21 fevereiro, 2023

VIDA D'EL-REI D. AFFONSO VI.
Com um prefacio por Camillo Castello Branco
. Porto, Livraria Internacional de Ernesto Chardron : Braga, Livraria Internacional de Eugenio Chardron, [1873]. In-8.º (16x12 cm) de XII, 138, [10] p. ; E.
1.ª edição.
Narrativa biográfica anónima de D. Pedro VI (1643-1683), rei de Portugal por morte de seu irmão D. Teodósio, o primeiro filho de D. João IV na linha dinástica. Mais tarde dado seria dado como "física e mentalmente fraco", sendo declarado "incapaz", e deposto por seu irmão mais novo, Pedro, o duque de Beja, que assumiu a regência do reino.
Obra muitíssimo valorizada pelo extenso - e irónico - prefácio de Camilo Castelo Branco.
"Pois que ainda não temos historiadores bem assentuada do, impropriamente dito, reinado de Affonso VI, não se descure nem deixe perder alguma pagina das escriptas por pulso contemporaneo. Escriptores coevos, izemptos de paixão, quem os conheceu? E então, dos d'aquelle periodo, recheado de miserabilissimas villanias, facciosos de Affonso ou de Pedro, não veio algum até nos que mereça inteiro credito. O bispo do Porto, Fernão Correia de Lacerda pagou com a catastrophe a mytra. Falseou o nome como falsweara a honra: anagrammou-se, como se um anagramma descontasse nos gráos da infamia. A anti-catastrophe, de historiador incognito, tem relanços que inspiram crença; mas lá vem outros que a desluzem. O processo de divorcio de Affonso, requerido por sua mulher, esse sim, esclarece abysmos; é facho que nos conduz aos latibulos da corte d'aquella rainha incestuosa; por feitio que o processo diz mais para a historia das torpezas da esposa que das enfermidades do marido. É ella, a amante adultera do trigueiro cunhado, que entra nos tribunaes, empunhando attestados medicos e depoimentos de meretrizes, pelos quaes se demonstra que Affonso era menos viril que o necessario a uma dama que sahira da corte de Luis XIV."
(Excerto do Prefacio)
"Meu amigo, chegaram á minha mão uns cadernos achados em Coimbra em casa de um clerigo, pela occasião de sua morte, e entre elles vinha um muito maltratado, roto e sujo, que tinha por titulo: - Vida de El-Rei D. Affonso 6.º -, e podendo ler poucas paginas d'elle, accrescendo a ociosidade em que vivo, e a veneração que professei ao infante D. Pedro, me vi obrigado a mostrar a justificação que tomou a respeito do rei seu irmão; porém sinto que isto é impraticavel sem fazer menção da incapacidade do mesmo rei. Por tanto vos digo que a violencia do seu governo, e a sua inercia, desculpará o que eu, seguindo a verdade, disser sem attenção á magestade: e assim vereis este rei nascido, baptisado, enfermo, jurado principe e acclamado rei, tomando o sceptro, escolhendo homens indignos para o seu lado; vel-o-heis recluso, deposto em côrtes, casado e descasado, mandado para o castello da ilha Terceira; a conjuração que motivou aquella retirada; recolhido em Cintra; morto de repente n'aquelle palacio, e ultimamente o vereis na sepultura em Belem. Escrevendo novamente a sua vida, justificarei a seu respeito as acções louvaveis do infante D. Pedro, seu irmão."
(Prologo do auctor ao leitor)
"Estando a magestade d'el-rei D. João 4.º nosso senhor, em Evora, cidade, dando de mais perto calor ao seu exercito, que começava a marchar valorosamente contra as armas e terras castelhanas, foi Deus servido das ao nosso Portugal em sexta feira 21 de agosto d'esse anno de 1643, ás sete horas e um quarto da manhã, um novo defensor, como nascimento do serenissimo infante D. Affonso, o primeiro filho que el-rei nosso senhor teve depois de sua feliz acclamação n'este seu hereditario reino."
(Excerto do Cap. I - Nascimento de D. Affonso VI)
Indice:
Prefacio. | Prologo ao leitor. | I - Nascimento de D. Affonso VI. II - Indole de D. Affonso, e como succede na corôa. III - Separa-se D. Affonso para o seu quarto. IV - Como D. Affonso VI entrou no governo. V - Absoluto governo de D. Affonso VI. VI - Casamento de D. Affonso. VII - Exclusão do valido d'el-rei. VIII - Queixas da rainha. IX - Exclusão do secretario de estado. X - Recolhe-se a rainha á Esperança. XI - Prisão d'el-rei. XII - Desiste el-rei de seus reinos. XIII - Annulla-se a el-rei o matrimonio. XIV - é lançado el-rei em prisão á Ilha Terceira. XV - É mudado el-rei para o paço de Cintra. XVI - Morre D. Affonso VI. XVII - Funeral d'el-rei D. Affonso VI, rei de Portugal. XVIII - Conselheiros de estado que havia quando de depôz el-rei D. Affonso VI. | Nota. | A el-rei D. Affonso VI - sextilha anonima.
Bonita encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
50€

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