31 outubro, 2024

MARCELINO, Anibal Artur -
COLONIZAÇÃO DE ANGOLA POR BRANCOS.
[Por]... Capitão. Funchal, Livraria Popular, 1930. In-8.º (21x14,5 cm) de 29, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Folheto crítico da política de colonização, que permite a demanda de lavradores impreparados a Angola, cenário evidente nas primeiras décadas do século XX.
"Temos de confessar, o que é bem triste, que e tantos sacrifícios e de tantas despezas, através não de alguns anos mas de séculos, com o fim de colonizar Angola, apenas o número limitado dos que se tem dedicado á indústria da pesca é que teem vingado e progredido regularmente.
Do resultado das experiências agrícolas pouco ou nada resta.
E o que resta, os Madeirenses ou os Escronhos, como lhes chamam os indígenas, não é uma colónia em que se tenha a menor esperança.
Como já se disse, são quási todos pobríssimos, não progridem e, o que é peor, cada vez se aproximam mais do indigena em tudo: na iniciativa do trabalho, na maneira de viver e até na mentalidade e aspecto que é já, o de muitos andrajôso.
Ora isto não é colonização de europeus é antes uma adpatação do branco á vida do preto."
(Excerto de A triste realidade)
Índice:
Sonho | A triste realidade: Colonização de Angola | Uma opinião sem autoridade | O clima | A inaptidão do colóno.
Exemplar brochado, parcialmente por abrir, em bom estado geral de conservação. Frágil e envelhecido. Passa da página 20 para a 25, sendo esta uma falha generalizada, julgamos, por erro da tipografia - extensível a todos os exemplares impressos.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

30 outubro, 2024

MOREIRA, Henrique -
O GENIO DAS TREVAS
. Porto, Typographia de Manoel José Pereira, 1873. In-8.º (20x13,5 cm) de 231, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Obra muitíssimo curiosa sobre a superstição na província, terreno fértil para o autor discorrer sobre o medo e "respeito" enraizado nos hábitos das populações da época.
Romance de alguma maneira histórico, sobejando as evocações do passado, cuja acção decorre no final da década de 30 do século XIX. Entre amores, desamores, ciúme e inveja, dá-se um misterioso envenenamento, e um religioso - o padre Romeo -, vai sentar-se no banco dos réus. Tudo condimentos para um romance agradável, bem escrito, e de certo modo, surpreendente, dado o relativo anonimato do autor.
Raro e muito interessante.
Dedicado pelo autor "A seu sogro, o E.mo Snr. Barão da Ponte de Quarteira".
Nada foi possível apurar acerca de Henrique Moreira. No entanto, a BNP dá notícia do presente romance com a indicação "sem informação exemplar", e dum outro - Os combatentes : romance de costumes algarvios. Época 1828 a 1834 - publicado em 1884. Apesar de ambos os livros terem sido impressos no Porto, o prefácio d'O Genio das trevas é datado de "Faro, 1873" e oferecido ao Barão da Ponte de Quarteira, e no outro caso, o assunto do livro reporta aos "costumes algarvios", evidenciando forte ligação do autor ao Algarve.
"Generalisar a civilisação politica, moral e religiosa pelo povo, dar ao romance a feição regeneradora d'uma philosophia popular, facilitar a elaboração dos conhecimentos uteis, elucidar o culto, substituir o codigo pela luz da consciencia, abater o preconceito, sublimar o direito da unidade social, moralisar os costumes, organisar a bem da sociedade pela analyse das instituições, harmonisar o bem da familia pela santificação dos affectos, tal é o fim dos nossos trabalhos litterarios."
(Prefacio)
"Aproxima-se o equinoxio da primavera do anno de 1837.
Enleva-se a alma em aspirar a embalsamada athmosphera da mais ridente estação do anno, e emballa-nos a solidão dos campos em mellifluo gozo. O sentimento, cheio de suave melancolia, embriaga-se com a exhalação odorifera dos vegetaes. A harmonia do infinito ergue um canto á deusa Ceres."
(Excerto de A aldeia: I - Sensações campestres)
"Aproximava-se, como dissemos, a primavera de 1837.
Haviam decorrido quatro annos, que se ultimara o memoravel cerco do Porto, e a sua recordação ainda vivia muito impressa no animo dos filhos da cidade virgem.
Um d'esses espiritos privilegiados, que aos vinte e dois annos podia dizer-se philosopho e poeta, abandonava a cidade, que guarda como religioso monumento o coração de um grande rei das novas eras liberaes, e retirava-se, como o cantor das Orientaes, para a athmosphera embalsamada com a fragancia dos campos.
Era filho de um apostolo dedicado á doutrina de Lincoln. Detestava tanto Mably como o absolutismo realista. O pobre velho tinha sido victima da sua dedicação. [...] Conta-se, que, ao extinguir-se o sopro vital do bom velho liberal, se voltara para o seu companheiro d'armas e amigo intimo, o sargento Alves Macedo, fallecido em 1848, e que, com o peito atravessado por uma bala, só podera dizer-lhe: - «Diz a meu filho que morri pela liberdade.» E morreu pronunciando esta santa palavra regada com o sangue de inumeras victimas nas dissenções politicas da terra.
O filho d'este homem patriota e liberal, chamava-se Celestino de Campos. Tinha, como dissemos, abandonado a cidade do Porto para se entregar á solidão campestre, fixando a sua residencia n'uma pequena povoação situada a pouca distancia do seu berço natalicio."
(Excerto de II - Um clarão de aurora)
"Celestino começava a ter certo predominio sobre os que o conheciam.
Ia creando a reputação de bom homem
Dizia-se na phrase d'aquella boa gente: - é um rapaz de juizo.
Ter bom senso aos vinte e dois annos é uma virtude recommendavel.
O parocho da capella da aldeia proxima, homem cujas cans denunciavam perto de setenta primaveras, modelo de sacerdotes, e sinceramente religioso, dizia um dia, em que conversava com um grupo de homens e mulheres, apontando para Celestino:
- Vedes aquella creança? É mais velho do que eu!
Todos entenderam o sentido d'aquellas palavras.
Em 1837 não existia a lei do ensino primario obrigatorio, e ainda hoje não existe, embora seja uma necessidade, que a civilisação urgentemente reclama. [...] Nas aldeias, como é natural, fazia mais sentir-se esta ausencia de luz. Grassava ahi muito a febre da superstição. A ignorancia acclimava as sombras do sepulcro, e os sonhadores multiplicavam as faces do prisma ideal das suas tetricas visões. [...] Reinava, portanto, muita imaginação supersticiosa na aldeia, aonde Celestino fôra buscar lenimento aos seus soffrimentos moraes.
Acreditava-se, com a maior ingenuidade e com a mais lhana fé, na existencia de espectros assustadores. Era rara a pessoa, que não confessasse ter visto alguma vez um d'esses singulares duendes, que a crença nescia veste com as mais fantasticas côres. Esses idolatras do invisivel, poetas de fantasia lugubre, tinham o magico poder de observarem sem ver. Similhavam cegos a contemplarem a aurea luz do sol.
É assim que, nas sombrias paginas da historia religiosa, se ergue um culto ao milagre.
Entre as tradições que mais vogavam, não passaremos em silencio uma, para apreciarmos até onde chegaca a credulidade popular. [...]
Eis a tradição:
«Foi n'uma noite de Fevereiro. O ceo estava limpo, e a lua reflectia a sua melancolica luz sobre as verdes collinas. Deu meia noite o sino da capella. De repente algumas nuvens d'aspecto carregado assomaram ao horizonte. Um furioso vendaval fez tremular os combros das florestas, que se agitavam ao longe. As nuvens ascendiam rapidamente, e pouco depois toda a cupola celeste estava negra. Passados momentos rebentou um formidavel trovão, cujo eco pareceu repercutir-se morosamente nas abobadas celestes, e um relampago encheu de luz a athmosphera. Fremiu cada vez mais furioso o trovão, e immensas vagas de fogo inundaram o espaço. Então, viu-se cahir no cemiterio um raio, sobre o jazigo d'uma pobre velha, que havia sido sepultada, fazia exactamente um anno na noite d'este acontecimento.
«Do sepulcro soltou-se um rouco gemido, que abalou os ares d'um modo funebre. Era triste e sinistro como o piar de um mocho. Em seguida ergueu-se um eburneo espectro com os olhos animados e deslumbrante chama. Todos se encheram de novo e extranho terror em presença da pallida visão erguida tetricamente do terreo leito. Mas cresceu o pasmo, quando viram o espectro caminhar silencioso, e aproximar-se a passos vagarosos das habitações campestres, fazendo gemer a terra debaixo de seus pés.
«As donzellas esconderam-se turvadas de pavor, e os homens mais corajosos tremeram, sem poder encarar a sestra visão.
«O sino da capella dobrou a finados n'aquella hora lugubre. O espectro medonho começou a crescer descomedidamente, e converteu-se n'um formidavel gigante. Seguiu, depois, por uma estreita senda, aonde habitava a filha da pobre velha, que havia morrido no anno anterior. [...]
«Chegou, finalmente, á porta do humilde legurio, aonde morava a filha da pobre velha. Bateu lentamente. Ninguem respondeu. [..] Bateu segunda vez, não lentamente como da primeira, mas até com certa violencia. Do interior da casa respondia o mesmo silencio.
«Rugiu então um inescrutavel fragor. O phantasma desappareceu, e ouviram-se distinctamente estas palavras:
- «Se não queres, minha filha, que esta alma errante vá soffrer a agrura das penas infernaes; se desejas poupar-me os mais crueis supplicios, vai cumprir dentro em tres dias a promessa, que tu sabes haver eu feito em vida: ha um anno que adejo pelos ares, e o meu socego eterno depende de ti.
«O ceo tornou-se depois subitamente sereno, e restabeleceu-se o socego na aldeia. Mas dizem que n'essa noite ninguem conseguira dormir. A impressão tinha sido muito violenta para deixar de infundir um sincero terror por todo o povo da aldeia.
«Houvera, porém, uma pessoa mais violentamente impressionada. Fôra a filha da pobre velha. A promessa em que o espectro fallava, devia cumprir-se no curto prazo de tres dias, e a filha era muito pobre. Que podia fazer a infeliz donzella? De nada lhe valeram os seus esforços, nem os das pessoas devotas, que se compungiam da sua penosa situação. A promessa ficou por cumprir. A desgraçada pastora não conseguira dormir um só instante n'esses tres dias. Havia-se tornado pallida como um cadaver.
«Expirou o praso fatal. Quando o sino da capella dava a ultima badalada da meia noite, a donzella estrebuxava na angustia d'um derradeiro suspiro.
«Na manhã do dia seguinte foram encontral-a  morta. [...]
Tal era a tradição que vogava na aldeia, e de que Celestino teve logo conhecimento, como vamos ver."
(Excerto de III - A superstição)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel marginais. Interior correcto.
Raro.
Indisponível

29 outubro, 2024

TEIXEIRA, Manuel S. -
VIAGEM AO SECULO XXX. Lisboa, Edição da Editorial Natura, 1945. In-8.º (17,5x11,5 cm) de 95, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance de ficção científica portuguesa.
"Decorreram alguns anos entre os dias em que a presente novela foi escrita e a sua publicação.
Tanto bastou para demonstrar que o mundo de amanhã será o outro, bem diferente do mundo hoje conhecido."
(Reflexão preambular)
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor na primeira página de texto.
"Paulo era filho de pais portugueses que havia anos haviam imigrado do continente europeu. Educado numa grande cidade do Novo.-Mundo, breve começou a interessar-se pelos problemas do Progresso.
Ao mesmo tempo que êle, a T. S. F. ensaiava os primeiros passos Nunca jóvem soberana tivera uma côrte de admiradores espalhada por todo o Mundo como a vencedora do éter. Jàmais homens de todos os continentes se uniram num tão grande amor.
Como a nova Fada vinha possuída de misteriosos encantos! [...]
Com os melhoramentos introduzidos no tubo «audion» tornou-se possível construir receptores eléctricos que se foram aperfeiçoando gradualmente, graças ao esfôrço dos adoradores da deusa peregrina. [...]
Fez novas instalações, aplicou maiores voltagens e conseguiu fazer chegar a voz a todas as cidades do país.
Também o país não era tudo, e havia ainda o resto do Mundo.
Novas instalações, mais fôrça electromotriz aplicada, e a as suas hertzianas atingiriam o outro lado do Globo.
Pouco depois começou a receber notícias dos antípodas acêrca das suas emissões que eram consideradas óptimas.
Ficou desolado e lamentou a pequenez da Terra. Aonde mais o poderiam levar as rádio-freqüências?"
(Excerto do Cap. I)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Indisponível

28 outubro, 2024

ALVES, Dr. José Maria -
PÁGINAS DA VIDA DE NOSSA SENHORA
. Lisboa, Escola Tipográfica das Oficinas de S. José, 1942. In-8.º (19,5x12,5 cm) de 150, [2] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Interessantíssima biografia de Nossa Senhora, laudatória e providencial, exemplo típico da literatura religiosa publicada durante o regime do Estado Novo.
Ilustrado em separado com uma bonita estampa de Nossa Senhora com a seguinte legenda: "Mãe puríssima, Padroeira dos portugueses, salvai-nos e salvai Portugal."
Obra invulgar, histórica, com relevância para a bibliografia mariana portuguesa.
"À Senhora de Fátima - no vigésimo quinto aniversário - das suas aparições em «Terra de Santa Maria».
A vossos pés, minha doce e terna Mãe, venho depôr estas humildes «Páginas» que, quais flôres singelas, fui colhêr no vergel florido do sagrado Evangelho. Procurei embelezá-las com as côres variegadas - reflexões e pensamentos - de piedosos e doutos escritores, e perfumá-las com o aroma que a meditação das vossas virtudes costuma deixar nas almas.
Com a vossa benção materna, feita de luz e de amor, voem elas por êsse Portugal além, cantando as vossa glórias, atraindo as almas ao vosso coração de Mãe e conduzindo-as a Jesus."
(Dedicatória)
Índice:
Palavras de S. Ex.ª Rev.mª o Sr. Arcebispo de Évora para prefaciarem o livrinho | Ao Leitor | Dedicatória | I - A Imaculada Conceição de Nossa Senhora II - Nascimento de Nossa Senhora. III - Maria deixa a casa paterna e vai para Jerusalém IV - Desposórios com S. José. V - Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. VI - Visitação de Nossa Senhora a santa Isabel. VII - Vai com S. José a Belém. - Nascimento de Jesus. VIII - A adoração dos pastores e dos Magos. IX - Maria Mãe de Deus. X - Purificação de Maria e apresentação de Jesus no Templo. XI - A fugida para o Egipto. XII - A Sagrada Família vai a Jerusalém para a festa da Páscoa. XIII - Volta para Nazaré. - Vida oculta. XIV - Em Caná de Galileia. XV - Maria durante a vida pública de Jesus. XVI - Ambiente hostil. - A última ceia. XVII - Ao pé da Cruz. XVIII - Nossa Senhora medianeira entre Deus e os homens. XIX - Aleluia! O Senhor ressuscitou! XX - Depois da Ressurreição. XXI - Aparições de Jesus. XXII - Ascenção de Jesus ao Céu. - Maria no Cenáculo. XXIII - Nossa Senhora e a Igreja. XXIV - Assunção de Nossa Senhora ao Céu.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa manchada por acção da luz. Sem f. ante-rosto(?).
Raro.
35€

27 outubro, 2024

SÁ, João Jorge Moreira de -
ACLARANDO A VERDADE (1910-1940).
Narrativa sucinta de quanto se passou a bordo do "Amélia" na ida para Gibraltar, no dia 5 de Outubro de 1910. [Por]... Vice-Almirante reformado. Lisboa, [s.n.], 1940. In-8.º (22x15 cm) de 77, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Depoimento de João Moreira de Sá, na época imediato do Yacht Real Amélia, que transportou D. Manuel II rumo ao exílio após a eclosão do movimento republicano de 5 de Outubro de 1910.
"Aclarando a Verdade constitui a principal fonte, cremos que a única conhecida, do que ocorreu no iate Amélia no dia 5 de Outubro de 1910, quando da grave opção posta à Família Real sobre o destino da viagem; seguir ou não para o exílio. Mesmo tratando-se de um depoimento pessoal, são textos desta amplitude que permitem aos historiadores compreender o horizonte de esperanças e inquietações com que o rei D. Manuel II se defrontou na hora em que viu o Trono derrubado. A narrativa do vice-almirante Moreira de Sá completa a que José Jacob Bensabat deixou no opúsculo A Verdade dos Factos [1929]."
(Excerto prefácio da edição mais recente do Prof. J. Veríssimo Serrão)
"Alguns amigos, conhecedores dos factos ocorridos a bordo do Yacht «Amélia», a 5 de Outubro de 1910, aconselharam-me e instaram comigo para que, no intuito de aclarar a verdade, relatasse na mais singela e absoluta pureza, quanto ali se passou.
É isso o que vou fazer.
Após vinte e quatro anos de pelourinho, fustigado mesmo por aquêles que sabiam como os acontecimentos se tinham dado e que, por escrúpulo de consciência, deviam sêr os primeiros a autenticá-los, aceitei os conselhos dêsses amigos e, com pesar, resolvi escrever esta resumida narrativa."
(Preâmbulo - Palavras curtas)
"Nos últimos dias do regime monárquico a propaganda republicana fazia-se com desplante e com audácia por todo o país, sem que a necessária repressão a entravasse.
Dir-se-ía que os poderes constituídos, se não a auxiliavam, também nenhuma espécie de importância lhe concediam.
Na imprensa, nos comícios, nos centros de conversação, nos clubes, nos cafés, semelhante propaganda fazia-se às claras, com pertinácia e audácia inacreditáveis, e com tanto maior incremento quanto era certo as autoridades consentirem-na em nome de uma liberdade que tocava as raias da licença e que, estabelecido o novo regime, nunca mais houve.
Sentia-se, palpava-se, pairava em densa atmosfera por tôda a parte e muito especialmente, nos quartéis, entre as guarnições dos navios, actuando no espírito da soldadesca, da marinhagem.
Fora dêste meio, onde quer que se formasse um grupo, aí estava ou surgia inesperadamente um missionário da república.
No Paço, os altos dirigentes afirmavam, todavia, que todo êsse torvelinho, propulsor a agitação do país, era absolutamente inofensivo, não passava de ridícula atoarda.
A família real acreditava nestas calmantes informações, talvez sinceras, mas que, impõe-se dizê-lo, eram demasiado ingénuas e condenadamente irreflectidas."
(Excerto da Narrativa)
Bonita encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conservas as capas originais. Assinatura de posse na f. rosto.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
30€
Reservado

26 outubro, 2024

VILARINHO, José -
ESPADAS E FLORETES : contribuição para a história do desporto em Portugal.
A esgrima portuguesa e as suas estórias de espadachins e atiradores, de duelos e assaltos, das justas aos Jogos Olímpicos e dos alfagemes às espadas eléctricas. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Gráfica Maiadouro, S. A. - Maia], 1993. In-4.º (24x17 cm) de 176, [2], [77], [1] p. il. ; [4] p. ; B.
1.ª edição.
Na capa, José da Costa Amorim, um dos grandes esgrimistas do princípio do século XX.
Importante subsídio para a história da Esgrima entre nós. Trata-se de um interessante contributo com interesse histórico e desportivo, ilustrado em separado com 77 estampas impressas sobre papel couché.
"A esgrima constituía nos últimos anos da Monarquia e nos primeiros da República uma das mais importantes disciplinas do desporto português e, a partir de finais da primeira década do século XX, foi-se tornando a nossa mais representativa modalidade a nível internacional, marcando posição de elevo em grandes torneios europeus e nos Jogos Olímpicos. Nesses anos, pouco depois da viragem do século, o desporto em Portugal era assunto das classes elevadas, actividades de tempos livres para quem os tinha. Talvez ainda mais do que outras modalidades, a Esgrima, "elegantíssimo género de sport", como se lhe referiam os periódicos da época, era uma das práticas favoritas de reis e príncipes, de moços aristocratas e da burguesia endinheirada, actividade obrigatória das escolas militares, passatempo de médicos e advogados, de engenheiros e artistas, de jornalistas e políticos, pares do reino ou deputados.
As festas da Esgrima, torneios, saraus ou mesmo assaltos como, por vezes, eram designados realizavam-se nos locais de maior prestígio de Lisboa ou do Porto e constituíam importantes acontecimentos mundanos, reunindo assistências numerosas das elites de então. [...]
Não se pense porém que, com a queda da Monarquia, a Esgrima perdeu as suas características e importância: Em Junho de 1910 D. Manuel II presidira à Semana das Armas e, pouco tempo depois, em Novembro, três ministros da República implantada um mês antes honraram, com Afonso Costa (um esgrimista) à cabeça, a sessão de reabertura dos trabalhos do Centro Nacional de Esgrima.
Os esgrimistas desse tempo, por vezes conflituosos e dados a grandes antagonismos e rivalidades, frequentemente caprichosos e nem sempre seguidores à risca das regras de fair play por eles próprios estabelecidas foram, não obstante, os grandes percursores do desporto de competição no nosso país e os primeiros a torná-lo conhecido e respeitado além fronteiras. Eram, também, desportistas ecléticos, como era de uso. Muito se surpreenderiam os praticantes de hoje se, para além de os encontrarem cruzando armas nas elegantes salas de outrora, quase todas situadas na zona do Chiado que era a mais nobre de Lisboa, com eles deparassem depois montando a cavalo no hipódromo de Belém, remando ou tripulando ágeis veleiros no Tejo, pedalando em provas ciclistas nas poeirentas estradas da periferia, procurando bater recordes em automóvel ou motocicleta, jogando futebol na Cruz Quebrada, lutando ou levantando halteres nos salões do Atheneu ou do Real Gymnasio Clube, atirando aos pombos na Ajuda ou mesmo pegando touros em Vila Franca ou Almeirim. Constituíam a juventude dourada da época e a imprensa designava-os por "distintos sportsmen"..."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução | I - Dos Relevos Egípcios às Bandas Desenhadas. II - Dos Combates Medievais às Salas de Armas. III - Do Soldado Liberal ao Mestre da Corte. IV - Da Elegância dos Saraus às Rivalidades nas Pranchas. V - Do Desaire de Madrid à Vitória em Paris. VI - Da Tragédia dos Paredes ao Jogos de Estocolmo. VII - Do Sensacional Duelo da Ameixoeira aos Jogos de Anvers. VIII - Do Nascimento da Federação aos Jogos de Paris. IX - Do Torneio do Estoril à Medalha Olímpica de Amesterdão. X - Dos Grandes Encontros à Recusa aos Jogos de Los Angeles. XI - Dos Indícios da Decadência aos Jogos de Berlim. XII - Do Desinteresse pelas Competições ao Ocaso duma Época Brilhante. | Interrupção | Documentos Fotográficos [77 estampas].
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
45€

25 outubro, 2024

BRAGA, Theophilo -
O MARTYR DA INQUISIÇÃO PORTUGUEZA ANTONIO JOSÉ DA SILVA (O Judeu). Por...
Lisboa, Publicação da Junta Liberal, 1910. In-8.º (22,5x13,5 cm) de 27, [5] p. ; [1] f. il. ; B.
Apontamento biográfico de António José da Silva, o Judeu, condenado à morte pela Inquisição. Variação da edição de 1904: capa tem impresso um título diferente do mencionado na f. rosto: "O Poeta Judeu e a Inquisição".
Ilustrado com uma estampa extra-texto: Estátua do poeta Judeu no Salão do Theatro de S. Pedro d'Alcantara, no Rio de Janeiro.
António José da Silva (1705-1739). "Poeta, comediógrafo e advogado, dito o Judeu, nasceu em 1705, no Rio de Janeiro, e veio a ser executado em 1739, em Lisboa. É considerado o dramaturgo português mais importante entre Gil Vicente e Almeida Garrett." (Infopédia)
Antonio José da Silva Coutinho (1709-1739), mais conhecido na tradição popular pelo nome de Judeu, representa na historia do Theatro portuguez o primeiro esforço para levantar a comedia da estreiteza acanhada dos divertimentos dos bonifrates, e fazel-a competir com a magnificencia da Opera italiana, que explorava o genio perdulario de Dom João V. Era uma empreza audaciosa no reinado aterrador do Santo Officio; Antonio José sabia fazer rir a multidão, e por esse facto tornou-se criminoso: a gargalhada acordava o povo do medonho pezadello dos inquizidores, e estes entenderam que merecia a morte aquelle que ousava distrahir as imaginações do assombro funereo dos Autos de Fé. Era preciso procurar-lhe um crime, inventar um pretexto para descarregar sobre o poeta a espada flammejante do fanatismo, vingar sobre elle a divida em aberto deixaa por Gil Vicente."
(Excerto da Introdução)
Índice:
[Introdução.] | Vida intima de Antonio José da Silva, tirada do processo do Santo Officio. | Influencia das Operas italianas na forma das suas comedias. | Operas no reinado de D. João V, de 1712 a 1735. | Elemento lyrico nacional das «Modinhas», aproveitado por Antonio José. | Origem popular da Opera «Vida de D. Quixote». | Como Antonio José descreve a falta da noção de Justiça no seu seculo. | Combate o ergotismo e as Theses monasticas na Opera «Esopaida». | A sensualidade de Dom João V, symbolisada no Jupiter da Opera Amphitryão. | Grito da natureza e protesto contra a prepotencia fanatica. | A sociedade elegante de Lisboa e as «Guerras do Alecrim e Mangerona». | O fidalgo pobre e os medicos. | Descripção dos martyrios e torturas moraes que Antonio José soffreu na Inquisição. | O Cavalheiro de Oliveira. | O espirito religioso condemnou a eschola de Antonio José.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Vincado ao centro.
Muito invulgar.
10€

24 outubro, 2024

PENSAMENTOS DE OLIVEIRA MARTINS.
Colhidos das suas obras por Um Amigo. Lisboa, Imprensa Nacional, 1889. In-16.º (14x9 cm) de 54, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Máximas de Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1894) escolhidas por um seu amigo em homenagem à sua obra, labor e dedicação à causa pública.
"Colligindo estes pensamentos das obras do nosso primeiro historiador, tive em mira pôr em frente da vossa vista bons preceitos de moral e politica que, não provindo de escriptor estrangeiro, nem por isso deixam de ter merito, como verão.
Dividi este livrinho de amor em duas partes: na primeira se contem os pensamentos politico-sociaes, na segunda os philisophico-moraes. Pensei igualmente em dal-o n'esta edição (pocket-edition) para que o podesseis levar para toda a parte como um objecto de especial carinho."
(Excerto de Á mocidade portugueza)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos, e pequenas falhas de papel marginais. Capa apresenta carimbo de posse e de biblioteca.
Raro.
Com interesse histórico e bibliográfico.
A BNP dá notícia do livro, porém, com a indicação "sem informação exemplar".
25€

23 outubro, 2024

VIANA, Mário Gonçalves -
AS CAVALHADAS EM PORTUGAL E NO BRASIL.
Ensaio de história comparada. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nas Oficinas Gráficas de Ramos, Afonso & Moita, Lda. - Lisboa], 1973. In-4.º (26x19 cm) de 38 p. ; B.
1.ª edição independente.
Separata do «Boletim Cultural» da Junta Distrital de Lisboa : Série III - N.ºs 75-78 - 1971/72.
Curioso ensaio histórico sobre as "cavalhadas", manifestações teatrais, normalmente inseridas em festas populares, que recreavam justas e torneios medievais, com uma ou outra deriva, dependendo do tempo e local onde eram (são) realizadas.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Vergílio Fernandes da Silva Lemos.
"A Cavalaria, pletórica de vitalidade, procurava adaptar-se às condições sociais que iam surgindo com os novos tempos.
Teve, entretanto, fases típicas, que importa revocar:
- Época heróica: Carlos Magno;
- Época galante: Távola Redonda;
- Época artificial: Quixote de la Mancha.
Chegou, porém, o tempo que a Cavalaria se tornou uma instituição sem missão específica a cumprir, e, portanto, anacrónica.
Tantas e tão gloriosas eram as suas tradições, nas altas e nas baixas esferas, que ela não aceitou desaparecer; procurou, desesperadamente, sobreviver às novas e, para ela, adversas circunstâncias. [...]
A Cavalaria, querendo sobreviver à hora própria, evoluiu no sentido da degeneração e da democratização. [...]
Nas sociedades sadias, são os indivíduos das classes populares que procuram imitar os indivíduos das classes privilegiadas; nas sociedades doentes e corrompidas, o fenómeno é inverso.
Por isso, à medida que o povo, mercê do trabalho e da economia, enriquecia, começou, naturalmente, a tentar imitar os jogos e as diversões dos nobres.
Mas com o nem sempre os novos-ricos sabem copiar fielmente os modelos que procuram reproduzir, surgiram como bem se compreenderá, várias versões mais ou menos afastadas dos antigos e admirados torneios de Cavalaria toda poderosa. Estas versões foram, essencialmente, o resultado de três tipos de imitação:
- Imitação séria;
- Imitação joco-séria;
- Imitação burlesca.
A imitação séria foi, sem dúvida, a menos frequente, e por motivos vários: falta de meios económicos, falta de tempo, falta de exercitação física, falta de agilidade, falta de coragem, falta de inteligência, falta de capacidade organizadora, etc.
Nenhuma actividade aristocrática, complexa, longamente preparada, pode improvisar-se ao mesmo nível da actividade originária.
Além disso, o povo tende, de modo instintivo, a diminuir ou ridicularizar (conscientemente ou inconscientemente) as acções das classes elevadas. E fá-lo por despeito ou por incapacidade para as compreender, isto é, por escassez de formação moral, social ou intelectual; por falta de intuição, de sensibilidade e de delicadeza."
(Excerto do Ensaio)
Mário Gonçalves Viana (Lisboa, 1900 - Esposende, 1977). "Pedagogo, escritor e crítico literário, atividade que exerceu no Jornal do Comércio e Colónias e no Polígrafo. Foi professor e formador de professores. Foi, igualmente, autor de uma obra vasta nas áreas da pedagogia, psicologia e biografia. Refletiu, abundantemente, sobre os valores da educação e sobre a deontologia docente. Fez os estudos secundários em Coimbra, tendo-se licenciado em Direito na Universidade de Lisboa em 1923. De 1927 a 1930, foi redactor principal do Jornal do Comércio e das Colónias, de que era também crítico literário. Entre 1934 e 1936, exerceu o cargo de conservador do Registo Civil de Manteigas, tendo depois seguido a carreira de professor do ensino secundário em vários estabelecimentos de Viana do Castelo, Esposende e Porto. Colaborou no jornal A Voz, de Lisboa, com uma secção regular de Sociologia Agrária, e foi cronista e crítico literário do Diário do Minho, de Braga. Tem ainda colaboração sobre educação física, pedagogia desportiva e psicologia, dispersa por jornais e revistas de Portugal, Brasil, Uruguai, Chile, Itália, França e Espanha."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa oxidada, manchada à cabeça.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
25€

22 outubro, 2024

CASTELLO-BRANCO, Camillo -
AVENTURAS DE BAZILIO FERNANDES ENXERTADO
. Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira, 1863. In-8.º (17,5x11,5 cm) de 235, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original de uma das obras mais estimadas e engraçadas do mestre-prosador de S. Miguel de Seide. Trata-se estas "Aventuras..." de um romance de crítica social que espelha e satiriza os costumes da burguesia endinheirada do Porto na época.
"Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, publicado originalmente em 1863, centra-se nas peripécias de Basílio Fernandes, filho de um comerciante rico do Porto. A história é narrada por um amigo próximo de Basílio, que supostamente o defende e protege, mas a perspetiva do narrador sobre o protagonista nem sempre é clara, e o tom é muitas vezes irónico e jocoso, não deixando de expor situações pouco abonatórias em relação ao “herói” Basílio Fernandes, como o próprio narrador o qualifica. É esta dicotomia, enriquecida pelo estilo camiliano, que tornam as Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado , uma das mais importantes obras satíricas de Camilo Castelo Branco."
(Fonte: https://www.almedina.net/as-aventuras-de-bas-lio-fernandes-enxertado-1563993915.html)
"Bazilio Fernandes é um sujeito de trinta e sete annos, com senso-commum, engraçado a contar historias de sua vida, activo negociante de vinhos no Porto, amigo do seu amigo, e bastante dinheiroso - o que é melhor que tudo já dito e por dizer.
Seu pai chamou-lhe José Fernandes, por alcunha o Enxertado. Pegou-lhe a alcunha, por que, sendo elle natural de um aldeia d'aquelle nome em Tras-os-Montes, quando já era caixeiro, muitas vezes dizia aos seus companheiros de passeata, aos domingos: Ó Porto é boa terra; mas lá como o Enxertado ainda não puz os olhos n'outra!». A caixeirada, menos sensivel á saudade das suas aldeias, ria do moço, e, por mófa, lhe chamava o Enxertado, alcunha que elle ajuntou ao seu nome com honras de appellido.
Casou José Fernandes com Bonifacia Teixeira, filha do patrão, que negoceava em azeite, depois que enriquecera na sua mercearia  do largo de S. Bento.
Bazilio foi o primogenito e unico. Nascêra muito gordo e extraordinariamente volumoso. Tinha a cabeça igual ao do restante corpo, e uns pés dignos pedestaes do capitel da irregular columna. Em quanto ao tamanho descommunal da cabeça, foi isto motivo para muitas alegrias em casa: no parecer d'aquella mãe ditosa, a grandeza da cabeça era signal de juizo, e o tamanho das orelhas correlativas signal de bom coração. O pai, como não tinha idéas suas ácerca de orelhas, abundava nas de sua mulher, posto que de via certa soubesse que um máu visinho da porta dissera que o seu Bazilio era aleijado, e sahiria com orelhas de burro, se se demorasse mais tres mezes no ventre materno.
A casa do mercieiro ia um frade carmelitano de optimos costumes, ainda parente transversal da senhora Bonifacia. Era opinião de frei Silvestre do Monte do Carmo que a volumosa cabeça do menino significava talento. Este prognostico abalava mediocremente os animos dos pais, que não sabiam o que era, nem o para que servia n'este mundo o talento."
(Excerto de I - Nasce o heroe. A cabeça e as espertezas do mesmo)
Indice:
I - Nasce o heroe. A cabeça e as espertezas do mesmo. II - As delicias portuenses do peixe-frito, antes da civilisação. Custodia banhada pela luz do seculo. Bonifacia sustenta as saudaveis doutrinas da estupidez. III - O heroe em mangas de camisa. IV - Afoga-se Bazilio, e desafoga-se milagrosamente. V - Basilio poeta. Conquista um tacho. O que lhe aconteceu na capoeira. VI - A paixão fatal do heroe. Memorias dos nossos dias. VII - O coração inimigo das pernas. VIII - Com commendas e bolos se enganam os tolos. IX - Bazilio entre as senhoras Raposeiras, e o mais que se disser.. X - Em que entra o author. XI - Vantagens do roubo contra os inconvenientes da predestinação, segundo Balzac. XII - Dois exemplos de amor paternal. XIII - Chora o heroe. XIV - Ama Bazilio uma prima-donna di-cartello do real thetro de S. João. XV - Que entrudo elle teve!... XVI - Castigos de leviandade. Capitulo de muita moral. XVII - A minha correspondencia com Bazilio Fernandes Enxertado. XVIII - O maior murro que ainda levaram queixos de homem. XIX - Lagrimas. Capitulo fastidioso. XX - A santa poesia da caridade. XXI - Como elles se amavam, sem affrontarem a moral publica. XXII - Que fim! XXIII - Conclusão.
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Lombada apresenta falha de papel na extremidade superior.
Raro.
85€

21 outubro, 2024

CORTESÃO, Jaime – MEMÓRIAS DA GRANDE GUERRA (1916-1919).
3.º milhar. Biblioteca Histórica : Memórias. II. Pôrto, Edição da «Renascença Portuguesa», 1919. In-8.º (18,5x12 cm) de 247, [1] p. ; [35] f. il. ; [1] mapa desdob. ; E.
1.ª edição.
Capa assinada por Adriano de Sousa Lopes (1879-1944).
Memórias do autor - capitão-médico do CEP na Flandres -, sendo esta uma das mais notáveis obras coevas publicadas sobre a Grande Guerra.
Livro ilustrado extra-texto com 35 fotogravuras e desenhos. Inclui um mapa desdobrável da região norte de França, onde operaram as forças do Corpo Expedicionário Português.
Obra invulgar e muito apreciada.
"Este livro vem tarde.
A guerra e as prisões (a guerra sempre) não me deixaram fôrças para fazê-lo antes.
A própria violência da guerra atingiu esta pequena obra na sua primeira forma.
Durante as horas serenas ou terríveis da França eu o tinha apontado com a pena e com o lápis, escrevendo e desenhando. Perderam-se êsses apontamentos na batalha do Lys, ficando-me apenas alguns poucos que enviára para Portugal. Foi com êles e com restos de cartas e recordações que eu reconstituí o perdido, e rascunhei de novo as minhas memórias.
Direi apenas o que vi e ouvi. Sofri demais para poder mentir. O sentido da verdade e a coragem de a dizer são as maiores conquistas que esta guerra deu aos que nela mergulharam a fundo.
[…]
O que todos, todos puderam sentir nesta guerra foi a sua infinita capacidade de misérias.
Muitos, em nome de altos princípios, deram-se com heroísmo sereno às mais dolorosas provações. E alguns, quando colocados na contingencia dos deveres terríveis, fôram sublimes. Tiveram nos dias cinzentos horas de claridade divina.
Mas só assim, amassada com oiro e lama, a verdade é humana, é inteira e grandiosa.
O homem, - o mais alto, só o foi, só o é em relação à sua e à baixeza dos outros.
Êste livro vem tarde, mas inda vem a tempo.
[…]
Nem por isso a nossa guerra, como as outras, deixa de se repassar em sofrimento e de epopeia. Para isso bastava a batalha do Lys e a arrancada épica daqueles homens, que, vencendo a inércia e a descrença dos grandes chefes, conseguem, através de tudo, marchar para a frente, onde se ganhava a vitória.
Vem tarde êste livro, mas cêdo todavia para a visão inteira e larga da nossa luta."
(Excerto do Prefácio) 
Índice:
Prefácio | O génio do Povo | O Palácio na lama | Luta inglória | Em viagem |Baptismo de fogo | Os sete círculos da guerra | Ecce Homo!… | Três dias, como tantos | Dezembro de 1917 | A terra fantasma | Gritos na noite | O Esgalhado | O almôço do Pintor | Os que endoidecem | Os mortos | Um raid | Sôbre a arena | No abismo | A batalha do Lys | Às grades | Últimos combates | O soldado da Grande Guerra | Post-sriptum.
Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960). Médico, político, escritor e historiador português. "Formou-se em Medicina em 1909, depois de ter estudado em Coimbra, Porto e Lisboa. Foi professor no Porto de 1911 a 1915. Tendo sido eleito deputado em 1915, defendeu a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial onde participou como capitão-médico voluntário do Corpo Expedicionário Português, tendo publicado as memórias dessa experiência. Com Leonardo Coimbra e outros intelectuais, fundou em 1907 a revista Nova Silva. Em 1910, com Teixeira de Pascoaes, colaborou na fundação da revista A Águia, e em 1912 dá início à Renascença Portuguesa, que publicava o boletim A Vida Portuguesa.  Em 1921, separando-se da Renascença Portuguesa, é um dos fundadores da revista Seara Nova. Em 1919 foi nomeado  director da Biblioteca Nacional, cargo que exerceu até 1927. Devido a ter participado numa tentativa de derrube da ditadura militar foi demitido, exilou-se acabando por viver em França, donde saiu em 1940, devido à invasão daquele país pelo exército alemão. Foi para o Brasil, passando por Portugal, onde foi detido por um curto espaço de tempo. No Brasil residiu no Rio de Janeiro, tornando-se professor universitário, especializando-se na história dos descobrimentos portugueses e na formação do Brasil. Em 1952, organizou a Exposição Histórica de São Paulo, para comemorar o 4.º centenário da fundação da cidade. Regressou a Portugal em 1957."
Encadernação meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
45€

20 outubro, 2024

FELGAS, Hélio Esteves -
A, B, C DO CANDIDATO A CONDUTOR DE AUTOMÓVEIS. (Questionários sobre mecânica, Código e circulação).
Pelo Capitão... Todos os direitos reservados e edição registada por "O Volante". Preço 12 escudos. [Lisboa], "O Volante", [1949]. In-8.º (16x12 cm) de 103, [5] p. ; [3] desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso manual de mecânica e condução dirigido aos profissionais e "amadores".
Ilustrado com desenhos, tabelas e quadro das "despesas" com o carro no texto, e em separado, três desdobráveis: Sinalização adoptada em Portugal [com os sinais de trânsito a cores]; Gráfico de um «chassis» indicando os principais pontos a lubrificar; Mapa das Estradas de Portugal (40x22,5 cm).
Obra rara e muito interessante. Inclui um capítulo inovador dedicado às motos: "Exame de motociclos", onde ensina a condução e mecânica pelo método pergunta/resposta, não se coibindo o autor. no entanto, de criticar as disposições regulamentares do respectivo exame de condução.
"«O Volante», fiel à missão que se impôs, de contribuir, por todos os meios ao seu alcance, para o desenvolvimento do automobilismo em Portugal, tem o prazer de dar à luz da publicidade mais uma edição técnica - o «A, B, C do Candidato a Condutor de Automóveis». Há muito que fazia falta, no nosso meio, um livrinho como este que,de forma simples e o mais sucinta possível, ministrasse aos alunos de condução de automóveis os conhecimentos indispensáveis. [...]
Na presente edição, o autor teve tanto a preocupação de poupar tempo e trabalho aos instrutores e aprendizes de condução, que dividiu estes em amadores e profissionais, ministrando mais ensinamentos aos segundos do que aos primeiros. A uns e outros o ensino é feito em forma de questionário adequado às provas de exame, juntando-se mesmo alguns modelos de prova escrita.
O trabalho do sr. Capitão Felgas termina com ensinamentos especialmente dedicados aos candidatos a motociclistas e com as respostas às perguntas hoje mais geralmente feitas nos exames de condutores de automóveis."
(Excerto do Prefácio do editor)
"Discordamos abertamente da forma como se desenvolve no presente a prova prática do exame de motociclos, visto que o julgamento de tal prova pode ser feito por qualquer cidadão, saiba ou não conduzir motos, e o próprio exame é uma questão e sorte.
O facto de este exame ser uma prova de perseguição que o candidato move ao automóvel do examinador é, porém, assunto que está fora do âmbito do problema que estamos tratando e por isso não o abordaremos por agora.
A prova escrita do exame de motos compor-se-á, como todas as outras, de duas partes distintas: a primeira, versando sobre circulação, código e condução, que deve ser severa, difícil mesmo; a segunda, sobre mecânica aplicada, que deve ser relativamente fácil e incidindo apenas sobre os pontos cujo conhecimento seja, de facto, necessário ao candidato."
(Excerto de Exame de motociclos)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas algo sujas. Com sublinhados e notas a tinta no interior. Mapa das Estradas apresenta rasgão, sem perda de suporte.
Raro.
25€

19 outubro, 2024

CAUFEYNON, Doutor - O CASAMENTO E SUA HYGIENE. Traducção de A. de Casto. 2.ª edição. Lisboa, Livraria do Povo : Silva & Carneiro, [191-]. In-8.º (17,5 cm) de 77, [3] p. ; B. Bibliotheca Scientifica, N.º 5
Interessante ensaio sobre o casamento e a sexualidade no matrimónio.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do tradutor.
"Apenas tenha attingido a edade da maturidade procreadora, o homem sente-se attrahido insistentemente para a mulher.
Todas as suas aspirações convergem então para esse fim; é uma verdadeira crise do espirito e do corpo que se prepara, e cuja solução mais natural e moral, mais favoravel á sociedade e ao individuo, é o casamento.
Se o acto sexual não é absolutamente indispensavel para a conservação da saude, pelo menos exalta a vida e constitue uma necessidade real, sobretudo para a mulher, que não adquire a plenitude dos seus encantos physicos, senão depois do casamento."
(Excerto de O casamento sob o ponto de vista sexual)
Summario:
I - O casamento sob o ponto de vista sexual. II - Primeira noite de nupcias. III - Os fins do casamento. IV - O momento da procreação. V - Gravidez e a edade critica. - VI - O Vaginismo. VII - Hygiene dos esposos. VIII - As fraudes conjugaes.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas algo oxidadas.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

18 outubro, 2024

RIBEIRO, José Silvestre -
ESTUDO MORAL E POLITICO SOBRE OS LUSIADAS. Por...
Lisboa, Imprensa Nacional, 1853. In-8.º (22,5x14 cm) de XI, [1], 236, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Importante e apreciado estudo camoniano.
"[...] O alvo a que attirei n'este trabalho - foi o de desentranhar dos Lusiadas as sentenças moraes e politicas, que o grande Camões lançou e acolá, aprendidas na sua vasta lição, na eschola do mundo e na da adversidade, e inspiradas pelos mais generosos impulsos de um coração, que transbordava de sentimentos nobres, ou, como hoje se diz, altamente humanitarios. [...]
Puz todo o cuidado em não forçar o sentido que o Poeta ligou ás suas Maximas; e se pela maior parte applico estas aos tempos de hoje, vês-se-ha que é muito natural e sem esforço a applicação que faço. [...]
O plano que adoptei n'este Estudo foi o de transcrever os versos, ou as oitavas do Poéta, explicar o seu sentido, , quando necessario o julguei, e apresentar depois a moralidade, com os desenvolvimentos ou exemplificações que me parecêrão convenientes. - Sempre que o pude fazer, procurei pôr em parallelo, umas com outras, as passagens analogas dos Lusiadas."
(Excerto da Introducção)
José Silvestre Ribeiro (Idanha-a-Nova, 1807 - Lisboa, 1891). "Político e historiador português, autor de uma importante obra sobre a história das instituições científicas e culturais portuguesas. Foi administrador geral de vários distritos, ministro da Justiça, deputado e par do Reino. Distinguiu-se sobremaneira no processo de socorro às populações do Ramo Grande aquando do grande terramoto da segunda Caída da Praia e no arranque do subsequente processo de reconstrução da Praia da Vitória. Igualmente se destacou no combate à fome que assolou a Madeira em 1847 e a ele se deve as primeiras tentativas de transformar o bordado da Madeira numa actividade económica. As suas ideias esclarecidas sobre a economia e a sociedade e a sua visão europeísta do futuro de Portugal fizeram dele um dos pensadores mais avançados do Portugal do seu tempo, com algumas das suas propostas a levarem mais de um século para obterem plena concretização."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
30€

17 outubro, 2024

RUSSO, Alferes Américo José -
GUIA DO AGENTE FISCALIZADOR DA CAÇA E DA PESCA E DO RESPECTIVO DESPORTISTA.
Compilação do... Comandante da Secção da G. N. R. de Penafiel. Publicação autorizada pelo Comando Geral da Guarda Nacional Republicana. [S.l.], [s.n. - Centro Gráfico de Famalicão de José Casimiro da Silva - Vila Nova de Famalicão], 1958. In-8.º (16x11 cm) de 365, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso vade-mécum, reúne todas as informações pertinentes (e actualizadas) que regularizam a caça e a pesca em Portugal, incluindo todos os assuntos directa ou indirectamente ligados a estas actividades.
É muito interessante o capítulo dedicado ao Registo canino, que o autor divide em três grandes grupos, com as respectivas definições: os cães de caça; os cães de guarda; os cães de luxo, propondo ainda, em "Extinção dos cães vadios", uma (discreta) "solução final" para os cães da rua.
O tema da Caça fecha com 12 quadros-resumos em página inteira.
"O Decreto n.º 23.461, que regulamenta o exercício da caça, data de 1934, e, de então para cá, tem sofrido várias alterações que se encontram dispersas por vários diplomas, o que torna difícil a sua consulta.
O mesmo sucede com a legislação que regula o exercício a pesca, esta ainda mias complexa, porque não tem pròpriamente um diploma fundamental, pois sendo vários os que regulam este desporto, cada um trata da sua parte sem se referir quase aos outros, agravado pela circunstância de a maior parte dessa legislação se não encontrar publicada senão nos Diários do Governo, nem sempre fáceis de conseguir, visto alguns datarem de há mais de setenta anos.
Estas dificuldades deparadas a cada passo no desempenho das funções de Comandante da Secção Rural da Guarda Nacional  Republicana, encorajaram-me a reunir num único livro, a que dei o título de «Guia do agente fiscalizador da caça e da pesca e do respectivo desportista», toda a legislação que regula estes assuntos, no qual foi incluída também a que se refere a
Armas
Registo de cães
Vacina de cães
Polícia Florestal,
por se relacionar com a que orienta aqueles dois desportos.
E para maior utilidade deste trabalho, procurou-se dar a este livro um formato prático, fácil de transportar sem grande incómodo, dado que tanto o agente fiscalizador como o desportista têm necessidade de o trazer sempre consigo, para o consultarem a cada momento."
(Excerto de Advertência)
Índice:
Advertência | I- Caça. II - Armas. III - Registo de cães. IV - Vacina de cães. V - Polícia Florestal. VI - Pesca.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Indisponível

16 outubro, 2024

GALLIS, J. Alfredo - SYNOPSE DOS HOMENS CELEBRES DE PORTUGAL DESDE A FUNDAÇÃO DA MONARCHIA.
Por...
Lisboa, Typographia de J. C. de d'Ascensão Almeida, 1883. In-8.º (16x10,5 cm) de 149, [1], VII, [1] p. ; [4] f. il. ; B.

1.ª edição.
Edição original daquela que terá sido a primeira obra do autor, publicada com apenas 23/24 anos. Trata-se de uma síntese histórica preenchida com os apontamentos biográficos das mais relevantes personalidades da História de Portugal - de Egas Moniz, o Aio (1080-1146) a D. Pedro de Souza Holstein (1781-1850). No final do livro os editores incluíram o Juizo da imprensa onde se encontram reproduzidas as opiniões sobre a obra veiculadas nos principais jornais da época.
A obra divide-se em quatros secções: - Armas; - Descobridores; - Poetas e eruditos; - Factos diversos.
Contém 4 gravuras abertas em metal hors-texte: D. Vasco da Gama; Pedro Alvares Cabral, Luiz de Camões; Marquez de Pombal. O retrato de Camões é da autoria de Pastor; os restantes não foi possível determinar.
"Antes de se lerem as modestas paginas d'esta simplicissima obra, é necessario avisar o leitor, que não deve phantasiar ideaes quanto á essencia do que aqui vae encontrar. Ao ser encarregado de fazer o livro em questão, observei que elle não poderia deixar de ser um modestissimo resumo, em que apenas a escolha dos biographados, e a verdade dos factos lhe dessem algum valor, visto não ser necessario uma vasta intelligencia para a conformação d'estas obras especiaes. No genero, conheço como completo e de grande valor o Diccionario bibliographico do fallecido bibliographo Innocencio da Silva.
É preciso notas que Innocencio escreveu a sua obra em sete grossos volumes, nos quaes cada biographia é uma synthese muito perfeita e completa.
Não pretendo, nem jamais pretendi, escrever um livro biographico de indiscutivel merecimento, mas sim collocal-o ao alcance de todas as bolsas e de todas as intelligencias.
A nossa historia em geral pouco sabida, contem vultos de enorme importancia em todos os ramos do saber humano, vultos que seria um incrivel desleixo, não ir pouco a pouco fazendo sahir da obscuridade em que jazem para os menos versados em leitura.
N'este intuito segui o systema de biographar resumidamente cada um dos homens mais notaveis de Portugal, certo de que os que lerem estas biographias sentirão o desejo de mais desenvolvidamente conhecerem o heroe do seu agrado."
(Excerto da introdução, Ao leitor)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais 'Anthony', 'Rabelais', 'Condessa do Til' e 'Katisako Aragwisa'. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo 'Rabelais'. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal."
Exemplar em brochura, revestido de capas lisas, com título batido à máquina na capa frontal. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
50€