ABOUT, Edmond - O HOMEM DA ORELHA QUEBRADA. Tradução e prefácio de José Maria Gaspar. [S.l.], Coimbra Editora, [1945]. In-8.º (19 cm) de 253, [3] p. ; B.
Obra de ficção científica, originalmente publicada em França (1862), da autoria de Edmond François Valentin About (Dieuze, 1828 - Paris, 1885), romancista, dramaturgo, crítico e jornalista, membro da Academia Francesa.
Sinopse: Em 1859, Renault, engenheiro de minas, regressa a Fontainebleau após três anos de serviço na Rússia.
Na bagagem traz a múmia do coronel Pierre-Victor Fougas, um prisioneiro de guerra, suspeito de espionagem, cujo corpo foi embalsamado quarenta anos antes por
um prussiano, o professor Meiser, que defende uma teoria revolucionária: como nas células animais, ao remover a água de um
corpo, ele ficará estável, mas intacto, sendo suficiente reidratá-lo para ressuscitar o indivíduo.
"A presente obra de Edmundo Francisco Valentim About teve no seu tempo uma ponderável intenção construtiva cuja projecção conserva actualidade ainda em nossos dias. [...]
O orgulhoso cientismo do século XIX não manteve sempre e em todos os campos aquêle mínimo de serenidade científica indispensável à resolução séria de determinados problemas. [...] A ciência do aufclärung pretendeu explicar tudo e dominar todos os fenómenos, com os recursos inéditos da técnica incipiente. A reacção de About, ainda frouxa, teve mérito pela oportuna e corajosa prioridade e por exprimir uma notável visão de conseqüências ainda no meio evolutivo das causas. [...]
"O homem da orelha quebrada" tem o seu maior valor na despreocupada malícia de um entrecho curioso e constantemente interessante. Não deixam de valorizá-lo as tácticas ou explícitas conclusões sensatas sôbre os limites da ciência."
(Excerto do Prefácio do tradutor)
"Minhas Senhoras, começou Leão, o professor Meiser não era um malfeitor vulgar, mas um homem dedicado à ciência e à humanidade. Se matou o coronel francês, que neste momento repousa sob as abas do meu capote, foi primeiramente com intenção de conservar-lhe a vida e em seguida para fazer luz sôbre uma questão que a cada um de nós interessa ao mais alto ponto.
"A duração da nossa existência é extraordinàriamente fugaz. É facto averiguado e que nenhum homem se atreveria a contestar. Basta pensar que dentro de 100 anos nenhuma das nove ou dez pessoas que nesta casa se encontram reunidas viverá à superfície da terra! Não acham que é uma perspectiva desoladora?"
(Excerto do Cap. III, O crime do ilustre professor Meiser)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Dedicatória de oferta na f. anterrosto.
Invulgar.
20€
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