13 dezembro, 2022

NORONHA, Eduardo de - O CONDE DE FARROBO E A SUA EPOCA
. Lisboa, João Romano Torres & C.ª - Editores, [191-]. In-8.º (18,5 cm) de 373, [3] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Biografia romanceada do Conde de Farrobo, conhecido filantropo português do século XIX. Trata-se do 1.º volume da série (em 4 volumes) a si dedicada por E. Noronha.
Livro ilustrado com inúmeros retratos - busto e de corpo inteiro - de Farrobo, seus familiares e a aristocracia da época, incluindo D. Miguel I e seu irmão, o imperador D. Pedro IV, e família.
"- Mais bonito e elegante não ha!
- Que extravagancia!
- Repara, mas repara bem. Quantas belezas apresenta! Tem simultaneamente a pequenez microscopica da cabeça do dedo mindinho de uma criança priveligiada, o lançamento aiteroso da pirueta de uma dançarina, a curva artistica de uma Venus de  Praxiteles, um peito...
- Homem, detem-te...
- Ah! o peito!... Que altura e convexidade! Arredonda-se como uma taça de marfim cinzelada por qualquer incognito artista das extremas da Mongolia, ou antes, como o calix túmido de uma camelia subtilmente rosada, quando nú...
- Onde vais parar?!...
- Ao seu peito... Para depôr lá o mais fervoroso, entusiasta e puro dos osculos.
- Perdeste totalmente o juizo.
- Não perdi. Vê e admira.
Quem proferira estas ultimas palavras, num movimento nervoso, sacudido, tira da algibeira do interior da casaca um feminimo sapato de cetim, que, sem ser o similar do lendario chapim da «Cendrillon» ou da portugueza «Gata Borralheira», merecera do artista que o arquitectara, talvez o percursor da casa Stelpflug, tal soma de cuidados, que das suas mãos saíra um adorno precioso."
(Excerto do Cap. I - Acarinhada reliquia)
Joaquim Pedro Quintela (Conde de Farrobo) (1801-1869). "Não foi uma figura banal do seu tempo e não pode separar-se da história da sumptuosa propriedade que lhe engrandeceu a sua personalidade de artista.
O palácio Farrobo* recebeu de si a divisa «OTIA TUTA», isto é «Toda Prazeres», os prazeres colhidos das manifestações artísticas. Aqui o repouso era absoluto, e as preocupações terrenas diluíam-se no ambiente celestial da arte. Rodeou-se de imensa grandiosidade e organizou sumptuosos festejos, de um viver opulento que deram origem à expressão popular «farrobodó», derivada do seu título nobre. Na sua época foi considerado um grande mecenas sobretudo da arte musical portuguesa e a quem todas as fantasias musicais eram permitidas. Cantor e excelente executante de orquestra, perito em trompa, Farrobo foi ainda presidente da Academia de Música e segundo empresário do Teatro Nacional de S. Carlos, em 1838. A sua gerência tornou-se principalmente notável pelos artistas célebres que contratou, entre os quais se contavam os de maior renome de então. Quando faleceu em 1869, estava à beira da ruína. Perdera uma importante demanda comercial, e nos últimos dias vivia duma pensão do Estado, tendo renunciado ao título.
O empobrecimento do conde de Farrobo determinou a venda dos seus bens em hasta pública."
(Fonte: www.mctes.pt)
*O palácio Farrobo, mais conhecido por palácio das Laranjeiras, está edificado na Quinta com o mesmo nome, em Lisboa, onde se instalou, em 1905, o Jardim Zoológico. É uma construção seiscentista, restaurada e embelezada na primeira metade do século XIX.
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura anterior.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta desgaste evidente nas extremidades.
Invulgar.
15€

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