16 novembro, 2021

OLIVEIRA, Alberto d' - POEMAS DE ITÁLIA E OUTROS POEMAS. Lisboa, Tip. da Emprêsa Nacional de Publicidade, 1939. In-4.º (23 cm) de [2], 109, [5] p. ; [5] f. il. ; E.
1.ª edição.
Obra poética de grande apuro gráfico - impressa a duas cores em papel de superior qualidade - ilustrada em separado com 5 estampas a p.b., incluindo o retrato de Isabel Maria, a neta do autor, a quem este dedica a obra.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do poeta ao Prof. Sobral Cid.

"Tinhas de ser qual és, calado e triste,
Misterioso, ascético, tenaz,
Para reger um povo que da Paz
Há que tempos nem sabe se ela existe...

Já, com verbo facundo e lança em riste,

Outros tentaram a missão falaz:
Mas, com promessas boas e obras más,
Maior cáos nos fizeram, como viste.

Tu então, ao dilúvio das palavras
Opões barreira sólida, e entretanto
A gleba acordas, e em silêncio a lavras...

E eis logo o prado em flor, o oiro das messes!
?Quem és tu, Salazar, ou mago ou santo,
Que assim nos ressuscitas e engrandeces?..."

(Excerto de Salazar)
"Ó Cidade da Luz! Perpétua fonte
De tão nítida e virgem claridade,
Que parece ilusão, sendo verdade,
Que o sol aqui feneça e não desponte...

Embandeira-se em chamas o horizonte:
Um fulgor áureo e róseo tudo invade:
São mil os panoramas da Cidade,
Surge um novo mirante em cada monte.

Ó luz ocidental, mais que a do Oriente
Leve, esmaltada, pura e transparente,
Claro azulejo, madrugada infinda!

E és, ao sol que te exalta e te corôa,
- Loira, morena, multicôr Lisboa! -
Tão pagã, tão cristã, tão moira ainda..."

(Lisboa)

Alberto d’Oliveira (1873-1940). Escritor e diplomata português.“Frequentou a Universidade de Coimbra, onde fundou, com António Nobre, a revista Boémia Nova cuja polémica com a publicação fundada por Eugénio de Castro, Os Insubmissos, funcionou como pedra de toque para a afirmação dos movimentos simbolista e decadentista em Portugal. Colaborador da Revista de Portugal, fundada por Eça de Queirós, o nome de Alberto de Oliveira está umbilicalmente ligado, porém, ao movimento neogarrettista, cujo programa enunciou na coletânea de ensaios Palavras Loucas, onde preconiza, nomeadamente em "Do Neogarrettismo no Teatro", sob a figura tutelar de Garrett, exaltado pelo seu papel na defesa do nacionalismo, na recuperação da literatura popular enquanto fonte genuína da cultura portuguesa, no renascimento do drama e da poesia nacional, o abandono de modelos culturais estrangeiros, a defesa do que é nacional, a recolha da literatura oral de tradição popular, a recuperação do drama e romance histórico, o retorno ao rusticismo e à vernaculidade, vetores que viriam a plasmar-se de forma exemplar na própria produção poética de Alberto de Oliveira. Tendo, no início dos anos 20, dirigido o semanário monárquico e integralista Acção Nacional (1921), dedicou-se, nos últimos anos de vida, à redação de páginas de memórias sobre o período em que foi cônsul no Brasil e sobre figuras literárias com quem privou como Eça de Queirós ou António Nobre."

(Fonte: infopédia)
Exemplar que pertenceu à biblioteca do Prof. Sobral Cid, revestido de uma bonita encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Muito invulgar.
35€

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