15 dezembro, 2021

BASTOS, Teixeira - A FAMILIA.
Por... Estudos de Sociologia
. Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz, Editores, 1884. In-8.º (18,5 cm) de 218, [6] p. ; E.
1.ª edição.
Estudo pioneiro. Importante ensaio sociológico sobre a Família elaborado no primeiro período evolutivo desta disciplina em Portugal. Raro e muito interessante.
"Que a familia é a cellula organica das sociedades, demonstram-o, além de outras muitas considerações, algumas de ordem puramente biologica, porque para se fazer uma idéa completa das relações sociaes convém estudal-as desde a sua origem. O instincto da conservação individual preside aos actos que têm uma relação mais ou menos directa com a prolongação da vida pessoal na lucta permanente com o meio, tanto cosmico, como social. Geralmente aos actos de perpetuação da especie presidem os instinctos sexual e maternal, que procuram resguardar, defender e crear a prole, com tanto mais diligencia e cuidado, quanto maiores são os obstaculos materiaes que encontram no seu meio, ou quanto menor é o numero dos descendentes."
(Excerto da Introducção)
"Como cellula organicada sociedade, a familia é a fonte de todas as eergias intellectuaes, moraes e sociaes, que se conservam e transmittem pela hereditariedade, que se desenvolvem pela educação e instrucção, e emfim que se propagam e multiplicam nas relações mutuas de individuo para individuo e nos conflictos permanentes da existencia. Sendo a fórma mais elementar da associação, e ao mesmo tempo a mais espontanea, a familia representa a primeira manifestação d'essa complexa ordem de phenomenos que obedecem não só ás leis cosmologicas e biologicas, mas ainda a uma terceira especie de leis, puramente sociologicas e moraes. É, portanto, um elemento social, quer como base da organisação politica, quer como gerador da sociedade futura. A sua missão consiste em arrancar o individuo do sentimento egoista da personalidade para o elevar pouco a pouco á sociabilidade pelo desenvolvimento dos instinctos altruistas. Na realidade a familia, tirando as suas raizes dos instinctos egoistas da sexualidade e da maternidade, aperfeiçoa-se gradualmente pelas relações especiaes a que dá origem; a protecção maternal e paternal, a obediencia, a submissão e a veneração dos filhos, as affeições fraternaes, o respeito, o amor, a amizade são sentimentos que brotaram espontanea e successivamente da vida domestica, á medida que o homem se afastava da primitiva animalidade para entrar no caminho da civilisação. A familia serviu de intermediaria entre o egoismo e o altruismo."
(Excerto do Cap. I - Concepção geral da familia)
Indice:
Introducção. | I - Concepção geral da familia. II - Instituição da familia. III - Perpetuação da familia. IV - A familia no presente. V - A familia no futuro.
Francisco José Teixeira Bastos (1856-1901). "Natural de Lisboa, foi poeta, ensaísta e jornalista e um dos principais divulgadores do positivismo de Augusto Comte em Portugal. Frequentou o Curso Superior de Letras, onde foi aluno de Teófilo Braga, que influenciou a sua obra ensaística e sua concepção de poesia filosófica visando o progresso da humanidade - expressa em Rumores Vulcânicos (1875) ou em Vibrações do Século (1882). Em Princípios de Filosofia Positiva (1883) resume o Cours de Philosophie Positive daquele filósofo francês. Foi colaborador de vários jornais e revistas, como «O Século», «Renascença» (1878-1897), «O Pantheon» (1880-1881), «Galeria Republicana» (1882-1883) ou o «Diário Mercantil» de S. Paulo (Brasil). Dirigiu a «Era Nova» (1880-1881), a «Revista de Estudos Livres» (1883-1886) e, com Teófilo Braga, fundou «O Positivismo». Foi ainda sócio fundador da Associação de Jornalistas de Lisboa e membro da Academia das Ciências de Lisboa."
(Fonte: https://acpc.bnportugal.gov.pt/colecoes_autores/n109_bastos_teixeira.html)
Encadernação simples inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Páginas manchadas na última parte do livro.
Raro.
Com interesse histórico e sociológico.
Indisponível

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