13 maio, 2021

GONÇALVES, J. Torcato - A VIOLETA : romance original. Por...
Lisboa, Typ. rua da Vinha, 43, 1869. In-8.º (16 cm) de 463, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso romance ao gosto da época, pejado de intrigas, enganos e desenganos, cuja acção decorre em Lisboa.
História fundada em factos verídicos, como se infere das palavras do autor na dedicatória ao Conde de Fonte Nova, Bento da França Pinto de Oliveira: "A amisade com que me tem honrado, e que muitissimo aprecio, foi o mais forte motivo que me levou a dedicar-lhe este simples e despretensioso livro, que apenas poderá primar pela veracidade dos factos a que me reporto."
Sobre o autor e A Violeta nada foi possível apurar, pois não existem quaisquer referências bio-bibliográficas. A BNP refere um J. Torcato Gonçalves como estando ligado ao semanário O Lisbonense que se publicou entre 1869 e 1870.
"É n'um gabinete d'um segundo andar do Poço dos Negros, mobilado com simplicidade e bom gosto, que tem logar a primeira scena d'este romance.
Habita o referido segundo andar uma senhora, que poderá ter os seus vinte e nove annos; de estatura um pouco elevada, mas verdadeiramente elegante; sua tez de uma alvura perfeita e correcta; seus cabellos louros finissimos e longos; seus olhos castanhos, mui penetrantes e compassivos, revelando sinceridade completa, e pezar profundo; seus labios, em fim, ligeiramente pronunciados, são d'um verdadeiro carmim, e quando se entreabrem, deixam vêr uns dentes que bem parecem perolas do mais subido valor.
Filha de gente de alguns haveres e distincção, casou aos desoito annos, com um official de marinha, mancebo de vinte e cinco annos, a quem consagra todo o seu amor. N'uma viagem, que elle a seu pezar, pouco depois teve de seguir, foi accomettido de nostalgia violenta, e d'uma febre activissima, que lhe causaram a morte, a despeito dos exforços da sciencia, e recursos possiveis na occasião.
Trazida a Lisboa a noticia do fatal successo, a familia do finado, olvidando os deveres mais sagrados, repudiou indignamente a infeliz viuva, já orphã, e sem nenhum ente amigo, a qual, para evitar atterradoras calamidades, e mesmo talvez a miseria, a que as pessoas de nobres sentimentos estão expostas, foi constrangida a fazer-se actriz de um dos nossos theatros, onde breve grangeou as sympathias e applausos do publico conscencioso, e os merecidos encomios  de quasi toda a imprensa."
(Excerto do Cap. I)
Encadernação coeva, inteira de pele, com rótulo carmim e dourados gravados na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito raro.
Indisponível

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