26 julho, 2022

ATHAYDE, Mello e - O COMBATE DA INFANTARIA CONTRA A CAVALLARIA.
[Por]... Tenente de infantaria. Obra premiada no concurso litterario aberto pela Revista d'infantaria em 1905. Lisboa, Typographia Universal, 1906. In-8.º (21,5 cm) de 216 p. ; [1] f. desdob. ; B.
1.ª edição.
Ensaio militar inovador para a época, - conceitos teóricos e estratégicos que, poucos anos mais tarde, a "nova" guerra de trincheiras viria a desmentir.
Estudo ilustrado com uma folha desdobrável em separado contendo 9 figuras esquemáticas.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor, datada de 8-9-906,  ao general César Augusto Kuchembuch dos Prazeres.
"Ainda no principio do seculo passado o marechal Bugeaud, o vencedor de Isly, com toda a auctoridade incontestavel que lhe dava uma competencia evidenciada em numeross acções, escrevia que «o maior perigo que a infantaria tem a vencer são as cargas de cavallaria», as ques considerava «destruidoras se teem bom exito, inteiramente nullas se são repellidas.» Hoje vae-se ao ponto d´affirmar que, «em presença de forças d'infantaria d'alguma impotancia a impotencia da cavallaria é quasi completa.»
Agrada-me em extremo esta ultima affirmação, a mim, como infante; robustece-me na crença do que é o principio de toda a vida do homem e guerra - cada arma deve julgar-se invencivel. Foi a penna auctorisada de Decker que nos deixou affirmado que «cada arma tem, por assim dizer, uma certa religião especial d'invencibilidade, na qual se não deve tocar para a não privar d'um dos seus mais poderosos elementos de victoria...
«... mesmo que a crença na invencibilidade não seja senão um erro a que o soldado se sacrifique, o homem verdadeiramente de guerra respeita-a; só o pedante burocratico se rirá.» [...]
Mas esta crença na nossa invencibilidade, que aliás deve ser apanagio de todas as armas, não nos deve levar por fórma alguma, a nós infantes, a não cuidar da nossa defesa perante os ataques da cavallaria.
Prescrutam os cavalleiros os recursos de que podem lançar mão, para accrescer a acção da sua arma contra a infantaria; teem os infantes, reciprocamente, que se preocupar com a resolução dos melhores meios de defesa contra tão audaz inimigo. E tanto mais, quanto é certo que a cavallaria tem obrigações a cumprir, ainda que com o proprio sacrificio da vida; e sacrificando-se, o cavalleiro tratará de vender a vida pelo preço mais elevado que poder. É assim que na ordenança d'essa arma se lê, que o chefe de qualquer fracção de cavallaria deve «incutir na força do seu commando a idéa de que é difficil resistir a uma cavallaria bem instruida e que carregue com a firme resolução de vencer ou morrer
E depois, embora a acção da cavallaria seja hoje impotente contra a infantaria, é ainda certo que, se a infantaria não tiver juizo, póde ser castigada seriamente por ella."
(Excerto do Cap. I - Cada arma deve julgar-se invencivel)
Indice:
I - Cada arma deve julgar-se invencivel. II - Modo de acção da cavallaria: Carga - Execução da carga; Ponto d'ataque; Approximação; Momento do ataque. III - Defesa da infantaria: Analyse das diversas formações; Quadrados; Da especie de fogo a empregar; Quando deve começar o fogo; Objectivo do fogo e ponto a visar; Regras geraes. IV - Infantaria contra cavallaria defendendo ou atacando artilharia. V - Ataque da cavallaria pela infantaria. VI - Preparação da infantaria para o combate contra a cavallaria: Do methodo a seguir; Exercicios: - Regras geraes; Exemplos: Companhia isolada - A pé firme: A) Em linha; B) Columna de companhia; C) Columna aberta; D) Columna por secções; E) Columna aberta por secções; Em marcha: F) Columna aberta por pelotões de costado ou com maiores intervallos; G) Columna por secções de costado; H) Columna por secções de costado, aberto, ou com maiores intervallos; I) Formação de costado; J) Em marcha de serviço de segurança; K) Formação de combate. VII - Capitulo Novo.
Luís de Melo e Ataíde (1863-1925). "Nasce em Lisboa a 29 de Agosto de 1863. Assentou praça em 24 de Novembro de 1878 (tinha 15 anos), no Regimento de Infantaria 16, tendo sido promovido a alferes a 26 de Dezembro de 1895, a tenente em 22 de Junho de 1900 [in Revista Militar, 1925, Julho-Agosto, nº 7-8], terminando a sua “veneranda” figura no exército português como coronel [ibidem; ver, ainda, jornal A Luz, Junho de 1925]. Serviu na Secretaria da Guerra, comandou tropas e teve a seu cargo, já no fim da carreira, o comando do Regimento de Infantaria da Reserva nº 16. Passou à reserva em 1923."
(Fonte: http://arepublicano.blogspot.com/2020/08/luis-de-melo-e-ataide-1863-1925-nota.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Capas frágeis com pequenos efeitos.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
35€

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