MELLO, D. Thomaz de - MODESTA : memorias de um degredado. Romance original. [Introdução de Pinheiro Chagas]. Lisboa, Typ. Modesta, 1874. In-8.º (17,5 cm) de 262 p. ; E.
1.ª edição.
Obra típica do Romantismo, de acordo com Pinheiro Chagas (na introdução), redigido em "estylo brando e ameno, muitas vezes humedecido de lagrimas", e reforça: "ha commoção sincera na historia de Martha, a victima infeliz dos zelos de uma fidalga".
Romance de época, raro e muito curioso, oferecido pelo autor ao poeta Bulhão Pato.
A história será verídica, elaborada a partir de um manuscrito entregue a
D. Tomás de Melo por um seu amigo, proprietário no Alentejo: "Estes
papeis, disse elle, foram dados em Loanda a um sobrinho meu, pela
propria pessoa que os escrevêra. Esse individuo, dois mezes depois tomou
tal porção de veneno, que d'ali a instantes era cadaver!"
"D. Thomaz de Mello ha de ser para o futuro uma das figuras legendarias do nosso tempo. A sua paixão pela aventura, o seu odio pelo convencional, o arrojo das sua idéas, a tranquillidade com que affrontava os acasos, os perigos muitas vezes de uma existencia nomada para fugir da trivialidade da vida monotona das salas, tudo isso deu-lhe até certo ponto o caracter de um heróe de Murger."
"D. Thomaz de Mello ha de ser para o futuro uma das figuras legendarias do nosso tempo. A sua paixão pela aventura, o seu odio pelo convencional, o arrojo das sua idéas, a tranquillidade com que affrontava os acasos, os perigos muitas vezes de uma existencia nomada para fugir da trivialidade da vida monotona das salas, tudo isso deu-lhe até certo ponto o caracter de um heróe de Murger."
(Excerto da Introducção)
"Havia
dois annos que eu tinha sepultado a minha felicidade no fundo de um
valle circumdado por montanhas tristes e melancolicas para todos, menos
para mim que as estremecia como a unica recordação de um passado cheio
de espinhos e saudades!
Foi
ali que sentira pela primeira vez roçar-me a face o anjo das emoções
divinas para me chamar á vida do coração; existencia com que eu sonhava,
quando refugiado no mais recondito da minha solidão, pedia a Deus um
raio de luz, para, iluminando-me o espirito, me substituir por flores,
as usnas que se prendiam ás ruinas do meu pensamento.
Tinha
eu então vinte annos. Amara pela primeira vez! As rosas d'aquelle
afecto, cahiram como as folhas no outomno. Seccas e desfolhadas,
teceu-as o tempo n'um diadema de espinhos, que mais tarde, havia de
coroar esta fronte de martyr!"
(Cap. I)
Tomás de Melo (na grafia de então, Thomaz de Mello) (1836-1905). Foi um escritor português, casado com D. Maria de Jesus de Bragança, filha ilegítima de D. Miguel I. Sobre a sua conduta de bon vivant e bom garfo lemos na revista O António Maria:
Tomás de Melo (na grafia de então, Thomaz de Mello) (1836-1905). Foi um escritor português, casado com D. Maria de Jesus de Bragança, filha ilegítima de D. Miguel I. Sobre a sua conduta de bon vivant e bom garfo lemos na revista O António Maria:
"Quem
o não conhece, ao D. Thomaz de Mello, como um dos mais patuscos, mais
curiosos, mais attrahentes typos d'essa bohemia de melhores tempos que
lhe valeu agora, em boas reminiscencias, um alegre livro?! Quem o não
conhece, ao da grande pera e mais o grande bigode, grande chapeu
desabado e grande pança cahida, dilatada por quantas ceias e idas ás
hortas memoraveis de que nos falla a Historia, e em que elle tomou
parte, denodadamente, em tremendissimas pandegas de estalo!"
Foi
autor dos seguintes livros: Cenas de Lisboa (1874); Modesta: memórias
de um degredado (1874); O Conde de S. Luís (1874; 2.ª ed. 1903); A
espera de touros em Carriche (1879); Boémia antiga (1897); Contos e
casos (1904); Recordando "O Negro de Alcântara": tragédia em 4 actos,
paródia do "Otelo" (1904). Foi ainda proprietário da revista O reclamo: órgão da Agência Universal de Anúncios, publicada pela casa Júlio Rodrigues, em 1892."
(Fonte: wikipédia)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar
em bom estado geral de conservação.. Envelhecido; pastas gastas;
trabalho de traça, marginal, na dedicatória; pequena falha de papel nas
duas primeiras folhas da introdução; sem f. ante-rosto.
Raro.
Indisponível
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