24 novembro, 2021

FILGUEIRAS, Octávio Lixa - PROTECÇÃO MÁGICA DOS BARCOS DO DOURO
. [Por]... Bolseiro do «Instituto de Alta Cultura». (Separata das Actas do Colóquio de Estudos Etnográficos «Dr. José Leite de Vasconcelos» - Vol. III). Porto, [s.n. - Imprensa Portuguesa - Porto], 1960. In-4.º (25 cm) de 13, [1] p. ; [7] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso e interessantíssimo ensaio sobre crença e superstição, por certo com tiragem reduzida. Trata da construção e "baptismo" dos barcos que sulcavam o rio Douro, bem como a simbologia e cerimonial associado à protecção das embarcações.
Livro ilustrado ao longo do texto com simbologia diversa, e em separado, com 7 folhas impressas sobe papel couché, reproduzindo 9 fotografias alusivas ao tema.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Ainda hoje em dia se observam no Douro umas tantas práticas, cujo sentido mágico, por vezes diluído, o povo quase acabou por desconhecer. Todas procedem da mesma fonte comum; e se não é difícil seguir-lhes o rasto através de outras zonas - o que em nada lhes diminui o interesse -, porventura muitos dos seus dados essenciais restam por definir e as possibilidades de o fazer são cada vez menores.
Passando em claro manifestações de carácter não geral, podem considerar-se como os dois momentos máximos a protecção mágica dos barcos do Douro, os que se observam durante a construção, com a colocação dos ramos. Correspondem a distintos estádios de fabrico e revestem-se de aspectos e significados muito diferentes:
- a primeira cerimónia, se tal palavra é admissível num caso destes, verifica-se logo num das fases construtivas iniciais, quando, depois de pronto o fundo chato e nele fixada a «ouca da vante» que uma «tasana» travou, é pregada uma cruz de trovisco no extremo livre e pela face anterior da «ouca»; tem por fim combater os «maus olhos, não vá o risco ficar torto»;
- com a segunda, coroa-se o lançamento à água, ficando o barco guarnecido com um festão de papel e um ramo de oliveira, respectivamente à proa e à ré; assim se pretende festejar a realização da obra e assegurar-lhe boa sorte."
(Excerto do texto)
Tópicos: As duas espécies de ramos votivos usados durante a construção dos barcos do Douro. | Fases construtivas em que se verifica a sua colocação. | Características das cruzes de trovisco; análise dos valores mágicos nelas contidos; outras cruzes apostas nos barcos e respectivas funções. | Ferraduras  chifres de carneiro. | Os ramos do após alançamento à água; análise do elementos que os formam; valores respectivos.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
25€

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