12 junho, 2015

BETTENCOURT, João de Matos - A MINHA TERRA. Calheta-Sam Jorge, Minerva Soares, 1914. In-8º (19,5cm) de 63, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com o retrato do autor em extratexto, que julgamos, se encontra por si autografado.
Raro opúsculo publicado na Calheta, S. Jorge, Açores. Trata-se da derradeira obra publicada em vida do poeta, e uma das mais apreciadas.

"Ó minha patria, ó terra pequenina,
Feita de rochas escarpadas, frias;
Rochas que choram lindas armonias,
Almas de fé, numa canção divina...

Vidas que brotam do teu ventre em cantico
Gestos felizes do teu seio de amor...
- Penedos a cantar hinos á Côr,
E a rir do cantochão do velho Atlantico.

Eu sou dos filhos teus triste vergontea
Com sorte crua, a mais amara. Conte-a
A vastidão do Mar em elegias...

Minha ambição, feita de saudade,
Se resume em que eu vá Eternidade
Cantar convosco, ó lêdas penedias."

(Poema II)

João de Matos Bettencourt (1889-1915). “N. Norte Grande, ilha de S. Jorge, 19.10.1889 - m. Santa Cruz da Graciosa, 1915. Contista e poeta, foi também autor de artigos em que “ora pende para um pessi­mismo total, individual ou quanto ao destino da humanidade, ora vislumbra um mundo novo futuro, no qual, abolidas diferen­ças económicas e sociais, a felicidade se tornasse possível a todos”, palavras de Pedro da Silveira, que o considera “muito mais lido do que culto, pois, quanto a estudos, não passara da instrução primária”. Dele diz, todavia, o mesmo Pedro da Silveira, que é autor de “excelentes versos e trechos poéticos”, embora sejam raras as “composições completas perfeitas ou à beira de perfeitas encontráveis na sua bibliografia lírica”. Tendo legado uma obra reduzida e reveladora de influências várias, nem por isso Rui Galvão de Carvalho deixa de a considerar como de “real valor pela sua autenticidade e expressão emotiva”. Rebelo de Bettencourt aponta-o como o primeiro poeta dos Açores a sentir “a necessi­dade de se criar uma literatura açoriana, uma literatura ao nosso modo de ser”. Fundou e dirigiu, no ano da sua morte, a revista de arte Atlântida, “com o pro­pósito (escreve ainda Rebelo de Bettencourt) de reunir à sua volta todos os escritores açorianos e de revelar o que nos Açores havia de mais nosso”. Suicidou-se em Santa Cruz da Graciosa, onde exercia a profissão de telegrafista.
Obras: (1910), A Festa do Santinho: Poemeto para o Povo. Calheta, Ed. Minerva Soares. (1913), De Profundis. Ponta Delgada, ed. do autor [poemas]. (1914), A Minha Terra. Calheta, ed. do autor [poesia regionalista]. (1914), Alma aos Pedaços. Calheta, Tip. F. Bettencourt [contos; surgido, porém, no mercado, a título póstumo]."
(in http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/default.aspx?id=6346)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capa apresenta extenso restauro tosco. Assinatura de posse na f. rosto. Indicação manuscrita a tinta do suicídio do autor na f. anterrosto. Ausência contracapa.
Raro.
25€

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