16 junho, 2020

MANUAL DO SOLDADO PORTUGUEZ [CATHOLICO]. Adoptado pela Comissão Central da Assistencia Religiosa em Campanha. Lisboa, Comp. e imp. na Typ. do Annuario Commercial, 1918 [na capa, 1917]. In-16.º (12,5 cm) de [4], 308, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Manuel religioso distribuído às tropas do C. E. P., em França.
Ilustrado no texto com bonitas vinhetas tipográficas representando as 14 estações da Via Sacra, e uma outra de Cristo crucificado.
Com uma folha recortável no início: "A minha vontade em caso de doença, ferimento, ou morte", onde o proprietário do livro declara que pertence à Religião Catholica, e pretende ter a visita do Padre catholico no hospital, e todos os socorros do seu ministerio, por acidente ou doença grave, bem como, as orações e funeral religioso em caso de morte.
Contém um capítulo dedicado exclusivamente aos cânticos religiosos, incluindo as respectivas partituras.
"Apesar da separação entre Igreja e Estado, explicada anteriormente, a população portuguesa continuava a contar com um número bastante elevado de pessoas com convicções religiosas, com predomínio dos católicos. As autoridades eclesiásticas preocuparam-se, desde o início do conflito com a assistência religiosa às tropas que fossem enviadas para campanha. Esta preocupação estava mais direcionada para os militares que eventualmente viessem a ser envolvidos em combates no território europeu. [...]

Foi criada a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha, que funcionava na sede do Patriarcado de Lisboa. Este organismo coordenava a recepção de todos os donativos e o seu encaminhamento para as tropas em França. [...]
Como se processou a atuação dos capelães na frente? Nos primeiros tempos foi muito complicada, uma vez que eram vistos com desconfiança. Apenas estavam autorizados a prestar assistência quando a mesma fosse solicitada. À chegada a Aire sur la Lys, primeira sede do Quartel-general português, os capelães colocaram à porta da igreja informação sobre o horário das celebrações. Apenas estavam a fazer algo semelhante ao que viam os ingleses fazer. O comandante do CEP recebeu logo um telegrama do governo a informar que eram proibidos atos de propaganda religiosa e que os prevaricadores deveriam ser repatriados.
Os funerais de militares eram momentos em que as palavras dos capelães eram escutadas com atenção por livres-pensadores. Muitas vezes as exortações dos padres eram consideradas como ações de propaganda. Uma circular de 13 de julho de 1917, assinada pelo Chefe do Estado-Maior do CEP, colocava diversas restrições aos movimentos dos capelães, definindo que os mesmos deveriam permanecer junto do comando superior deslocando-se até às tropas apenas quando a sua presença fosse solicitada. Esta circular provocou mal-estar entre os capelães, uma vez que os impedia de estar junto das tropas, no dia-a-dia. No entanto, a sua reação foi de acatarem as determinações da ordem de serviço, evitando assim que a sua presença no CEP fosse posta em causa.
Outra situação que revela bem os obstáculos colocados à ação dos capelães foi a proibição de envio de determinados livros, oferecidos pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha. Uma ordem dos Serviços Postais Militares determinava o seguinte:
Ordem Serviço SPM, nº 49, de 27 de Agosto de 1917,

Por ordem de Sua Ex.ª o General [Tamagnini de Abreu], em virtude do determinado por sua Ex.ª o Ministro da Guerra [Norton de Matos], as forças que fazem parte do CEP não podem receber os seguintes livros: "O livro do Soldado Português", pelo Padre José Lourenço de Matos; O "Manual do Soldado Português", adotado pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha.
Porque o primeiro contém doutrina contra as Instituições vigentes e à Constituição Política da República e o segundo porque o seu título quase indica que todos os soldados portugueses são católicos o que não é verdade. V.Ex.ª aprenderá e remeterá a esta secretaria [Quartel-general do CEP] todos os exemplares que aí deem entrada.
Pelo menos em relação a um dos livros, O Manual do Soldado Português, a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha encontrou uma solução. Alterou o título para O Manual do Soldado Português Católico. Nos livros já impressos, colocava-se um carimbo com a palavra acrescentada."
(Fonte: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/13_Canas.pdf)
Índice:

Conselhos aos soldados. I - Orações e Ritual. II - Extractos do Novo Testamento. III - Resumo da doutrina christã. IV - Canticos.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário