BETTENCOURT, João de Matos - A MINHA TERRA. Calheta-Sam Jorge, Minerva Soares, 1914. In-8º (19,5cm) de 63, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com o retrato do autor em extratexto, que julgamos, se encontra por si autografado.
Raro opúsculo publicado na Calheta, S. Jorge, Açores. Trata-se da derradeira obra publicada em vida do poeta, e uma das mais apreciadas.
"Ó minha patria, ó terra pequenina,
Feita de rochas escarpadas, frias;
Rochas que choram lindas armonias,
Almas de fé, numa canção divina...
Vidas que brotam do teu ventre em cantico
Gestos felizes do teu seio de amor...
- Penedos a cantar hinos á Côr,
E a rir do cantochão do velho Atlantico.
Eu sou dos filhos teus triste vergontea
Com sorte crua, a mais amara. Conte-a
A vastidão do Mar em elegias...
Minha ambição, feita de saudade,
Se resume em que eu vá Eternidade
Cantar convosco, ó lêdas penedias."
(Poema II)
João de Matos Bettencourt (1889-1915). “N. Norte Grande,
ilha de S. Jorge, 19.10.1889 - m. Santa Cruz da Graciosa, 1915. Contista e
poeta, foi também autor de artigos em que “ora pende para um pessimismo total,
individual ou quanto ao destino da humanidade, ora vislumbra um mundo novo
futuro, no qual, abolidas diferenças económicas e sociais, a felicidade se
tornasse possível a todos”, palavras de Pedro da Silveira, que o considera “muito
mais lido do que culto, pois, quanto a estudos, não passara da instrução
primária”. Dele diz, todavia, o mesmo Pedro da Silveira, que é autor de “excelentes
versos e trechos poéticos”, embora sejam raras as “composições completas
perfeitas ou à beira de perfeitas encontráveis na sua bibliografia lírica”.
Tendo legado uma obra reduzida e reveladora de influências várias, nem por isso
Rui Galvão de Carvalho deixa de a considerar como de “real valor pela sua
autenticidade e expressão emotiva”. Rebelo de Bettencourt aponta-o como o
primeiro poeta dos Açores a sentir “a necessidade de se criar uma literatura
açoriana, uma literatura ao nosso modo de ser”. Fundou e dirigiu, no ano da sua
morte, a revista de arte Atlântida, “com o propósito (escreve ainda Rebelo de
Bettencourt) de reunir à sua volta todos os escritores açorianos e de revelar o
que nos Açores havia de mais nosso”. Suicidou-se em Santa Cruz da Graciosa, onde exercia a
profissão de telegrafista.
Obras: (1910), A Festa do Santinho: Poemeto para o Povo. Calheta, Ed. Minerva Soares. (1913), De Profundis. Ponta Delgada, ed. do autor [poemas]. (1914), A Minha Terra. Calheta, ed. do autor [poesia regionalista]. (1914), Alma aos Pedaços. Calheta, Tip. F. Bettencourt [contos; surgido, porém, no mercado, a título póstumo]."
(in http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/default.aspx?id=6346)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capa apresenta extenso restauro tosco. Assinatura de posse na f. rosto. Indicação manuscrita a tinta do suicídio do autor na f. anterrosto. Ausência contracapa.
Raro.
25€
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