VAZ, Tenente Rebocho - OSSADAS DA GUERRA. (Jornal da Flandres). 1.º milhar. Aveiro, Composto e impresso na Tipografia «Minerva Central», 1921. In-8.º (20cm) de 197, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Capa: "Atelier Íbis CB".
Importante obra coeva sobre a 1.ª Guerra Mundial. Trata-se das memórias do autor, tenente de infantaria do C. E. P. destacado na Flandres, escrita sem preocupações literárias, nem artifícios históricos.
Obra de referência, e uma das mais interessantes que sobre a Grande Guerra se publicaram entre nós. Dedicada por Rebocho Vaz "Á gloriosa Infantaria : Á gloriosa
Artilharia - Ás armas gemeas que em tantas tardes de victória e dôr
ergueram para o céu da Flandres o seu sonóro grito de Epopeia...".
Na contracapa do livro está impresso a informação de que se encontra no prelo a 2.ª parte de Ossadas da Guerra, com o subtítulo (na recoca). Nada foi possível apurar sobre esta, que julgamos, nunca terá sido publicada.
Livro valorizado pela dedicatória manuscrita do autor, não autografada.
"Ossadas da guerra...
Assim quiz chamar a este livro - morno ainda das cinzas do grande brazeiro, ainda quente do sangue generoso dos Herois!
A historia da guerra está feita? Não.
Não ha senão literatura arrebicada, artificial sem nervos nem estremecimentos morais, ilustrando o fundo das gazetas e o locanismo nacional, e apenas este linfafatismo ridiculo, quasi todo exprimido á custa das frivoleiras dos «que não foram á guerra» enriquece a arteria da historia - a nossa pobre historia da guerra.
Daqui o desconhecimento mais ou menos pormenorisado do nosso singular drama no grande Conflito Europeu. Toda essa agitada e horrivel tranquilidade da onda submersa - a grande onda tragica e sangrenta - os seus dramas sombrios, as resignadas tragedias, as humilhações, revoltas, tédio, saudades e torpezas vis, abnegados sacrificios, heroismo, dôres, - todo esse afogueado rescaldo que faísca no misterio das noites famosas e violentas do Front, ninguem o palpou, ninguem o ascultou ainda.
Ora com olhar ainda desvairado das vertigens macabras, eu debruçando-me para o meu antigo poço de soldado - poço de visões e horriveis destroços - alinhavei desartificiosamente as linhas que vão lêr-se, e fiz este livro.
A linguagem é a minha linguagem, é aquela palavra rude que eu não tratei de cuidar e comigo falava nas trincheiras o meu glorioso serrano de olhar de febre.
Eu não quiz fazer literatura, mas sim guerra.
Preocupou-me a verdade, violenta, inexoravel, rude! Assim a vasei nestas paginas sem arte, e daqui nasceu o titulo que dei a este livro.
Ossadas da guerra...
Sim porque é entre tumulos que escrevo!
... ossadas tumultuosas, carcomidas, funebres, espalhadas ao Deus dará, uma prodigalidade sinistra, sobre o chão de lama e sangue das «Terras de Ninguem»; ossadas perdidas, desse colossal e fantastico esqueleto da Grande Guerra - o esqueleto do nosso esforço, da nossa Epopeia - em clarões de morte e ilumindas pela tragica luz dos very-lights!"
(Prólogo)
Matérias:
Nas avançadas: I - A patrulha de reconhecimento. II - A patrulha de escuta. III - S. O. S. ! (Save Our Souls). IV - No Man's Land. V - A 1.ª linha. VI - O very-light verde. VII - O Maqueiro. VIII - A ordenança. IX - O Sinaleiro. X - A Trincheira de comunicação. XI - O Alferes de Infantaria. XII - O Sargento. XIII - O Apoio. XIV - O Rancheiro. XV - O Tenente. XVI - O Comandante de Companhia. XVII - B. Line. XVIII - A 3.ª Linha. XIX - O Museu. XX - O Batalhão. XXI - A firma do "Bate e Foge". XXII - "No estaminet". XXIII - O provisor e o vague-mestre. XXIV - Artilharia ! XXV - Em Laventie. XXVI - Os Heróis da Grande Guerra.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Indisponível
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