AGUIAR, Manoel Caetano Pimenta de - D. JOÃO I. Tragedia. Por... Lisboa: Na Impressão Regia. Anno 1817. Com Licença. In-8.º (15,5 cm) de 106, [4] p.
1.ª edição.
Peça histórica. Trata-se de um drama em verso sobre os acontecimentos que antecederam a restauração da independência nacional, em 1640, incluindo o episódio da morte do Andeiro às mãos do Mestre de Aviz.
"Quasi no fim do XIV seculo se vio Portugal ameaçado de perder a sua existencia politica, que com tanta gloria havia sustentado desde o meio do XII, debaixo do heroismo de seu fundador, e dos Augustos Monarchas que lhe succedêrão.
D. Fernando, IX Rei de Portugal, casou sua unica filha e Infanta D. Brites com D. João Rei de Castella, contra a vontade da Nação, que presagiava neste consorcio as mais funestas consequencias, as quaes se verificárão por morte de D. Fernando.
Nomeou este, em seu testamento, a sua mulher, a Rainha D. Leonor, Regente do Reino, em quanto sua filha não tivesse descendencia, pois se tinha estipulado, tanto no tratado de paz, como no contracto de casamento, que o primeiro filho viria para Portugal, e seria acclamado Rei.
Porém o ambicioso Rei de Castella quiz, logo depois da morte de D. Fernando, fazer acclamar sua mulher, Rainha de Portugal, e desta sorte completar a absurda politica de seus antecessores.
A Regente do Reino, instada pelo amor maternal, ameaçada pelas armas de Castella, seduzida pelos perfidos conselhos de seu particular favorecido, João Fernandes Andeiro, Conde de Ourem, Castelhano de Nação, e por alguns Fidalgos, que apoiavão illudidos esta atroz maquinação, entrava como parte essencial nas vistas de seu genro.
Para darem rapido impulso a este projecto, convierão, que logo depois das exequias do Rei, fosse solemnemente acclamada D. Brites, Rainha de Portugal, como legitima successora de D. Fernando. Verificou-se este acto escandaloso, porém como nelle se ofendia a lealdade e brio Portuguez, houverão tantos tumultos populares, principalmente em Lisboa, Santarém, e Elvas, que os que lancavão os pregões forão obrigado a fugir, para salvarem as vidas, ameaçados pela indignação do Povo. [...]
Restava com tudo hum heróe, destinado pela Providencia, para salvar a Náo do Estado, combatida das mais furiosas tempestades. D. João, Mestre de Avis, filho natural de D. Pedro I. e irmão de D. Fernando, por suas brilhantes qualidades era o idolo da Nação. Possuia em alto gráo o valor, a prudencia, a justiça, a liberalidade, e todas as virtudes dignas do Throno."
(Excerto do Argumento)
Manuel Caetano Pimenta de Aguiar (1765-1832). “Poeta e dramaturgo. Foi representante da ilha da Madeira nas Cortes Constituintes de 1822 a 1823, tendo sido também deputado, pela Madeira, para a sessão legislativa de 1826 a 1828. Escreveu muitas tragédias de que se conhecem dez: Virgínia (1815); Os Dois Irmãos Inimigos (1816); D. João I (1817); Destruição de Jerusalém (1817); Conquista do Peru (1818); Eudoxa Licinia (1818); Morte de Sócrates (1819); Carácter dos Lusitanos (1820); Arria e D. Sebastião em África. Existe uma tradução francesa da obra Carácter dos Lusitanos publicada em Paris (1823), por Ferdinand Denis.
Nasceu na ilha da Madeira, na freguesia da Sé, a 16 de maio de 1765 e faleceu, com 67 anos, em Lisboa, na R. Direita da freguesia de São Paulo, a 19 de fevereiro de 1832, vítima de um ataque apoplético. Foi sepultado na igreja paroquial de S. Paulo. Alguns conhecedores da sua obra consideram-no precursor de Almeida Garrett, nomeadamente no que diz respeito à criação do teatro trágico nacional, evidenciando, assim, a importância de Pimenta de Aguiar na história da literatura portuguesa. Muito reconhecido no seu tempo, as suas tragédias, contextualizadas pelos defeitos próprios da época, evidenciavam, sem dúvida, a sua originalidade, um estilo distinto e uma elegância admirável, características pouco comuns naquele período, pelo que o autor era frequentemente aclamado com entusiasmo pelo público. Nascido numa época privilegiada da intelectualidade portuguesa, foi um estilista inteligente e original. No seu Résumé de L’Histoire Littéraire du Portugal, Ferdinand Denis refere-se-lhe de modo bastante lisonjeiro. Ilustre madeirense e distinto escritor, que seguiu a causa de D. Pedro IV, patriota zeloso e intransigente na defesa da independência nacional, M. C. Pimenta de Aguiar não ficou conhecido entre os madeirenses. Contudo, e apesar de ter residido fora da Madeira a maior parte da sua vida, a Câmara Municipal do Funchal decidiu atribuir o seu nome a uma travessa da cidade."
(Fonte: http://aprenderamadeira.net/aguiar-manuel-caetano-pimenta-de/)
Exemplar desencadernado, por aparar, em bom estado de conservação.
Raro.
25€
Sem comentários:
Enviar um comentário