11 outubro, 2019

LODY, George - A LEGIÃO MALDITA : romance. Versão livre de João Amaral Júnior. Dramas da Espionagem. As aventuras dos mais célebres espiões internacionais. Lisboa, João Romano Torres & C.ª, [193-]. In-8.º (21 cm) de 339, [1] p. ; il. ; B. Colecção Dramas da Espionagem ,I
1.ª edição.

Curioso romance sobre a espionagem durante a Grande Guerra. Obra da autoria de João Amaral Júnior, o 'tradutor', que assina com o pseudónimo George Lody.
Livro ilustrado na capa, e ao longo do texto com 14 belíssimas estampas (9 das quais em página inteira) por Ramos Ribeiro.

"O escândalo estalou, essa manhã, em Paris...
...Os telefones retiniam; um vasto rumôr de emoção rápidamente alastrou de boca em boca...
Mata-Hari, a célebre bailarina de corpo divinal e olhos de magia, a misteriosa mulher que adotára um nome simbólico - Sol - pois ésta é a significação das palavras Mata e Hari na poetica linguagem dos povos orientais da Malasia: - a mulher que exibindo-se nos palcos de todas as grandes capitais europeias vinha deslumbrando o mundo com a euritmia perversa  da sua da sua dansa ao mesmo tempo voluptuosa e sagrada, acabava de ser preza, ás 7 horas dessa manhã, nos seus aposentos sôb a acusação de fazer espionagem contra a França!
Estava-se a 13 de Fevereiro de 1917. E breve se viu que o rumôr levantado não era o de um méro boato. A notícia confirmava-se."
(Excerto do Cap. I, A captura de Mata-Hari)
João dos Santos Amaral Júnior (Lisboa, 1899 - ?). "Tal como Guedes do Amorim e Rocha Martins, não concluiu qualquer curso superior, sendo exemplo de mais um autodidacta de sucesso que colaborou com a Romano Torres. Estreou-se antes dos 20 anos com o romance A ladra (1920), seguindo-se em 1923 novo romance intitulado Direito de viver com prefácio de Manuel Ribeiro. O Dicionário Universal de Literatura atribui ao bom acolhimento que teve destas primeiras obras o impulso que o levou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Embora não tivesse sido jornalista, colaborou enquanto crítico literário com o jornal A República e dirigiu o quinzenário Novidades Literárias.
Curiosamente, o Dicionário Universal de Literatura aponta o seu pseudónimo George Lody como sendo autor da «tradução livre» de alguns escritores estrangeiros, indicando como exemplos disso mesmo as obras Legião maldita, Rússia negra, Sentinelas dos mares, Braseiro ardente, Soldado da sombra e Espiões da Paz. Há clara confusão, visto que é o próprio João Amaral Júnior que se apresenta como tradutor de um alegado autor francês de nome George Lody, afinal seu pseudónimo. Este caso foi desconstruído por Maria de Lin Sousa Moniz no seu ensaio «A case of pseudotranslation in the Portuguese literary system». No entanto, o verbete do Dicionário Universal de Literatura, publicado em 1940, serve de exemplo para a confusão que à época havia relativamente à pseudotradução (Amaral Júnior não foi o único na Romano Torres, veja-se os casos de Guedes de Amorim e José Rosado).
A colaboração de Amaral Júnior na Romano Torres foi intensa, quer como autor, quer como tradutor. Para além de ter escrito os seis romances já referidos sob o pseudónimo de George Lody, que constituíram a colecção «Dramas de espionagem: as aventuras dos mais célebres espiões internacionais», escreveu também sob o pseudónimo de Fernando Ralph o livro O golpe alemão (1936), e no seu próprio nome Minha mulher vai casar (s.d.), O nosso amor não é pecado (s.d.), A mulher que jurou não ser minha (1936), etc. Enquanto tradutor, dedicou-se especialmente a Max du Veuzit e Claude Jauniére. Não se conseguiu apurar a data ou o local da sua morte."
(Fonte: fcsh.unl.pt/chc/romanotorres/?page_id=63#G)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. No interior, a página 51 encontra-se rasgada, conservando no entanto o pedaço.
Invulgar.
Indisponível

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