LAURIANNA, Duqueza - PARA SER AMADA : conselhos d'uma coquette. Segredos femininos. Lisboa, Parceria A. M. Pereira - Livraria Editora, 1904. In-8.º (17 cm) de 300, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Obra curiosíssima de um autor de culto - Alfredo Gallis - que assina com um dos seus numerosos pseudónimos - Duqueza Laurianna.
"Eis aqui como me acudiu a ideia d'escrever este livro.
Recebi um dia a seguinte carta:
«Minha querida Laurianna
«Estou
desesperada. Anda-me a cabeça á roda, tenho medo d'endoidecer... Se não
vens em meu auxilio sou capaz de tudo... Meu marido engana-me... E com
quem? Quiz sabel-o...
«E
vi-a, essa creatura que me roubou a minha felicidade. Não é bonita.
Direi mesmo que é feia, mais feia do que eu. Tu sabes bem que me não
illudo sobre a minha pessoa.
«Recordo-me
que um dia, ennumerando todos os encantos troçava eu com alguma
amargura das injustiças da natureza, tão prodiga para comtigo, tão
parcimoniosa a meu respeito; e tu disseste-me com a tua graça e a tua
bondade do costume:
-
«Tu és ainda mais injusta coma natureza - não, tu não és feia; e se
quizesses dar-te a esse cuidado, poderias muito bem passar por uma linda
mulher.
- Para quê, respondi eu, meu marido ama-me como sou.
«E tu accrescentaste:
- «Oh! minha querida, é preciso prevêr tudo!"
(Excerto do Prologo)
"Não pômos os monstros fóra do combate.
Ha
rostos irregulares, olhos demasiados pequenos, narizes grossos demais,
testas muito abahuladas, figuras desengraçadas, mãos largas demais,
dedos quadrados; mas todos estes defeitos podem ser attenuados e
desapparecer mesmo, se se possue a arte de pentear, de se vestir, de se
calçar, se, principalmente, se possue o fogo sagrado, a scentelha do
coquettismo, que illumina e transforma os mais feios rostos. Toda a
mulher de espirito que o quizer, póde pois, aspirar a ser uma das nossas
mulheres bonitas. Para attingir esse fim, ha todo um conjuncto de
cuidados, de minucias, que fazem precisamente o objecto d'este livro."
(Excerto de Não ha mulheres feias)
Indice:
Prologo.
| A belleza. | O papel da mulher na humanidade. | Monographia da mulher
bonita. | Não ha mulheres feias.| Hygiene especial para as mulheres
bonitas. | Anemia e nevrose. | Meios preventivos e curativos da anemia e
da nevrose. | Influencia do ar e da luz. | A hygiene do fato. | Hygiene
da alma. | A pelle, a côr. | Segredos da belleza. | As mãos. | O
cabello. | Os olhos. | A bocca. | O nariz. | O pé. | A arte de se
vestir. | A moldura. | Os perfumes. | O espirito e o bom tom. |
Conclusão.
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por
Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do
século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra
e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos
pseudónimos, entre os quais Anthony, Rabelais, Condessa do Til e Katisako
Aragwisa. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e
revistas, entre os quais a Universal,
a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade,
especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das
«fraquezas e aberrações de que eram
possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o
escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes
publicados com o pseudónimo Rabelais.
Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram,
nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante
de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da
História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes
ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal."
Encadernação do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco nas pastas e na lombada.
Exemplar
em bom estado geral de conservação. Manuseado. Pastas cansadas; falha
do revestimento nas extremidades da lombada. Com escritos infantis a
tinta na f. de guarda e na 1.ª p. de texto.
Raro.
Indisponível
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