VIEIRA, Alves - DE ARTILHARIA 1 A CAXIAS. Sentido protesto de uma victima que a demagogia tratou como réu. Guimarães, Edição do Auctor, 1918. In-8.º (19 cm) de 185, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Relato dos "agitados e tormentosos dias"
que tiveram início a 5 de Outubro de 1910, com a implantação da
República, por um religioso jesuíta do Colégio de Campolide,
prisioneiro dos revolucionários.
"Em
5 d'Outubro de 1910, Lisboa presenceiava a dentro de seus muros um
espectaculo jámais visto, e que pela novidade fez pulsar de jubilo e
esperança mais de uma alma de patriota. A cidade como despertada de
longo e pesadissimo lethargo, movimentava-se numa ancia febril, e das
mãos «callejadas» das creanças e.. dos que nada fazem, cahiam alfim as
gargalheiras da ominosa escravidão. Podia-se respirar livremente, agora.
Raiara na rainha do Tejo a aurora brilhante da Republica, que no seu
cofre inexhaurivel trazia riqueza, amor e felicidades para todos... e
para mais alguem.
E
era bello de ver, logo nas primeiras horas da manhã, as creanças em pé
de guerra, trauteando o hymno redemptor e fitando de lagrimas nos olhos
(o caso era triste!) um farrapo verde e encarnado, emquanto que os
cidadãos de pé descalço, pouco teres e muito pouca vergonha, de carabina
a tiracollo, pistola ou espada á cinta, se aventuravam por casas
religiosas e companhias da Guarda Municipal á cata da infallivel
recompensa.
Foi um delirio, aquella triumphal jornada.
Havia
porém nos heroes, quando a multidão da Travessa da Palha e alfurmas
similares os acclamava delirante, uns longes de sombra que inquietavam
as potencias todas de terra e mar. O seu triumpho não fôra completo; o
seu gozo fôra cerceiado pelos abutres: nas horas pavorosas e negras,
quando a fuzilaria recrudescia innocente e inoffensiva, em obediencia ao
programma de comedia que era a «sangrenta» revolução, vós podereis ver,
de batina arregaçada, de olhar furibundo e tragico, uma legião de
Jesuitas encaminhando as hostes monarchicas. Fôram elles, os terriveis
Jesuitas, que puzeram em fuga, na rua Ferreira Borges, os heroes de mar e
terra, que até «por esquecimento» deixaram alli duas peças de
artilharia; elles, que montaram no Pateo do Thorel a artilharia de
Queluz e armaram o braço «ás armas feito», de Paiva Couceiro; elles, que
tomaram em plena Rotunda, a 3 metros dos heroes, duas peças d'estes;
elles, que teriam abortado o movimento, se nessa hora não vem ordem do
Quartel General para cessar fogo."
Indice:
Anteloquio. | Servindo de prologo. | A desforra. | Uma pergunta. | No
nosso Colegio. | Em Artilharia 1. | Os meus companheiros. | Os nossos
guardas. - Como passavamos o tempo. | O tigre. - Noite tragica. | Porque não
fomos fuzilados. | As meretrizes no quartel. - Attentado nefando de um
heroe. | Factos e considerações. | Ordinario, marche! | Em Caxias. | Em
Caxias (continuação). | Confrontando. | Favores do Céu. | Bons amigos e
maus inimigos. | Eis-nos livres!. | Appendice.
Exemplar
brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis, levemente oxidadas.
Raro.
Indisponível
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