SOCIEDADE PORTUGUEZA DA CRUZ VERMELHA. Relatorios apresentados á Commissão Central sobre os serviços prestados nos dias 14, 15 e 16 de Maio em Lisboa e Porto. Lisboa, Composto e impresso na Tipografia - Casa Portugueza, 1915. In-8.º (21,5 cm) de 51, [1] p. ; [4] f. il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do golpe de 14 de Maio de 1915, que depôs o chefe do Governo, Gen. Pimenta de Castro, levando à demissão do Presidente da República, Manuel de Arriaga, que em Janeiro havia convidado o primeiro para presidir a um governo de unidade nacional.
"A Revolta de 14 de Maio de 1915 foi um golpe de estado em Portugal, liderado por Álvaro de Castro e pelo general Sá Cardoso, que teve como objectivo o derrube do governo presidido pelo general Pimenta de Castro e a reposição da plena vigência da Constituição Portuguesa de 1911. Os revoltosos consideravam que esta constituição estava a ser desrespeitada pelo Presidente da República, Manuel de Arriaga, ao dissolver unilateralmente o Congresso da República, convocando eleições,[carece de fontes] sem que alegadamente tivesse poderes constitucionais para tal acto. O movimento foi vitorioso, levando à substituição do governo pela Junta Constitucional de 1915 e à demissão de Manuel de Arriaga. A revolta constituiu-se na mais violenta manifestação militar em Lisboa no século XX, [carece de fontes] tendo causado pelo menos 200 mortos e cerca de 1000 feridos. Durante a revolta, João Chagas, indigitado para chefe do governo, foi atingido a tiro no Entroncamento, pelo senador João José de Freitas, ficando gravemente ferido e cego de um olho. O agressor foi linchado pela multidão.
A revolta terminou com a intervenção da marinha de guerra espanhola com o envio do couraçado España, e com a correspondente reação da marinha britânica e francesa, que também enviaram contingentes navais para Portugal."
A revolta terminou com a intervenção da marinha de guerra espanhola com o envio do couraçado España, e com a correspondente reação da marinha britânica e francesa, que também enviaram contingentes navais para Portugal."
(Fonte: wikipédia)
A presente obra é composta pelos relatórios elaborados pelos responsáveis da Cruz Vermelha, bem como pela correspondência trocada entre várias personalidades da vida política, militar, médica e social, sobre os acontecimentos.
Livro ilustrado com 4 folhas intercaladas no texto reproduzindo diversas fotos a p.b. de um transporte de feridos no Terreiro do Paço, bem como retratos do pessoal de saúde - médicos e enfermeiras - e um grupo que inclui os Bombeiros Voluntários Lisbonenses.
O relatórios contemplam a avaliação no terreno feita pelas autoridades médicas, bem como os serviços prestados aos feridos na sequência da revolta em Lisboa e no Porto, ao longo dos três dias de confrontos. Inclui os nomes e funções de todo o pessoal de saúde que colaborou no socorro, assim como a identificação e postos dos militares envolvidos, bem como dos civis apanhados no tiroteio, e as circunstâncias que concorreram para a sua recolha.
Documento histórico, raro e muito interessante.
"No Tejo havia tiroteio.
Ás quatro e meia da madrugada é feita do Arsenal de Marinha a primeira chamada de socorro para serem transportados dois feridos.
Como era proximo, immediatamente mandei shir duas macas que em poucos minutos voltaram com os cadaveres do commandante do Cruzador Vasco da Gama, Capitão de Mar e Guerra Snr. Francisco de Assis Camillo e com o Fiel d'artilheria do mesmo navio, 1.º Sargento, Snr. Manuel Alves Lopes.
Verificados os obitos pelo Sr. Dr. Correia Ribeiro foram os dois corpos transportados para a morgue, no automovel de macas.
Em seguida, sem que haja meio possivel de o descrever, começou o Documentofunccionamento permanente dos telephones militer e civil a pedir socorros e a virem ao posto inumeras pessoas com identicos pedidos.
Dos que cahiam feridos proximo do posto, ou eram transportados por particulares ou d'isso havia conhecimento, iam os nossos maqueiros buscal-os. [...]
Eram requisitados socorros de pontos onde se travavam combates, era necessario atravessar linhas de fogo, era necessario arriscar a vida de minuto a minuto para ir entre os que combatiam buscar combatentes que a cada momento cahiam varados pelas ballas contrarias."
(Excerto do Relatório de Lisboa)
"Sendo do dominio publico o breve inicio d'um movimento revolucionario, começaram pela tarde de 13 do corrente a afluir á sede do Posto permanente, os diferentes elementos da ambulancia da Cruz Vermelha.
Pelas 22 horas foi pedido o primeiro socorro para a Praça da Trindade onde se iniciaram os acontecimentos e para onde immediatamente seguiu uma secção de maqueiros com as competentes macas, um enfermeiro e respectivos pensos prestando os seus serviços não só de curativos como de transporte de feridos provenientes de estilhaços de bombas explosivas. [...]
Chegada a madrugada de 14, tomaram grande vulto os boatos de graves acontecimentos que se iriam dar pelo que reunidos os officiaes da Cruz Vermelha foi resolvido pedir uma columna á ambulancia n.º 7 de Gondomar para seguindo para o Porto vir auxiliar os serviços provenientes dos acontecimentos que se iriam dar."
(Excerto do Relatório do Porto)
Matérias:
- Relatorio dos Serviços da Cruz Vermelha, prestados pelas Ambulancias n.os 1 e 2 de Lisboa conjuntamente com os seus alliados Bombeiros Voluntarios Lisbonenses durante a Revolução Constitucional iniciada na madrugada de 14 de Maio de 1915.
- Relatorio dos Serviços da Cruz Vermelha, prestados no Porto pela Ambulancia n.º 5 da mesma cidade conjuntamente com uma columna da Ambulancia n.º 7 de Gondomar durante a Revolução Constitucional iniciada na noite de 13 de Maio de 1915.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos. Mancha de humidade antiga visível nas primeiras folhas do livro.
Raro.
Peça de colecção.
45€
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