CAMPOS, Claudia de - A ESPHINGE. Lisboa, M. Gomes - Editor : Livreiros de Suas Magestades e Altezas, 1897. In-8.º (19,5 cm) de [6], 377, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Romance com epicentro em Lisboa, e que discorre sobre os amores "desencontrados" de Alfredo - o conde de Villar, e Lydia Thorel, filha de um capitalista.
Empresa literária que contrasta com o estilo prático da autora, é, em todo o caso, uma história interessante e bem contada - excelente exemplo do romantismo tardio.
"Tia Evelina, que lhe pareço com este vestido e este penteado? perguntou Lydia Thorel, entrando na pequena sala onde uma senhora de quarenta annos, pouco mais ou menos, franzina, elegante, distincta, vestida simplesmente de escuro e extendida n'uma chaise-longue, se entretinha a lêr.
Ao ouvir esta pergunta, Evelina pousou o livro nos joelhos e ergueu os olhos, ao mesmo tempo que os labios se despregavam n'um sorriso bondoso e alegre, que lhe era peculiar.
- Como estás bonita, minha filha! Pareces mais do que nunca a verdadeira fada loura dos contos que eu te lia em pequenina.
E o cumprimento era merecido. Lydia estava encantadora em todo o frescor dos seus dezeseis annos - aurora incomparavel de ephemera juventude - radiante na sua primeira toilette de baile, em tulle de seda rosa bordada a matriz, casando-se, n'uma deliciosa harmonia de côres, com a pelle de uma alvura lirial, os cabellos de um louro ardente, e os olhos de um azul luminoso; e radiante ainda por se sentir formosa, rica, nova, e ter deante de si a desenrolar-se, em ondas de luz, a Vida."
(Excerto do Cap. I)
Maria Cláudia de Campos Matos (1859-1916). "Conhecida por Cláudia de Campos, nasceu
no dia 28 de janeiro de 1859, em Sines, filha de Francisco António de
Campos e de Maria Augusta Palma de Campos. Teve uma educação esmerada,
da qual fizeram parte as literaturas inglesa e alemã.
Casou aos 16 anos com Joaquim Ornelas e Matos e, após alguns anos de
casamento, estabeleceram-se em Lisboa. A vida conjugal não foi
bem-sucedida, apesar dos dois filhos do casal e, em 1888, Cláudia de
Campos e Joaquim Ornelas e Matos separaram-se judicialmente. A escritora
tornou-se uma mulher autónoma, e iniciou uma nova fase da sua vida.
Após a separação, a escritora publicou a sua primeira obra, a coletânea de contos Rindo
(1892). Foi na última década do século XIX que se concentrou a sua
produção literária e ensaística. Já Coelho Neto (1864-1934), no dealbar
do século XX, em carta dirigida a Garcia Redondo (1854-1916), se lhe
referia nos seguintes termos: «[…] vou escrever sobre ela um artigo na Gazeta.
Não conheço outra mulher que escreva a nossa língua com mais
desembaraço do que essa formosa autora. […] Li os seus livros – e neles
achei encanto e amargura, mel e travo – não são escritos banais, têm
observação e trabalho […]». Da mesma forma, a polaca feminista,
publicista e pacifista, Maria Cheliga-Loevy (1854-1927), cedo afirma
acerca da autora «[…] portuguesa, cuja pátria intelectual é a
Inglaterra, escritora conscienciosa, madame Cláudia de Campos tem,
sobretudo, uma inclinação especial para os trabalhos de crítica.
Jornalista uma vez por outra, nos seus artigos robustos, marcados por um
estilo nítido, claro e preciso, dá testemunho incontestável de um
espírito bem mais solidamente equilibrado do que o possuem bastantes
detratores da mulher».
Além da literatura, teve um papel cívico relevante até se afastar da
ribalta e da vida social. Em 1906 fez parte da direção da Secção
Feminista da Liga Portuguesa da Paz e foi eleita vogal do Comité
Português da agremiação francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes. Vem a falecer em 30 de dezembro de 1916, fora dos grandes holofotes."
(Fonte: http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1217%3Amostra-claudia-de-campos-1859-1916-da-literatura-a-intervencao-civica-25-nov-16-16h30&catid=166%3A2016&Itemid=1235&lang=pt)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Sem capas. Rasgões e falhas de papel nas primeiras folhas e na lombada. Pelo interesse e raridade, justifica encadernar.
Raro.
Indisponível
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