PAÇO, Tenente Afonso do - GÍRIAS MILITARES PORTUGUESAS. I - Gíria da «Malta». II - Gíria da «Caserna». III - Gíria do «Colégio Militar». [Pelo]... (Da Associação dos Arqueólogos Portugueses). Carta-prefácio de J. L. de Vasconcellos. Porto, Edição de Maranus, 1926. In-8.º (19 cm) de 54, [2] pp. ; B.
1.ª edição.
Importante repositório da gíria militar, com especial incidência para o calão usado pelos soldados portugueses do C. E. P. destacados em França, durante a Grande Guerra.
"Pede-me a minha modesta opinião acêrca do seu livrinho. Dir-lhe hei que deve considerar bem empregado o tempo que dispendeu na colheita e coordenamento dos materiais.
A 1.ª parte, sobretudo, é cheia de novidade.
Ali se vê como o soldado português, nem diante da própria morte perde jamais a veia zombeteira, tão nacional: à valentia, que também tanto o caracteriza, agrega inexgotàvelmente riso e folgança. De que mais se necessita para que a um homem se chame herói? Todo êsse vocabulário é uma pilha de graça, mau grado algumas amargas expressões de natural carácter fúnebre.
Vê-se àlem disso com que facilidade o povo analisa todos os pormenores de uma cousa ou de um facto que o impressiona, e como põe em jôgo a imaginação, para as interpretar. Que lembrança a de dar o nome de caixeiro viajante a uma granada, por ir longe, a de carro do Chora a um obus, por oposto motivo, a de Avenidas novas às trincheuras de comunicação, a de Rídiculos à «ordem» do Quartel General, por causa do perriódico humorístico dêste nome?
Alguns dos exemplos que especifiquei mostram que, longe da pátria, o soldado não se esquece do lar. Outros exemplos são: bacoreira, nome imposto pelas tropas do Alentejo à metralhadora; ceifeira, no mesmo sentido, dado certamente também por elas."
(Excerto do Prefácio)
A trincha, como a Mouraria, a Alfama e os salões aristocráticos, tinha a sua gíria.
A malta falava calão como os fadistas e o mundo elegante de hoje.
A gíria do C. E. P. (Corpo Expedicionário Português) nunca atingiu o desenvolvimento da que falavam o exército francês, inglês, belga, italiano, alemão, etc., já porque éramos em número diminuto - um punhado de homens naquele mar de gente - já porque a nossa comparticipação na guerra foi menos duradoira e não houve tempo de difundir e arraigar aquela linguagem no espírito das nossas tropas nem fixá-la com raízes por tôda a nossa frente. Depois, o calão era quási exclusivo da malta - o menor número - que com êle fustigava os cónegos, cachapins, básicos, etc. Estas três espécies, em permanente contacto com as mademonzelas falavam mais a língua do pas compris.
Todos os povos cultos que entraram na Grande Guerra e mesmo alguns neutros, estudaram o seu calão de trincheira ou de caserna. Entre nós, ou porque a guerra não calasse fundo na alma popular, ou porque entre as classes cultas não despertasse o interêsse a que tinha jus, não mereceu o calão da trincheira algum carinho da parte dos nossos eruditos. [...]
Com o auxílio de camaradas amigos e lendo tôda a literatura da guerra consegui reünir cêrca de 300 termos de gíria, evitando assim que se percam na voragem do olvido"
(Excerto da I Parte - Gíria da «Malta»)
Manuel Afonso do Paço
(Outeiro, Viana do Castelo, 1895-1968). "Foi
tenente-coronel do Exército Português e um dos mais prestigiados
arqueólogos portugueses. Nasceu em 30 de Novembro de 1895 na freguesia
de Outeiro, Viana do Castelo. Tirou o curso do Liceu em Viana do Castelo
e Braga de 1908 a 1915 matriculando-se de seguida no curso de Filologia
Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Porém, em 15
de Maio de 1917 foi incorporado no exército como Aspirante a Oficial
Miliciano. Tomou parte na Batalha do Lys,
em 9 de Abril de 1918, pertencendo já ao 4.º Grupo de Metralhadoras
Pesadas. Foi aprisionado pelo Alemães e libertado em 28 de Dezembro de
1918. Regressou a Portugal em 16 de Janeiro de 1919. De 1919 a 1921
serviu como oficial na Guarda Nacional Republicana tendo sido ajudante
de campo do Coronel Francisco António Baptista e do General Ernesto
Maria Vieira da Rocha. Foi, em 1925, professor provisório no Colégio
Militar (Portugal)
passando de seguida por desempenhar funções como Tesoureiro da
Inspecção do Serviço Telegráfico Militar. Foi ainda Chefe da
Contabilidade do Batalhão de Telegrafistas (Braga). Reformou-se da vida
militar como o posto de tenente-coronel."
(Fonte: wikipédia)
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado conservação.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível
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