17 dezembro, 2022

RAPOSO, Hippolyto - LIVRO DE HORAS (1908-1911).
[Escrito por Hippolyto Raposo sendo escolar de Leis na Universidade]
. Coimbra, F. França Amado, Editor, 1913. In-8.º (19,5 cm) de XII, 262, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Pensamentos e reflexões do autor vertidos em crónicas durante o seu período de estudante, em Coimbra.
"Costume é dos mais antigos confessarem os Autores em os prologos de seus livros as causas e razões dos mesmos, para que a vaidade se não atribua o que é de sãos propositos e a Critica dos entendidos mais propenda á benevolencia do que ao rigor.
Assim usam e cuidam aqueles todos que se propõem tratar com escrupulo as mais grave materias, tanto da sciencia divina, como da humana, ainda que para versa-las lhes não faleça o engenho e o conhecimento adequado, em longo estudo e meditação adquirido."
(Excerto do Prologo - Ao leitor curioso)
"A minha engomadeira é uma mulher esperta, risonha e bem falante, com voz docemente cantada que torna a pronúncia de Coimbra a mais bela de Portugal.
Trabalha de manhã à noite, constantemente, e de tempos a tempos um novo filho se lhe vem dependurar do peito, a sorver-lhe a vida, já pobre de tanto desperdício.
Os pequenos, uns loiros, trigueiros outros, sem tipo de família definido, revolteiam pelo chão, resmungando, enquanto ela trata da roupa sobreposta em trouxas.
Tão martirizada de desventura, de fome em tempo de férias que a levavam à necessidade de recorrer ao último extremo do crédito - nunca o desespero a colheu, sempre resignada à espera que outubro chegue...
E são assim quasi todas, confiadas à incerteza do amanhã, como as aves do ceu da parábola que não semeiam e colhem.
A uma ouvi eu dizer que lhe tinham lido a sina em pequena e tudo saíra certo: não havia mais remédio..."
(Excerto de As Engomadeiras)
Taboa:
Epigrafe. | Dedicatoria. | Prologo. | OUTONO: O Mosteiro de Lorvão; Um morto; Lenda de Santa Comba; Canto do cisne. INVERNO: Penedo da Saudade»; Mimi Aguglia; Doutor Calisto; As Engomadeiras. PRIMAVERA: Carta a Alexandre Herculano»; Sobre o namôro coimbrão; O Cavaleiro da Saudade. ESTIO: Um mau começo»; Noivas tiranas; Lámpana Spenta; Juizo Final.
José Hipólito Vaz Raposo (1885-1953). "Mais conhecido por Hipólito Raposo, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi um dos fundadores do movimento político-cultural auto-intitulado Integralismo Lusitano e da revista Nação Portuguesa, órgão do movimento integralista. Também teve colaboração nas revistas "O Occidente" (1878-1915), "Serões" (1901-1911), "A Farça" (1909-1910), "Contemporânea" (1915-1926), "Atlântida" (1915-1920), entre outras. Diretor do periódico "A Monarquia", à frente do qual teve um papel relevante no Pronunciamento Monárquico de Monsanto, ocorrido em 1919. Foi condenado a uma pena de prisão. Cumprida a pena, partiu para Angola (1922-1923), onde exerceu advocacia em Luanda. De regresso a Portugal, continuou a exercer a profissão de advogado e afirmou-se como líder destacado e ideólogo do Integralismo Lusitano. Em 1930 recusou colaborar com a União Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e opôs-se à institucionalização do regime do Estado Novo. Em 1950 foi um dos subscritores do manifesto Portugal restaurado pela Monarquia, uma tentativa de reatualização doutrinária do movimento integralista."
(Fonte: https://archeevo.amap.pt/details?id=16499)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado geral de conservação. Lombada reforçada com fita pelo interior.
Invulgar.
20€

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