito de observação. - Mandarins. - Titulos de nobreza, privilegios e merces honorificas. - Bonzos. -O soldado chinez. - Mendigos. - Medicos e medicamentos. - Medicina legal. - A visita do medico. - Uma lição de anatomia. - Duas operações cirurgicas. - Os piratas. - Exames e letrados; a academia imperial dos «Han-lin». - Serviçaes. - Guardas-nocturnos. - Os missionarios christãos. - Sociedade de salvação, da abstinencia, do ideal, do nenuphar. - Religião. Creação do mundo. - A alma, a vida futura e a transmigração. - A libertação dos espiritos. - Prisão e expulsão dos espiritos. - O inferno buddhico segundo os chinezes. - Os ritos. - Um capitulo de philosophia. - Tribunal e prisões; a tortura. - O carrasco de Cantão (fragmento). - Enterros e sepulturas, taboletas e sacrificios, luto. - Historia da China, segundo os chinezes. - Systema monetario. - «Swampan» e systema de pesos e medidas. - Astronomia. - Mappas geographicos. - Tufões. - Peste bubonica. - A agricultura, o arroz, o chá, o bambu; as flores e os jardins de «Fa-ti». - Opio, tabaco e cachimbos. - Ninhos comestiveis de passaro. - A pedra «jada». - A seda. - Bordados a seda. - Charão. - Porcelana. - A esculptura e objectos de marfim. - Musica. - Pintura. - A caça e a pesca; o «cormoran». - A deformação dos pés. - Comprimentos e saudações. - Visitas e etiqueta. - Vestuario. - Penteado. - Leques. - Duellos femininos. - Suicidios e cadaveres. - Theatro. - Extracto de uma comedia chineza. - Cozinha chineza. - Incendios. - Jogos de cartas, dominó, dados e outros; o «Fan-tan». - O xadrez. - Papagaios de papel. - O cheiro, o olfacto e os beijos. - «Fire-crakers» e panchões. - Idade. - Latrinas. - Maximas e proverbios. - Festa do anno novo. - Festa das lanternas. - Festa das flores. - Festa das creanças. - Festa da agricultura. - As regatas do dragão. - Festa das duas estrellas. - Festa da lua. - Festa do fim do anno. - Outras festas. - Cousas varias. - O animismo entre os chinezes (pelo sr. Vasconcellos Abreu): 1.º Influencia politica na evolução religiosa chineza. 2.º A litteratura chineza antiga. 3.º O animismo segundo o Chau-li e o Xi-Kim. 4.º O animismo actual das raças mongoloides.
Joaquim
Heliodoro Calado Crespo (1861-1921). Oficial do exército e diplomata português. Ocupou postos em Zanzibar e Pretória, tendo sido posteriormente
destacado para o consulado de Portugal em Cantão, onde ocupou o cargo de cônsul entre
1895 e 1900, período tumultuoso, marcado pela conturbada vida política na China no final do século XIX, incluindo a chamada "guerra dos boxers", que levou ao reforço da presença militar em Macau. Escreveu Cousas da China: costumes e crenças (Imprensa Nacional, 1898) e A China em 1900 (Manuel Gomes, 1901).
Enccadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Rasgão sem perda de papel no pé das quatro últimas folhas do livro.
Raro.
85€
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