06 junho, 2014

FIGUEIREDO, Fidelino - COMO DIRIGI A BIBLIOTHECA NACIONAL. (Fevereiro de 1918 a Fevereiro de 1919). Lisboa, Livraria Clássica Editora, A. M. Teixeira, 1919. In-8º (22,5cm) de 125, [3] p. ; B.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Escrevo estas breves linhas de introducção ao relatorio da minha direcção da Bibliotheca Nacional no dia em que, pela dissolução do Parlamento, de que fazia parte, se fecha o periodo da minha vida aberto pela revolução de Dezembro, chefiada por Sidonio Paes. [...] Como me desempenhei do cargo de bibliothecario, que o Presidente Sidonio Paes e o Ministro da Instrucção me confiaram, digo-o no presente relatorio, cujo conteúdo esteve para ser exposto na Camara dos Deputados sob a forma mais viva de interpellação a um ministro. Para que essa interpellação se não fizesse, envidaram-se diligencias activas que não excluíram ameaças. O golpe de Estado facilitou a realização do designio dos adversarios da justiça e dos que põem as rivalidades pessoaes e as solidariedades partidarias acimas dos altos interesses o paiz."
(excerto da introdução)
Fidelino de Figueiredo (1889-1967). "Notabilizou-se como professor, historiador e crítico literário, tal como na faceta de ensaísta e de intelectual cosmopolita. Licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas na Faculdade de Letras, em 1910, iniciando a sua vida profissional por se dedicar ao ensino e à vida política nos conturbados tempos que se seguiram à implantação da República. Exerceu vários cargos públicos: funções no Ministério da Educação, director da Biblioteca Nacional e deputado. Fundou e dirigiu a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e a Revista de História (1912-1928). Exilando-se em Madrid em finais da década de 20, por razões políticas, é contratado como professor de Literatura pela Universidade Central. Já na década de 30, depois de regressado a Portugal, celebrizou-se nas actividades de conferencista e professor convidado de Literatura em várias universidades europeias e americanas. Contratado pela recém-criada Universidade de S. Paulo (1938-1951), funda aí e, lodo de seguida, também na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, os Estudos de Literatura Portuguesa, de cujo magistério nasce um dinâmico grupo de discípulos, de entre os quais se contam prestigiados docentes e investigadores (António Soares Amora, Cleonice Berardinelli, Segismundo Spina, Carlos de Assis Pereira, Massaud Moisés, etc.). Além dos vários cursos de graduação e pós-gradução, dirigiu e colaborou activamente na revista de Letras (1938-1954), publicação da referida Univ. de São Paulo. Atingido por incurável e progressiva doença, deixou as funções docentes em S. Paulo, regressando definitivamente a Portugal, à sua casa de Alvalade.
Na área dos Estudos Literários, deixou uma vasta, fecunda e influente obra, nos campos da Crítica Literária e do Ensaio, da História e da Literatura Comparada, bem como da Teoría Literária. O seu grande contributo reside no propósito de contribuir para a profunda modernização teórico-metodológica das disciplinas que integram esta área de conhecimento. Neste domínio, criticou frontalmente os pressupostos teoréticos e os resultados da historiografia de Teófilo Braga, de matriz romântico-positivista. Neste esforço renovador, entre as suas grandes matrizes teóricas, destacam-se três: 1ª) a crítica "científica" francesa de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX; 2ª) o influente pensamento hispanista de Miguel de Unamuno e M. Menéndez y Pelayo); 3ª) a filosofia estética do italiano Benedetto Croce. Foi ainda pioneiro na nova área da Literatura Comparada em Portugal, quer no domínio da sua conceptualização teórica, quer na elaboração de sugestivos estudos de crítica comparativista. Ao mesmo tempo, patenteando um agudo sentido cívico e manifestas preocupações existenciais, dedicou-se a uma contínua reflexão ensaística, de natureza cultural e filosófica, mais acentuada no final da sua vida."
(in http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/fidelino.htm)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
25€

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