05 dezembro, 2021

TADEU, Viriato - "EVOCAÇÃO DE WENCESLAU DE MORAES" (Diaporama do Japão). Por...
Lisboa, Centro de Estudos da Marinha, 1978. In-4.º (24x15,5 cm) de 58, [2] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
Interessantíssimo trabalho biográfico sobre Wenceslau de Moraes e o Japão, sua pátria por adopção. «O texto foi acompanhado com a projecção de cerca de 200 dispositivos e o acompanhamento de acordes de música japonesa. Os diapositivos vão assinalados por sub-títulos de identificação». Claro que o livro não inclui os diapositivos (muito menos os acordes musicais), foi algo que fez parte da apresentação pública. Em todo o caso, contém uma selecção de oito bonitas estampas - impressas sobre papel couché - a p.b. e a cores - separadas do texto.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Almirante Alfredo Motta.
Junta-se um convite do Centro de Estudos da Marinha para as sessões culturais que inclui a comunicação sobre a presente obra.
"Certo apreciador do Japão a que adiante farei referência, disse que a palavra «amor» - um dos pilares do nosso universo interior - não encontra equivalente no Oriente, porque a linguagem dos orientais construiu o seu mundo de maneira completamente diferente.
Este ideograma, por exemplo, tem um significado mais filosófico, mais sereno e menos ardente do que a nossa palavra «amor». Em japonês não há expressão capaz de abarcar tal palavra, em todo o seu significado. A amizade japonesa não se exterioriza por sentimentos, que nós dizemos procedentes do coração - solidamente, enraiza na natureza.
Isto, só para tentar justificar o tema em que lhes vou falar de Wenceslau de Moraes, «em ligeiras notas que quizera tornar pouco enfadonhas...» - como aquele escritor certa vez asseverou.
Ao entusiasmo que, no começo deste século, mereceu o exotismo dos livros de Moraes, sucedeu o esquecimento e várias críticas - que não vou discutir. A interpretação do homem e da obra são demasiadamente complexas e naturalmente favoráveis ao malabarismo as  abstracções. A 58 anos da sua morte, que importa porem o estilo e vernáculo da sua prosa, se os japoneses têm maior autoridade para ser juízes do que ele escreveu?
Quanto ao homem e às atitudes que assumiu perante a eternidade, como o deve julgar a actualidade cristã?
Vou no entanto tentar expor-lhe o meu ponto de vista, que é dominado pelo que observei no Japão e por uma visita a Tokushima.
Tudo parece indicar que o nosso escritor foi infeliz e desastrado em seus amores ocidentais, e que o afecto mercenário de duas mulheres japonesas foi interrompido pela morte. Até o seu amor pelo Japão nunca o fez «plenamente feliz, sem dúvida por incompetências e incongruências dos seus dotes afectivos», como confessou.
Talvez por isso, o conhecido livro Os amores de Wenceslau de Moraes, comece com a seguinte afirmação de Camilo:
«As mulheres, as mulheres!... Por causa d'elas, diz a história que se teem perdido nações. Que admira que se perca um homem por maior que seja o seu tino e por mais cristãos que sejam os seus costumes! Até os santos teem estado a pique de se perderem, e eu creio até que alguns se perderam por causas delas».
Como sucedeu a muitos da minha geração, eu tinha lido na juventude alguns livros de Wenceslau de Moraes e devo confessar que nem sempre os entendi - além de considerar hoje ultrapassados muitos dos acontecimentos que relatou.
Sucede porém que, a partir de 1957, e, ao longo dum período de doze anos, estive algumas vezes no Japão, ou seja, aproximei-me e privei com os japoneses.
Em tais visitas ainda me coube o privilégio de conhecer o nosso ilustre confrade Doutor Virgílio Armando Martins - ao tempo nosso Embaixador no Nippon - e de apreciar a sua multifacetada e operosa acção cultural e diplomática.
Num meio tão pouco permeável, esse nosso confrade honrou-nos com o trabalho de reavivar o prestígio do nome de Portugal no Japão.
Ele foi atraído por Moraes, e, como declarou, «ganhou-lhe um afecto particular que permitiu compreendê-lo pelas afinidades que tão longo convívio e o seu progressivo conhecimento e amor do Japão foram desenvolvendo».
Daí permitir-me tomá-lo também como guia desta remomeração audio-visual, que me propuz oferecer-lhes.
Considero o nosso confrade como o mais válido intérprete da obra de Moraes, por me parecer que ela só pode ser devidamente apreciada e entendida por quem conheça o Japão."
(Excerto de 1 - Traços de personalidade)
Matérias:
1 - Traços de personalidade. 2 - Contactos com o actual Japão. 3 - Panorâmica japonesa. 4 - Recordações históricas portuguesas. 5 - Excursão a Tokushima. 6 - «Awa Odori». 7 - Monumento de Kobe. 8 - Apreciações finais. | Notas finais.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Indisponível

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