25 dezembro, 2021

SILVA, José Lucas da - A SENHORA DA NAZARETH.
Historia da Imagem desde a sua vinda da Palestina até ao presente, accrescentada com muitas notas historicas, uma pequena noticia da villa da Pederneira, do sitio e templo da Nazareth e com a origem do cirio da Prata Grande. Por...
Mafra, Typographia Mafrense, 1892. In-8.º (19 cm) de 62, [4] p. ; C.
1.ª edição.
Importante subsídio para os anais de Nossa Senhora da Nazaré (e sua imagem), bem como a lenda a ela associada.
Obra sobejamente citada sobre o tema, com relevância histórica para a castiça vila piscatória.
Raro, e interessantíssimo opúsculo, onde a lenda se (con)funde com a história, enriquecido com extensa bibliografia, comentários e notas do autor.
"Possuindo nós, de muitos annos, um manuscripto antigo, que trata dos varios successos relativos á imagem a Senhora da Nazareth, desde a sua origem e vinda da Palestina, do seu apparecimento em Portugal nas costas do oceano, junto á villa da Pederneira, e ainda das alternativas porque, durante a invasão franceza, a mesma imagem passou, até ser finalmente restituida ao seu templo da Nazareth; e achando o mesmo manuscripto assaz curioso, concebemos logo a idea de o darmos á luz da publicidade, ampliando-o quanto possivel nos fosse."
(Excerto do preâmbulo - Duas palavras ao leitor)
"Nada ha que nos indique d'um modo positivo a origem ou principio da veneranda imgem da Senhora da Nazareth. Todavia, é tradição mui antiga e de constante fama que já, no tempo do apostolos, ella era reverenciada na cidade da Nazareth, na Palestina, como modelo da Virgem, Mãe de Deus, nascida na mesma cidade.
Se tomarmos, pois, na devida consideração uma noticia que, no deccorrer dos seculos, tem vindo de bocca em bocca até nós, pois que não temos outros argumentos com que possamos fundamentar este assumpto, devemos acreditar que a imagem da Senhora fòra produzida n'aquella cidade da Galiléa, cuja denominação tomara no primeiro seculo da nossa era, e que na mesma cidade ficara «com  muito culto do devotos christãos da Palestina» até ao 4.º seculo, em que «se levantou, no Oriente, uma grande heresia contra a veneração das imagens.»."
(Excerto do Cap. I - Antiguidade da imagem da Senhora)
"Era pelos annos de 1182, aos 14 do mez de setembro, - dia em que a egreja celebra a exaltação da santa cruz. - A  manhã, que havia rompido soturna, conservava-se obscurecida pela grande cerração que ordinariamente se levanta do mar. Nada se distinguia, a não ser a curta distancia. D. Fuas Roupinho, montado em fogoso ginete, prepara-se com os seus famulos e monteiros para a sua habitual diversão. Depois de algum tempo de cavalgada, tendo chegado á matta de Pataias, que era muito abundante em caça, especialmente em caça grossa, afigurou-se-lhe descobrir um veado ou cousa semelhante. Lançou-se logo em sua perseguição, sem prever sequer o perigo, persuadido, como estava, de que, deante de si, se extendia terra firme; mas, como a densidade da neblina o não eixasse divisar o ponto para onde corria, inesperadamente se achou na extremidade de uma rocha muito estreita e saliente, como que suspensa sobre o abysmo do oceano.
Em risco tão imminente, sem ter já onde firma o cavallo, prestes a despenhar-se e a ser engullido pelas ondas, lembrou-se, de supito, D. Fuas, de implorar a protecção da Virgem Nossa Senhora, cuja morada alli perto se achava. Com effeito, valeu-lhe ella de tal modo que o impaciente animal, empinado nas patas trazeiras, estacara momentaneamente na ponta do penedo, immovel, qual estatua de pedra."
(Excerto de A Senhora livra a D. Fuas da morte)
Matérias:
Duas palavras ao leitor. | I - Antiguidade da imagem da Senhora. - Grande heresia, no Oriente, no 4.º seculo da era christã. - Vinda da imagem da Palestina para o mosteiro da Cauliniana em Hespanha. II - Invasão da peninsula pelos mouros. - Derrota dos christãos na batalha de Guadalete. - D. Rorigo no mosteiro da Cauliniana. - Sahida de Castella, do rei e do monge romano com a imagem. - Sua estada no  monte Seano, onde vivem algum tempo. III - Partida do monge para as costas do oceano. - Sua retirada com a imagem para uma gruta. - Sua vida no deserto. IV - Revelação ao monge Romano da sua mote. - Algumas palavras sobre o assumpto. - Suas ultimas vontades. - Retirada de D. Rodrigo para Vizeu, onde está sepultado. - Recapitulação. V - Caracter guerreiro de D. Affonso Henriques. - Suas conquistas aos mouros. VI - D. Fuas Roupinho. - Descoberta da imagem da Senhora na gruta. - Descripção da imagem. - A Senhora livra a D. Fuas da morte. - Ermida da memoria - Fama do milagre succedido. - D. Affonso Henriques visita a imagem. - Edificação do templo por D. Fernando 1.º - Melhoramentos feitos no mesmo templo e na ermida. VII - Invasão franceza e causas que a determinam. - Insurreição dos povos do norte do paiz contra o governo intruso. - Os povos da Nazareth seguem este exemplo. - Calamidades porque passam, não escapando o templo a Senhora, cuja imagem desapparece. - Encontro e collocação da imagem no seu logar. VIII - Terceira invasão. - O reitor da collegiada consulta os governadores do reino. - Sahida da imagem para o sitio do Pendão. IX - Chega ao conhecimento dos governadores onde está a imagem. - Sua conducção para a real capella de Queluz. X - Restabelecimento da paz em Portugal. - Restituição da Imagem á sua real casa - Festejos em Queluz e freguezias do transito. - Sua entrada triumphal no templo da Nazarth. - XI - Satisfação aos leitores. - Fundação da freguezia e villa da Pederneira. - Praia e sitio da Nazareth. - Templo da Senhora. - Romarias ou cirios que todos os annos vão á Nazareth. - É convidado o leitor a gosar dos festejos. - Como Julio Cesar Machado os descreve. - Origem do cirio da «Prata Grande» e razão porque a Egreja Nova é cabeça d'este cirio. XII - Juncção de 17 freguezias, formando uma confraria. - Do respectivo compromisso. - Fins da confraria e ordem porque as mesmas freguezias se congregamXIII - Brve resenha do que, do compromisso, mais se prende com o que ainda hoje se observa. - Conclusão.
Encadernação cartonada com capa de brochura aposta na pasta frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Mancha de humidade antiga, no pé, atinge primeiras folhas o livro.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

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