VILARINHO, José - ESPADAS E FLORETES : contribuição para a história do desporto em Portugal. A esgrima portuguesa e as suas estórias de espadachins e atiradores, de duelos e assaltos, das justas aos Jogos Olímpicos e dos alfagemes às espadas eléctricas. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Gráfica Maiadouro, S. A. - Maia], 1993. In-4.º (24x17 cm) de 176, [2], [77], [1] p. il. ; [4] p. ; B.
1.ª edição.
Na capa, José da Costa Amorim, um dos grandes esgrimistas do princípio do século XX.
Importante subsídio para a história da Esgrima entre nós. Trata-se de um interessante contributo com interesse histórico e desportivo, ilustrado em separado com 77 estampas impressas sobre papel couché.
"A esgrima constituía nos últimos anos da Monarquia e nos primeiros da República uma das mais importantes disciplinas do desporto português e, a partir de finais da primeira década do século XX, foi-se tornando a nossa mais representativa modalidade a nível internacional, marcando posição de elevo em grandes torneios europeus e nos Jogos Olímpicos. Nesses anos, pouco depois da viragem do século, o desporto em Portugal era assunto das classes elevadas, actividades de tempos livres para quem os tinha. Talvez ainda mais do que outras modalidades, a Esgrima, "elegantíssimo género de sport", como se lhe referiam os periódicos da época, era uma das práticas favoritas de reis e príncipes, de moços aristocratas e da burguesia endinheirada, actividade obrigatória das escolas militares, passatempo de médicos e advogados, de engenheiros e artistas, de jornalistas e políticos, pares do reino ou deputados.
As festas da Esgrima, torneios, saraus ou mesmo assaltos como, por vezes, eram designados realizavam-se nos locais de maior prestígio de Lisboa ou do Porto e constituíam importantes acontecimentos mundanos, reunindo assistências numerosas das elites de então. [...]
Não se pense porém que, com a queda da Monarquia, a Esgrima perdeu as suas características e importância: Em Junho de 1910 D. Manuel II presidira à Semana das Armas e, pouco tempo depois, em Novembro, três ministros da República implantada um mês antes honraram, com Afonso Costa (um esgrimista) à cabeça, a sessão de reabertura dos trabalhos do Centro Nacional de Esgrima.
Os esgrimistas desse tempo, por vezes conflituosos e dados a grandes antagonismos e rivalidades, frequentemente caprichosos e nem sempre seguidores à risca das regras de fair play por eles próprios estabelecidas foram, não obstante, os grandes percursores do desporto de competição no nosso país e os primeiros a torná-lo conhecido e respeitado além fronteiras. Eram, também, desportistas ecléticos, como era de uso. Muito se surpreenderiam os praticantes de hoje se, para além de os encontrarem cruzando armas nas elegantes salas de outrora, quase todas situadas na zona do Chiado que era a mais nobre de Lisboa, com eles deparassem depois montando a cavalo no hipódromo de Belém, remando ou tripulando ágeis veleiros no Tejo, pedalando em provas ciclistas nas poeirentas estradas da periferia, procurando bater recordes em automóvel ou motocicleta, jogando futebol na Cruz Quebrada, lutando ou levantando halteres nos salões do Atheneu ou do Real Gymnasio Clube, atirando aos pombos na Ajuda ou mesmo pegando touros em Vila Franca ou Almeirim. Constituíam a juventude dourada da época e a imprensa designava-os por "distintos sportsmen"..."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução | I - Dos Relevos Egípcios às Bandas Desenhadas. II - Dos Combates Medievais às Salas de Armas. III - Do Soldado Liberal ao Mestre da Corte. IV - Da Elegância dos Saraus às Rivalidades nas Pranchas. V - Do Desaire de Madrid à Vitória em Paris. VI - Da Tragédia dos Paredes ao Jogos de Estocolmo. VII - Do Sensacional Duelo da Ameixoeira aos Jogos de Anvers. VIII - Do Nascimento da Federação aos Jogos de Paris. IX - Do Torneio do Estoril à Medalha Olímpica de Amesterdão. X - Dos Grandes Encontros à Recusa aos Jogos de Los Angeles. XI - Dos Indícios da Decadência aos Jogos de Berlim. XII - Do Desinteresse pelas Competições ao Ocaso duma Época Brilhante. | Interrupção | Documentos Fotográficos [77 estampas].
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
45€
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