CASTELLO BRANCO, Camillo - O SENHOR DO PAÇO DE NINÃES. Lisboa, Livraria de Campos Junior - Editor, [1867]. In-8.º (18,5x12 cm) de [4], 261, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção decorre no Minho, e se prolonga pelo último quartel do século XVI/primeiro do século XVII, sendo esta uma das mais conhecidas e estimadas obras do grande prosador de S. Miguel de Seide.
Trata-se de um exemplar da primeira edição, variante "Campos Júnior".
"Esta novela foi pela primeira vez publicada em 1867, primeiro sob a
forma de folhetins no jornal O Commercio do Porto e, mais tarde, em
livro, por uma editora portuense. Para o seu enredo, Camilo baseou-se
num documento histórico, o rol dos fidalgos cativos em Alcácer Quibir e
numa laje funerária, existente na Igreja paroquial de Landim, no Minho. A
paixão de Camilo pela História e pelo facto concreto revela-se no
texto: na eleição da época da acção, na selecção dos episódios evocados e
na interpretação que suscitam, na presença, mais ou menos directa, de
determinados passos das fontes escolhidas e na natureza dos comentários
críticos a propósito deles tecidos, afinal, da imagem de Portugal
entretecida na obra."
(Fonte: Wook)
"Estamos no Minho, o leitor e eu.
Chegamos á «Portella», uma legua andada de Villa Nova de Famalicão, na estrada de Guimarães. Deixada a estrada, entremos n'umas brenhas de arvores, por atalho tortuoso com o seu docel de carvalheiras e festões de vides enroscadas n'ellas. Andou o leitor um kilometro em vinte minutos, se não parou algumas vezes a respirar o acre saudavel das bouças, e a ver o pullular dos milharaes e a ouvir as toadas das seareiras que cantam. [...]
Andados, pois, mil passos na quebrada da ramalhosa encosta, nos sahe de rosto uma casa de dous sobrados, caiada, azulejada, com sua columnas pintadas de verde e como de papelão grudado á parede, com as bases amarellas e os vertices escarlates. Vão-se os olhos n'aquillo! Esta maravilha architectonica devem-na as artes ao gôsto e genio pintoresco de um rico mercador que veio das luxuriantes selvas do Amazonas, com todas as côres que lá viu de memoria, todas aqui fez reproduzir sob o inspirado pincel de trolha, o qual se havia ensaiado n'um S. Miguel de retabulo de alminhas com uma fortuna digna de Italia.
Admirado isto, rodeia o leitor uns pardieiros de demolidas arribanas, e, na revolta do quinchoso, topa com umas ruinas.
Aqui tem o paço de Ninães."
(Excerto de I - O que era o paço e quem estava n'elle)
Encadernação inteira de pele com as pastas trabalhadas, com com nervuras, rótulos e dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Mancha visível na pasta anterior.
Raro.
50€
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