FERREIRA, Izidoro Sabino - MEMORIAS DO ACTOR IZIDORO. Escriptas por elle mesmo precedidas do retrato do auctor e de uma carta do Ex.ᵐᵒ Sr. F. Palha. Lisboa, Imprensa de J. G. de Sousa Neves, 1876. In-8.º (18,5 cm) de 172, [4] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Biografia do actor Isidoro, um dos nomes mais marcantes do teatro nacional no
século XIX. Terminadas em Novembro de 1875, as suas Memórias foram publicadas em 1876, pouco
antes do seu falecimento.
Livro muito valorizado com o retrato do autor extratexto, dado que raramente acompanha a obra.
Contém
um apontamento biográfico da autoria de Júlio César Machado transcrito de uma
obra por ele publicada em 1859, e que merece alguns comentários de
Isidoro ao longo do texto.
"É difficil escrever uma carta analysando o seu livro.
Eu não sou a Critica,
louvado Deus; e que o fosse, não me parece que ella tenha muito que
fazer com um trabalho despido de pretensões, fructo de algumas horas de
ocio, recordações ao correr da penna d'alguns factos da sua vida de
artista, quasi collecção de anecdotas contadas ao publico com a
semcerimonia de quem esta habituado a tratal-o familiarmente.
Para
mim teem essas paginas, além do merecimento de haverem sido escriptas
por um actor portuguez, o de me avivarem a doce memoria dos saudosos
tempos que não voltam! A todas estas seducções accresce a sympathia que
me desperta sempre a coragem de qualquer tentativa n'este paiz de má
lingua e das senhoras visinhas. Não me acoime de iberico por este beliscão dado na querida patria nossa."
(Excerto da Carta de Francisco Palha)
Isidoro Sabino Ferreira
(1828-1876). Categorizado actor português da segunda metade do século
XIX. Nasceu em Lisboa. De origens humildes, teve uma infância difícil.
Ambicioso e trabalhador, subiu a pulso na carreira teatral, actuando nos
principais palcos da capital. No início, a fim de contribuir para a
economia doméstica, emprega-se como aprendiz de tecelão numa
fábrica em Xabregas. "Mais tarde, a paixão de Isidoro pelo teatro e o
seu talento mudaram a sua vida. Após uma breve passagem como figurante
no Teatro Nacional, o tecelão iniciou a carreira como actor profissional
no Teatro do Salitre, e integrado numa sociedade de actores, trocando
definitivamente o tear pelo palco. Em 1863, é contratado pelo Teatro
Nacional, chegando mesmo a ser classificado pelo Conselho Dramático como
artista de primeira. Isidoro era um homem empreendedor, cheio de força,
a par de um enorme talento, reconhecido pela crítica, pelo público e
pelos seus pares, o que lhe valeria, em 1875, as insígnias de «cavaleiro
da antiga, nobilíssima e esclarecida ordem de S. Tiago de mérito
científico, literário e artístico». E não se pense que ele era apenas um
grande ator cómico. Isidoro era capaz de ir do drama à alta comédia,
passando pela farsa e pela tragédia, sempre com a mesma classe,
aplaudido pela sua personalidade e não pelos seus bonitos olhos ou por
ter um palminho de cara engraçado. Aliás, ele tinha dois grandes olhos
num rosto de feições vulgares, mas pouco belas! Tinha, porém, a seu
favor um ar jovial, risonho, patusco, que despertava empatias por onde
passava." [Faleceu relativamente jovem, em 1876,
pouco depois da publicação da presente obra.].
(Fonte: jornalaudiencia.pt)
Exemplar brochado em
bom estado geral de conservação. Capa suja com defeitos, e pequeno restauro no canto superior direito.
Raro.
Indisponível
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