09 agosto, 2021

PIMENTEL, Alberto - FLOR DE MYOSÓTIS : romance original
. Lisboa, Imprensa Moderna, 1886. In-8.º (18,5 cm) de 282, [6] p. ; E.
1.ª edição.
Romance assente em factos históricos, incluindo os personagens que nele participam. A acção decorre no norte do país durante o período da Guerra Civil portuguesa; narra as desinteligências entre as famílias do morgado de Sande e do Creixomil, pentieiro, "pandego avinhado, volteiro em rapiocas e bernardas", e as consequências daí resultantes. Obra muitíssimo interessante, superiormente redigida.
"Ha cincoenta e um annos que foram abolidas em Portugal as ordens religiosas. O governo liberal desalojou os frades, e permittiu ás freiras que fiassem. O ministro que referendou o decreto, Joaquim Antonio de Aguiar, recebeu por esse facto a alcunha do Mata-frades.
O tempo, que não pára nunca, foi dando cabo de tudo, até do ministro, que déra cabo dos frades.
O imperador morrera primeiro.
E os frades foram acabando espalhados pelo fundo das provincias, não longe dos seus conventos, que se secularisaram n'uma garridice hybrida de brazões modernos e de brazileirismos architectonicos, - leões rompentes de marmore sobre os portões e bull-dogs de louça sobre as cornijas.
Durante alguns annos, os benedictinos do norte do paiz poderam ainda juntar-se para celebrar a festa do padroeiro na egreja de S. Bento da Victoria, no Porto. [...]
Dobrados os primeiros vinte annos d'este seculo, estava no mosteiro de Santo Thyrso um frade natural de Guimarães, irmão mais novo do morgado de Sande. Chamava-se frei Antonio de Jesus Maria. O segundo irmão do morgado professara na ordem de S. Jeronymo, e recolhera-se ao convento da Costa, que é hoje propriedade do sr. Custodio Teixeira Pinto Basto, do Porto.
Desde que em Portugal houve conventos, os filhos segundos das casas vinculadas seguiam, ordinariamente, a vida monastica. A casa de Sande era nobre e opulenta, e não se apartou da lei da nobreza observada n'aquelle tempo. [...]
Os de Sande militavam no partido absolutista  com tanto maior ardor quanto fôra o desgosto com que receberam a noticia da revolução liberal de 20."
(Excerto do Cap. I - O desacato ao solar de Sande)
Indice:
I - O desacato ao solar de Sande. II - Projecto de casamento. III - Tio e sobrinho. IV - Romeu e Julieta. V - A entrega da carta. VI - Na romaria do Senhor do Monte. VII - O que se passava no espirito da morgada de Candoso. VIII - A prisão do pentieiro. IX - O frade de Santo Thyrso. X - Revelação de um segredo. XI - Duas mulheres. XII - Reconciliação no leito de morte. XIII - Luctas intimas. XIV - Encontro de duas almas. XV - A morgada do Pico. XVI - Um revoltado. XVII - Pensamentos de um poeta. XVIII - O tedio da posse. XIX - Eva expulsa do paraiso. XX - Louco. XXI - Emfim! | Conclusão.
Alberto Augusto de Almeida Pimentel (Cedofeita, 1849 - Queluz, 1925). "Foi um prolífico escritor portuense da segunda metade do século XIX. Teve uma produção escrita notavelmente extensa, abrangendo uma diversidade de áreas como: romance, poesia, biografias, peças teatrais, obras políticas, estudo de tradições populares, etc., sendo uma das principais características da sua obra retratar os períodos históricos presentes nos seus romances de forma fiel aos costumes, tradições, datas, figuras e acontecimentos marcantes para a história portuguesa."
(Fonte: wikipédia)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em razoável estado geral de conservação. Cansado. F. rosto ostenta carimbo e assinatura de posse. Reforço-restauro com tira de papel nas três primeiras folhas do livro junto ao festo. Sem f. anterrosto(?).
Muito invulgar.
Indisponível

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