20 abril, 2019

PINTO, José Nuno Pereira - ALVARENGA E O MOTIM DE 1942. [Prefácio de Fernando Dacosta]. Arouca, Associação de Defesa do Património Arouquense, 2008. In-4.º (24cm) de 252 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do Estado Novo: A extracção e fornecimento de volfrâmio às potências contendoras durante a 2.ª Guerra Mundial, e a revolta dos arouquenses - naturais da zona de extracção do minério - contra os abusos discricionários da polícia política.
Ilustrado no texto com fotografias a cores, e em página inteira com reprodução de processos criminais e fac-símiles de relatórios da PVDE.
Tiragem: 650 exemplares.
"Desconhecida do grande público, a revolta dos habitantes de Alvarenga contra a polícia política de então, por causa do controlo do volfrâmio - estava-se em 1942, em plena guerra mundial -, constitui, pela singularidade e inedetismo contidos, um episódio marcante no Estado Novo. [...]
Detentor, sobretudo no nordeste, de férteis jazidas de volfrâmio, algumas a céu aberto, o País encontrou na sua comercialização uma inesperada "árvore das patacas".
A neutralidade conseguida por Salazar levou os dois beligerantes centrais (Grã-Bretanha e Alemanha) a encontrarem na importação do minério em causa um elemento decisivo para as respectivas indústrias armamentistas.
Como consequência o seu preço disparou fazendo, de um dia para o outro, inúmeros portugueses (rurais, comerciantes, exportadores, contrabandistas) multimilionários. Por outro lado, permitiu ao Estado arrecadar toneladas de barras de ouro enviadas por Hitler para Lisboa através da banca suíça, e receber assíduas benesses de Churchill.
A acção do presente livro situa-se nesse contexto, revelando as manobras das autoridades, as trapaças dos intermediários e a cupidez instalada no sector. [...]
A ira dos populares revoltosos contra a intervenção das autoridades e os subterfúgios destas, com diversos agentes encurralados na zona, criam dinâmicas que José Nuno Pereira Pinto capta e transmite com excepcional apuro estilístico.
"Foi caso único na história", destaca o escritor, "de tão terrível, quão treinada e poderosa polícia: serem confrontados e postos em fuga por um povo amotinado". O revés dos antecessores da PIDE desencadeou, com efeito, reacções brutais. A vingança sobre os cabecilhas detidos e condenados tornou-se verdadeiramente "abominável".
A incompetência, a selvajaria reveladas por vários agentes levaria, aliás, que instâncias superiores determinassem a expulsão de alguns dos seus quadros.
Salazar intervém e ordena, por telegrama pessoal enviado à delegação do Porto da PVDE, que fica estarrecida, a libertação de um dos detidos. Meses depois, no Verão de 1943, o presidente do Conselho assina uma amnistia a favor dos inculpados na revolta contra a polícia política - o que surpreende e desconcerta todos os que têm conhecimento do facto.
A vida extravagante dos recém enriquecidos com o volfrâmio (havia que acendesse em público charutos com notas de mil escudos - uma pequena fortuna!) ultrapassa a natureza da ficção, não parecendo conter limites para o bom senso."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
[Prefácio]. // - Breve notícia Histórico-Geográfica. - Breve conspecto social de Alvarenga, entre 1939-1942. - Os preparativos da alegada venda do volfrâmio. - Os acontecimentos de nove e dez de Maio de 1942. - Os relatórios dos agentes da P.V.D.E., relativos aos acontecimentos de 9 de Maio de 1942. - O dia 10 de Maio, na perspectiva dos agentes. - Os depoimentos dos detidos. - Os salvo-condutos. - O minério levado para Cabril. - O relatório final do chefe Júlio Almeida. - Os maus-tratos infligidos aos presos. - Das diligências e intervenções perante o poder político, com vista à libertação dos Presos. -Os fugitivos. - A libertação dos presos e julgamento de alguns deles. - O processo de infracção fiscal. - Repercussão do Motim nos meios de comunicação de então. - A fuga e o processo judicial de Manuel Noronha Tavares. // Anexo I; II; III; IV; V; VI; V; VI; VII. // Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

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