1.ª edição.
Capa de Moraes. (Alfredo de Morais (1872-1971)).
Edição original da primeira obra de Reinaldo Ferreira, o popular Repórter X.
"Sob o pseudónimo de «Gil Goes», Reinaldo Ferreira escreveu em 1917 para o jornal O Século
as fictícias cartas que denunciavam um misterioso crime em Campo de
Ourique, Lisboa, dando origem em 1919 à publicação do seu primeiro
livro, «O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho». Esta obra foi também
adaptada ao cinema por José Leitão de Barros, através da empresa
Lusitânia Film, com o título «O Homem dos Olhos Tortos», tendo sido o
primeiro serial português, embora inacabado."
(Fonte: https://alma-lusa.blogs.sapo.pt/letras-lusas-o-misterio-da-rua-saraiva-2109471)
"Ha na rua Saraiva de Carvalho um velho predio com aspecto de antiga moradia fidalga, ha muito deshabitado.
É
um predio apenas de dois pavimentos, rez-do-chão e 1.º andar, fachada
corrida ao longo da rua, de uma grande severidade de linhas, n'um estilo
puramente nacional e a que o estado de abandono em que se encontra
imprime uma nota triste de ruina. Da rua vê-se, atravez os caixilhos
desdentados de vidraça, as janelas permanentemente cerradas e desbotadas
do sol. A herva cresce nos beiraes das portas e tudo está envolto n'uma
atmosfera de silencio, propicio a historias de lobis-homens e almas do
outro mundo. Á direita, um pequeno pateo á moda portugueza tem
comunicação com o interior do predio por uma porte de alpendre. Um alto
muro com largo portão de ferro separa o pateo da rua.
Eram 3 horas da madrugada quando este portão girou lentamente nos gonzos e a ele assomou um vulto, prescutando a rua.
Tão extranha aparição em uma casa que todos consideravam desabitada, não podia passar sem surpreza.
E ainda bem longe de supor o que me estava reservado para essa noite, puz-me a observar atentamente o curioso movimento.
O
vulto desaparecera de novo na escuridão do pateo e uns minutos
decorreram em que no meu espirito, aguçado pela curiosidade, e
formulavam hypoteses ainda ingenuas. Quem seria aquele estranho
personagem? Talvez um namorado que, andava escondendo no misterio das
sombras os seus amores pecaminosos... N'isto, o portão até ali apenas
entreaberto, rolou pesadamente com estalidos ferrugentos para dar
passagem a dois embuçados ajoujados ao peso de um grosso volume que
transportavam. Atraz um terceiro embuçado fechou novamente o portão á
chave indo depois auxiliar os companheiros a segurar no volume, o qual, a
avaliar pela dificuldade do transporte parecia ser extremamente
pesado."
(Excerto do Cap. I - O fardo misterioso)
Reinaldo Ferreira, pseud. Repórtex X
(Lisboa, 1897 - 1935). "Considerado desde cedo como um prodígio
do jornalismo, Reinaldo Ferreira já era reconhecido como repórter
importante aos 20 anos. Viveu e trabalhou na Espanha, na França e na
Bélgica. Diz-se que a sua invulgar imaginação era fortemente
impulsionada pela morfina, vício por si mesmo assumido em 1932 no volume
Memórias de um ex-morfinómano, escrito depois de uma
desintoxicação. Muito cedo deixou que a sua imaginação mistificasse os
leitores, apresentando ficção como realidade. Por exemplo, escreveu uma
reportagem sobre a União Soviética sem nunca lá ter ido, e publicou uma
série de cartas no jornal O Século, sob o pseudónimo Gil Goes,
sobre um crime macabro que teria ocorrido na Rua Saraiva de Carvalho, em
Lisboa. Em 1930, fundou o jornal Repórter X, designação que já
usava como pseudónimo. O jornal granjeou sucesso com grandes tiragens.
Era pois uma conhecida figura no meio jornalístico e literário da época,
tendo sido amigo íntimo de Mário Domingues. Destacou-se também como
produtor e realizador, tendo fundado uma produtora cinematográfica e
dirigido três longas-metragens: O groom do Ritz, O táxi 9297 e Rito ou Rita.
Publicou dezenas de volumes de ficção policial e de aventuras, assim
como folhetos semanais com a mesma temática. Criou várias personagens
marcantes, nomeadamente O mosqueteiro do ar (1933), personagem
que se assemelhava com o Super-homem norte-americano, embora tenha
surgido antes (a primeira banda-desenhada do Super-homem seria apenas
publicada em 1938)."
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)
Bonita encadernação recente em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar
em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos; capa alvo de restauro nos cantos.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível
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