07 dezembro, 2018

UNIÃO REPUBLICANA - PROGRAMMA E ESTATUTO. Séde. Largo do Calhariz, 17. Lisboa. [Lisboa], [s.n.], [1912]. In-8.º (22cm) de 31, [1] p. a 2 cols (inc. capas)
1.ª edição.
Opúsculo raro, com interesse para a história da República. Trata-se do documento programático e estatutário da União Republicana, partido fundado por Brito Camacho em 1912, que resultou da cisão com o PRP de Afonso Costa.
"O partido político que se denominou União Republicana surgiu anunciado em 26 de Fevereiro de 1912, por iniciativa de Brito Camacho (um dos principais protagonistas do novo regime e director do jornal A Lucta) acompanhado, nessa iniciativa pelos seus “amigos políticos” (expressão muito frequente entre os novos chefes políticos, para se referirem aos seus correligionários); e surgiu – tal como o Partido Evolucionista, que apareceu na mesma altura, por iniciativa de António José de Almeida – de um processo de cisão e demarcação do partido a que todos pertenciam, que fora o seu tronco comum e onde tinham a sua base social de apoio: o Partido Republicano Português.
Aparentemente, a constituição destes novos partidos deveu-se ao radicalismo político no Partido Republicano Português, sob a influência dominante de Afonso Costa.

A União Republicana colhera a sua base social de apoio no Partido Republicano Português. Era nessa base que residia a legitimidade da sua representação política. Tinha, portanto, de a mobilizar e identificar para a sua diferenciação específica, sob o risco de ter um déficit de legitimidade social e a prazo, converter-se numa “patrulha” política (como tantas vezes será apodada pelos “democráticos”) cooperando, instrumentalmente, com os governos que se iam sucedendo no Poder. Para superar estes perigos, a União Republicana, ao constituir-se escolheu uma Comissão Politica e uma Comissão Administrativa (27 de Março); elaborou e publicitou um Programa e publicou uns Estatutos."
(Fonte:https://vilanovaonline.pt/2017/12/17/partidos-e-movimentos-politicos-1910-1974-uniao-republicana-1912-1919-norberto-cunha/)
"A unidade do partido republicano historico manteve-se até ser banida a Monarchia, porque era uma convergencia de forças imposta pela necessidade de produzir o mais rapidamente possivel o maximo effeito util. Havia um programma doutrinario, que todos aceitavam, embora sobre muitos dos principios e disposições que elle consignava, as opiniões fossem varias, e algumas vezes irreducctiveis. Mas uma aspiração commum enfeixava todas as vontades, ruduzia ao systema uma ou outra energia rebelde, que parecia acomodar-se mal dentro da acção que era necessario intensificar para que o triumpho fosse decisivo e rapido.
Tal unidade desapareceu inteiramente ao entrar-se no exercicio normal do regimen republicano, cada qual reivindicando uma ampla liberdade de pensar, e procurando integrar-se em agrupamentos ou partidos que sejam o instrumento de realisação do seu pensamento em materia de administração publica. Taes agrupamentos, para que não tenham o ar e a inconsistencia d'uma multidão gregaria, precisam assentar n'uma solida base de ideias e sentimentos, ideias que sejam communs e sentimentos que sejam reciprocos. A União Republicana é uma agrupamento d'essa natureza, um verdadeiro partido politico, tomadas as palavras no seu alto e rigoroso significado.
O que se propõe fazer?
Propõe-se congregar e disciplinar todas as energias aproveitaveis, por qualquer titulo, na obra de regeneração nacional, que é urgente emprehender e levar a cabo. E porque considera a Republica como o instrumento indispensavel d'essa regeneração, os seus melhores esforços empregal-os-ha na consciente republicanisação do Paiz, servindo-se para isso de todos os meios efficazes e legitimos de propaganda - o jornal, o livro, o folheto, o comicio, a conferencia."
(Excerto do preâmbulo)
Manuel de Brito Camacho (1862-1934). "Nasceu em Aljustrel a 12 de Fevereiro de 1862. Médico, escritor, jornalista (fundando o jornal A Lucta), deputado (pela primeira vez em 1908) e político, seria uma das mais destacadas figuras da República, fazendo a sua iniciação política no contexto do Ultimatum. Teve um papel de alguma importância no '5 de Outubro'. Ministro do Fomento do Governo Provisório, tem uma importante obra legislativa, sendo igualmente da sua autoria o famigerado 'decreto-burla' sobre o direito à greve. Líder do Partido União Republicana, conservador, combate a hegemonia 'afonsista' e as políticas democráticas, nomeadamente a participação portuguesa no teatro de guerra europeu. Apoia, inicialmente, o sidonismo. Depois de 1918 e após a fusão do partido unionista e do evolucionista, desliga-se da política. Aceitará, contudo, em 1921, o cargo de Alto Comissário em Moçambique. Morreu em Lisboa a 19 de Setembro de 1934."
(Fonte: http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/biografias?registo=Brito%20Camacho)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito raro.
Com interesse histórico.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Peça de colecção.
Indisponível

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