26 abril, 2023

UM ROSTO PARA FERNANDO PESSOA -
Obras de trinta e cinco artistas portugueses contemporâneos. [Textos de apresentação deJosé Sommer Ribeiro e José Saramago]. Lisboa, Centro de Arte Moderna : Fundação Calouste Gulbenkian, Julho 1985. In-4.º (24x22 cm) de [80] p. ; mto il. , B.
1.ª edição.
Catálogo sobre diversas representações de Fernando Pessoa publicado por ocasião das comemorações do cinquentenário da  morte do poeta. "O catálogo apresenta trabalhos de trinta e cinco artistas portugueses, [onde se contam, entre outros, Almada Negreiros, Mário Cesariny, Martins Correia, José de Guimarães, Lagoa Henriques, Júlio Pomar e Cruzeiro Seixas]. Contém um texto de apresentação, um ensaio e biografia de cada artista representado acompanhado de uma obra. Editado em português."
Livro esmerado e graficamente atraente, ilustrado com 35 imagens de Pessoa a p.b. - umas mais singelas, outras mais elaboradas.
"Neste ano de 1985, em que se comemora o cinquentenário da morte do poeta Fernando Pessoa, o Centro de Arte Moderna não podia deixar de homenagear a figura maior da Poesia do nosso século, a quem o Modernismo português tanto ficou a dever. É que Pessoa também se interessou pelas artes, e já em 1913 publicava, na revista A Águia, uma crítica à exposição de Almada, que aliás foi o primeiro artista a retratar o poeta, em 1915.
O Centro de Arte Moderna entendeu que a melhor forma de celebrar esta comemoração seria apresentar trabalhos de artistas influenciados pela obra e figura de Fernando Pessoa."
(Excerto da apresentação José Sommer Ribeiro)
"Que retrato de si mesmo pintaria Fernando Pessoa se, em vez de poeta, tivesse sido pintor, e de retratos? Colocado de frente para o espelho, ou de meio perfil, obliquando o olhar  três-quartos, como quem, de si escondido, se espreita, que rosto escolheria e por quanto tempo? O seu, diferente segundo as idades, assemelhado a cada uma das fotografias que dele conhecemos, ou também o das imagens não fixadas, sucessivas entre o nascimento e a morte, todas as tardes, noites e manhãs, começando no Largo de S. Carlos e acabando no Hospital de S. Luís? O de um Álvaro de Campos, engenheiro naval formado em Glasgow? O de Alberto Caeiro, sem profissão nem educação, morto de tuberculose na flor da idade? O de Ricardo Reis, médico expatriado de quem se perdeu o rasto, apesar de algumas notícias recentes obviamente apócrifas? O de Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na baixa lisboeta? Ou um outro qualquer, o Guedes, o Mora, aqueles tantas vezes invocados, inúmeros, certos, prováveis e possíveis? Representar-se-ia de chapéu na cabeça? De perna traçada? De cigarro apertado entre os dedos? De óculos? De gabardina vestida ou sobre os ombros?... [...]
De uma pessoa que se chamou Fernando Pessoa começa a ter justificação que se diga o que de Camões já se sabe. Dez mil figurações, desenhadas, pintadas, modeladas ou esculpidas, acabaram por tornar invisível Luíz Vaz; o que dele ainda permanece é o que sobra: uma pálpebra caída, uma barba, uma coroa de louros. É fácil de ver que Fernando Pessoa também vai a caminho da invisibilidade..."
(Excerto da apresentação José Saramago)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse pessoano.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário