19 outubro, 2019

PIRES, José Cardoso - DINOSSAURO EXCELENTISSIMO. Ilustrado por João Abel Manta. [Lisboa,], Arcádia, 1972. In-4.º (24,5 cm) de 93, [3] p. ; [21] f. il. ; E.
1.ª edição.
Edição original desta obra polémica, satírica, publicada pouco tempo após a morte de Salazar, em pleno período de governo Marcelista.
Impressa em papel encorpado, ilustrada com belíssimas gravuras de João Abel Manta (21), bem como a capa, que também é de sua autoria.
"Dinossauro Excelentíssimo é uma fábula satírica de José Cardoso Pires que retrata a vida de Salazar, a sua ditadura e o Portugal do Estado Novo num tom bastante irónico e amargurado. Carlos Reis designa a fábula de "relato violentamente satírico sobre a figura de Salazar" (verbete José Cardoso Pires, in Biblos, vol. 2, 213).
O livro foi editado pela primeira vez em 1972 pela Editora Arcádia, com ilustrações e capa de João Abel Manta. Embora datado de "Natal de 69 e Março de 71", o autor afirmou em entrevista a Artur Portela Filho, tê-la escrito em 1970. Nesta época José Cardoso Pires encontrava-se em Londres no King's College de Londres a leccionar Literatura Portuguesa e Brasileira. Mais tarde passou a estar incluído nas colectâneas de contos O Burro-em-Pé (1979) e A República dos Corvos (1988). Na referida entrevista, José Cardoso Pires descreve as circunstâncias que permitiram a publicação do livro e lhe deram notoriedade: numa discussão na Assembleia Nacional sobre a liberdade de imprensa, um deputado ultrafascista, Casal Ribeiro, em discussão com Miller Guerra, quis demonstrar a existência de liberdade dando como exemplo a publicação de Dinossauro Excelentíssimo. Depois disso já não seria possível à censura retirar o livro das livrarias nem a PIDE poderia perseguir o seu autor."
(Fonte: wikipédia)
"Supõe-se, está vagamente escrito, que esse imperador veio realmente do nada. Que nasceu algures numa choupana, filho de gente-nada ou pouca-coisa, camponeses ao desabrigo. Que muito possivelmente estudou por cartilhas de aldeia; por catecismos também. Mais: a acreditar nos compêndios das escolas, teria vindo ao mundo iluminado por Deus - e tanto assim que, ainda muito mocinho, fez ciência entre os doutores.
Nessa altura chamava-se Francisco ou Vitorino; Adolfo, talvez Adolfo Hirto; ou Benito Marcolino, Zé Fulgêncio, Sebastião Desejado - não interessa. O que interessa é que quando deram por ele já tinha outro nome: Imperador. Dinossaurus Um, Imperador e Mestre."
(Excerto da Parte Primeira, O homem que veio do nada)
José Cardoso Pires (1925-1998). "Foi jornalista, tendo colaborado em vários jornais e revistas. Iniciou a sua atividade como escritor publicando, em 1949, o livro Os Caminheiros e Outros Contos. Depois seguiram-se, até 1997, ano em que publicou a sua última obra – Lisboa, Livro de Bordo – mais 17 livros, distribuídos por diversos géneros literários – conto, romance, crónica, ensaio, teatro. A sua obra literária não é redutível a uma escola literária definida. Ela coloca-se entre o surrealismo, o neorrealismo, e sofre uma forte influência da linguagem cinematográfica, bem como de alguns escritores norte-americanos, nomeadamente Ernest Hemingway. As suas obras valeram-lhe vários importantes prémios literários nacionais e internacionais, nomeadamente o Prémio da União Latina, o Prémio Dom Dinis, o Grande Prémio APE, o Prémio Pessoa, entre outros. Várias das suas obras foram traduzidas para outras línguas e adaptadas ao cinema e ao teatro. José Cardoso Pires morreu em Lisboa em outubro de 1998, com 73 anos de idade."
(Fonte: https://www.estantedelivros.com/2017/01/novidade-leyartp-dinossauro-excelentissimo-de-jose-cardoso-pires.html)
Encadernação em tela com ferros gravados a ouro na lombada, revestida por sobrecapa policromada.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. guarda.
Invulgar.
35€

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