16 julho, 2022

DOCUMENTOS RELATIVOS ÁS OBRAS TOPOGRAFICAS DO SNR. JOSÉ JAMES FORRESTER SOBRE O PAIZ VINHATEIRO DO ALTO-DOURO E O RIO DOURO, mandados publicar, PELA EXM.ª CAMARA MUNICIPAL DA INVICTA CIDADE DO PORTO. Em sessão extraordinaria em 8 d'Abril de 1848. [Porto], Typographia Commercial Portuense, 1848. In-8.º (21,5 cm) de [6], 11, 3 p. ; B.
1.ª edição.
Opúculo com interesse para a história do Douro vinhateiro. Processo político relativo à publicação do mapa Paiz Vinhateiro - trabalho topográfico meritório, avançado para a época, da autoria do proprietário/produtor vinícola, e súbdito inglês estabelecido no Porto, James Forrester (1809-1861).
"Quando Joseph James Forrester chegou a Portugal, em 1831, tudo levava a prever que a sua permanência no país seria efémera. De facto, na conjuntura política e económica da época (apogeu do terror Miguelista, guerra civil, crise no sector do vinho do Porto, etc.) o futuro não se apresentava auspicioso para um jovem de 22 anos que vinha trabalhar para uma casa exportadora do Porto - a Offley, Webber & Forrester - que, tal como muitas outras envolvidas no negócio do vinho do Porto, atravessa então tempos difíceis. Porém, para o jovem idealista que ele era, o pulsar político que percorria o país e tinha no Porto, reduto liberal por excelência, o seu epicentro não poderá ter deixado de se afigurar fascinante e de lhe incutir o desejo de participar activamente no "processo revolucionário em curso". Também a crise que afectava o sector a que se vinha associar deverá ter funcionado como um estimulo para alguém que, como ele, ao longo de toda a vida mostrou ter um espírito combativo e não "baixar os braços" perante qualquer desafio.
Tanto ou mais determinante terá sido, no entanto, a atracção que, desde logo, terão exercido sobre o artista, que ele também era, quer a cidade do Porto, quer, sobretudo, o rio que nela desaguava - o Douro - e a região duriense. Daí que de imediato (ainda em 1831) tenha encetado o trabalho pioneiro de cartografar o rio Douro e o país vinhateiro do Alto Douro, cuja execução o ocuparia por vários anos e iria intercalando com desenhos, pinturas e fotografias de cenas e paisagens portuenses - a Rua Nova dos Ingleses, a feira da Cordoaria, o Porto visto de vários ângulos, o Freixo, a Igreja de S. Nicolau, os conventos da Serra e de Santo António, o Castelo da Figueira, etc. - e de personalidades da vida política e social nacional e local (marquês de Saldanha, José da Silva Passos, Félix Manuel Borges Pinto, Emanuel de Clamouse Browne, etc.). Seria, aliás, por esta sua vertente artística que seria agraciado, em 1855, com o título de barão de Forrester em reconhecimento pela "transcendente utilidade para este pais" da sua obra cartográfica - Carta Geológica das margens do rio Douro, Carta topographica do curso do rio Douro e Mappa do Paiz Vinhateiro do Alto Douro -, «um trabalho primoroso e perfeitamente acabado, rico pela abundância de informação original, (e) pela exactidão e beleza de execução».
"
(
Martins, Conceição Andrade - Forrester, o "país vinhateiro" e o retorno ao velho método de fazer vinho do Porto, ICSUL, 2008)
"Tendo chegado ao conhecimento da Camara Municipal desta Invicta Cidade do Porto, que V. S.ª emprehendêra varias obras relativas ao Rio Douro, e melhoramento de sua navegação, as quaes se achão em grande adiantamento, principalmente um mappa do paiz vinhateiro, - tendo para tão nobres fins feito grandes sacrificios, tanto de seu tempo, como de cabedaes, não e tendo poupado a cousa alguma para que tal mappa seja o mais perfeito possivel, e contenha uma minuciosa descripção de tudo quanto ha naquelle paiz de notavel, além de muitas e diversas exposições instructivas e scientificas em que V. S.ª patentea o seu abalizado talento, transcendente engenho, e o appreço que faz da nossa patria: - Resolveu, em Sessão de 7 do corrente, a mesma Camara, a que tenho a honra de presidir, [...] roga[r] instantemente a V. S.ª que não desista de levar ao cabo tão gloriosa empreza, fazendo publicos seus trabalhos, a que disveladamente se tem dedicado; e se necessario é, a Camara protesta prestar a V. S.ª toda a coadjuvação que estiver ao seu alcance, para se conseguir o desejado fim."
(Excerto de Ao cidadão britannico... por Antonio Vieira de Magalhães, Presidente da CMP)
Matérias:
Ao cidadão britannico, O Snr. Joze James Forrester. | Extracto da acta [da CMP]. | Primeira resposta dada á illustrissima Camara Municipal pelo Snr. Forrester. | Segunda resposta dada á illustrissima Camara. | Ao Sr. Joze James Forrester - Antonio Vieira de Magalhães. | A municipalidade do Porto sobre o Mappa do Rio Douro. | Representação á Camara do Snrs. Deputados da Nação Portugueza, pedindo garantia de propriedade das Plantas do Paiz Vinhateiro, a favor do Cidadão Britanico José James Forrester. | Acta da Vereação extraordinaria da Exm.ª Camara Municipal, para apresentação dos trabalhos topographicos, do cidadão Britannico José James Forrester, sobre o Rio Douro.
Joseph James Forrester (Kingston upon Hull, Inglaterra, 1809 - Cachão da Valeira, São João da Pesqueira, 1861). Foi um empresário inglês radicado em Portugal. James Forrester foi o primeiro barão de Forrester, título que lhe foi concedido por D. Fernando II, em 1855, na condição de regente durante a menoridade de D. Pedro V.
Em 1831 Joseph juntou-se à empresa vinícola de um tio seu no Porto, e iniciou uma reforma no comércio de vinhos. Na sua obra de 1844, Uma palavra ou duas sobre o vinho do Porto, declarou guerra aos que adulteravam o vinho. Também estudou o oídio da vinha causado pelo Oidium tuckeri, desenhou notáveis mapas do vale do Douro (Mapa do Rio Douro). Por este trabalho, foi-lhe concedido o título de Barão, por D. Fernando II, em 1855, regente durante a menoridade de D. Pedro V.
Pintou várias aguarelas, e foi autor de O Douro Português e País Adjacente (1848) e de Prize Essay on Portugal and its Capabilities (1859), pela qual recebeu uma medalha de ouro.
Em 1861, o barco de Forrester virou-se no Cachão da Valeira, sendo arrastado para o fundo por causa do cinto com dinheiro que levava consigo, nunca tendo sido encontrado o seu corpo."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

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