12 junho, 2020

SARMENTO, Fr. Francisco de Jesus Maria - HORAS // ANNUAES, // EMPREGADAS // NA LIÇÃO, E MEDITAÇÃO // DA // HISTORIA, E DA DOUTRINA // DAS PRINCIPAES FESTIVIDADES //DE // CHRISTO N. SENHOR, // E DE SUA // SANTISSIMA MÃI, // EXTRAHIDAS // DOS AUTHORES MODERNOS, // que com maior circumspecção, e dilligente // exame tratárão estas materias. // POR // Fr. FRANCISCO DE JESUS MARIA // SARMENTO, // Commissario Visitador da Veneravel Ordem Terceira // do Convento de N. Senhora de Jesus de Lisboa. // [vinheta tipográfica] // LISBOA // NA REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA. // ANNO MDCCLXXVI. // Com Licença da Real Meza Censoria. In-12.º (14,5 cm) de [10], 292, [2] p. ; E.
1.ª edição.
"O Conhecimento da Historia, e a prática da Doutrina dos Mysterios, e Festividades, que nos propõe a Santa Igreja, he, e deve ser sempre o nosso mais digno emprego; por ser na verdade aquelle grande Objecto, que não deve já mais perder de vista, quem quizer ter a devoção sólida, que o Chistianismo pede. E como os dous sagrados Pólos, em que a mesma devoção se funda, são a Fé, e as boas Obras: para avivar as luzes da Fé, serve de grande incentivo a noticia individual dos Mysterios: e para persuadir a prática das boas Obras são poderosos estimulos os virtuosos exemplos, que delles deduzirão, e nos deixárão os Santos. Na ponderação dos Mysterios acha a Fé toda a sua Pureza, e a Religião todo o seu esplendor: e na proposição dos Exemplos encontra a Virtude christã as lições mais efficazes, e o espirito pusillanime os attractivos mais vigorosos.
He bem verdade, que por mais especiosa, e mais brilhante que seja a virtude, não deixa de ter seus vicos de austéra: e o amor, que a sua belleza inspira, facilmente se affrouxa, e muitas vezes se extingue pela occurrencia das difficuldades. Porém o exemplo de hum Deos feito Homem não he mais que bastante para vencer todo, e qualquer impedimento?Não se duvida, que á nossa enferma Natureza se faz sensivel, e duro o padecer pobreza, calumnias, perseguições, injurias, desprezos, e tudo o mais que houver de oneroso, e afflictivo. Mas quem póde nesta parte comparar as suas penas com as do mesmo Salvador? A consideração attenta de hum Homem Deos atormentado, e morto por nosso amor, he remedio efficacissimo para todos os males: E o seu silencio sobre a Cruz faz suspender todo o clamor das nossa impaciencias, e murmurações. [...]

Para persuadirem-se melhor, e mais fundamentalmente estas verdades, se delineou a presente Obra: onde poderá o Christão devoto, e curioso instruir-se abundantemente, do que ha mais digno de saber-se, e praticar-se na Historia, e na Doutrina dos principaes Mysterios, e Festiviades de Jesus Christo nosso Salvador, e de Maria Santissima sua Mãi."
(Excerto do Prologo)
Fr. Francisco de Jesus Maria Sarmento, "natural de Coimbra. Movido das penetrantes vozes do missionário Fr. Manuel de Deus, resolveu se a mudar de estado, professando o instituto da terceira ordem de S. Francisco no convento de Nossa Senhora de Jesus de Lisboa. Desenvolveu grande talento no ministério do púlpito; a sua gravidade, voz clara, composição de gesto, e a eloquência conforme ao gosto da época, o fizeram bem aceito orador nas funções mais solenes e pomposas. Estas qualidades deram causa a que os terceiros seculares o elegessem seu comissario visitador. Foi consultor da bula da cruzada, e examinador das três ordens militares. Ocupou na sua congregação todos os lugares de honra, até ser eleito ministro provincial em 1777. Tudo quanto pôde adquirir por suas composições literárias, e por seus amigos, empregou no serviço do culto divino, deixando no convento de Lisboa riquíssimas peças e alfaias destinadas para o mesmo serviço, e uma boa renda no produto das suas multiplicadas composições, destinado para fundo e subsistência do colégio da sua ordem em Coimbra. Escrevia com grande facilidade, e posto que por vezes experimentasse as censuras dos críticos, prosseguia sempre com imperturbável serenidade de ânimo em seus trabalhos literários, consagrados exclusivamente a obras de devoção, deixando impressos numerosos livros e opúsculos, que o qualificam, quando menos, de escritor laboriosíssimo e aplicado. Morreu no convento de Lisboa em 1790 com 77 anos".
(Inocêncio, II, 394)
Encadernação coeva inteira de pele com cercadura dourada nas pastas e ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação, com excepção das últimas páginas que apresentam trabalho de traça, à cabeça, sem no entanto atingirem o texto. Com falha de pele na junção com a pasta posterior.
Raro.
30€

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