06 outubro, 2019

QUEIROZ (Bento Moreno), Teixeira de -  A NOSSA GENTE. Por... Comedia do Campo (scenas do Minho). Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira (Livraria-editora), 1900. In-8.º (18,5 cm) de [4], 248, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Colecção de pequenas novelas campestres de cunho naturalista.
Edição original do sexto volume da série «Comédia do Campo».
"Era adoravel no berço pela sua tranquillidade feliz: esse primeiro anno de existencia passou-o a mammar e a dormir, deixando de ammar para dormir, e interrnpendo o dormir só para mammar. Nos curtos intervallos d'estas occupações sérias mostrava pouca vivacidade de caracter: para tudo e para todos olhava com tal incomprehensão, que se julgou que fosse doente, ou de somenos intelligencia. Pouco mais do que a planta que vegéta apegada á terra, e que só estima terra que a nutre; pois o unico apego ou affeição manifestado n'este primeiro periodo de vida, foi pela ama, a Antonia, mulher do caseiro, e desdenhava os afagos da mãe verdadeira, preferindo-lhe os d'aquella que a sustenttava de leite. A boa creatura ufanava-se com isto e no intimo julgava-se com melhor parte na maternidade de Margarida do que a propria D. Claudina, que a déra á luz. Este ciume levou-a a dizer ao seu homem, que mais queria aquella menina que ao seu Zé, cuja creação entregara a uma irmã, para tomar conta da filha dos patrões, como estava assente e ajustado que fosse, mesmo antes dos dois partos."
(Excerto de Santa Margarida)
Indice:
Santa Margarida. | Pastoral. | Fogo do Céu. | Voltou. | Cresce o Mar. | O Gamarrão. | O Calvario do Amor.
Francisco Teixeira de Queiroz (Arcos de Valdevez, 1848 - Sintra, 1919). “Romancista e contista, Francisco Teixeira de Queirós licenciou-se em Medicina, tendo ocupado diversos cargos públicos, entre os quais o de deputado, de vereador da Câmara Municipal de Lisboa e de ministro dos Negócios Estrangeiros, neste caso em 1915. Chegou a ser presidente da Academia das Ciências de Lisboa. Fundou em 1880, com Magalhães Lima, Gomes Leal e outros, o jornal «O Século», tendo também colaborado nos periódicos «O Ocidente», «Revista de Portugal», «Revista Literária», «Arte & Vida», «Ilustração Portuguesa», «A Vanguarda» e «A Luta», entre outros. Em 1876, publicou o seu primeiro romance, «Amor Divino», com o pseudónimo de Bento Moreno, que viria a usar em outros livros. A sua vasta obra está repartida em dois grupos: «Comédia de Campo» e «Comédia Burguesa», imitando assim a «Comédie Humaine», de Balzac, um dos seus mentores. Durante cerca de 40 anos, reformulou o seu plano e a sua doutrinação literária sobre o romance, procurando incansavelmente aplicar o seu programa realista-naturalista de base científica. Cultivou uma escrita de feição realista, fazendo uma crítica constante à alta sociedade lisboeta, evidenciando os seus costumes, os seus modos de agir e de estar perante a sociedade portuguesa em geral. Em algumas das suas obras, por outro lado, retrata de uma forma carinhosa e saudosa os seus tempos de infância, vividos na quietude da sua terra natal.”
Encadernação do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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