06 outubro, 2024

GARCIA, Maria Antonieta - JUDAÍSMO NO FEMININO : Tradição popular e ortodoxia em Belmonte. Lisboa, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões : Universidade Nova de Lisboa, 1999. In-4.º (23x16 cm) de 320 p. ; [31 f. il. ; [16] p. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante trabalho académico com importância para a história da participação feminina na vida e administração dos ensinamentos religiosos na ancestral comunidade judia de Belmonte.
Livro muito ilustrado no texto com quadros, tabelas e desenhos esquemáticos, e em separado, com mapas, fac-símiles e fotografias a p.b. e a cores.
"Em Belmonte, o marranismo tem uma história de séculos. A prática da Lei de Moisés . a religião do Antigo Testamento instituída pelo Criador - incorporou aí um conjunto de rituais cristãos compatíveis com a doutrina e a imagem que os marranos presumiam ser a identidade religiosa judaica. A religião foi transmitida pelas mulheres, conhecidas algumas por «sacerdotisas judaicas»; a Palavra do Pai foi ensinada pelas mães; adoraram Ester, seguiram os modelos das matriarcas bíblicas, seivaram o orgulho de ser judias, conhecem preceitos por que se pauta a vida num lar judaico e construiram códigos reguladores da vida social. Ora isto está em contradição com o judaísmo ortodoxo que é do domínio dos rabinos. Entrada a ortodoxia na comunidade, como apagar a memória e distanciar as mulheres? Elas despertam receios porque a autarcia religiosa que elas haviam construído torna supérfluos os ensinamentos rabínicos... A mulher judia pertence a um povo com uma história de perseguição, fonte de desenraizamento, de sofrimento e de conformismo mas que se revela também fermento de rebeldia e criatividade."
(Sinopse)
Índice:
Prefácio | Introdução | I - Prolegómenos à identidade feminina judaica. II - Belmonte e os ângulos de visão das identidades. III - A construção da cidadela da ortodoxia. IV - De Cristãos-novos e Judeus-novos. V - Mulher judia e as alteridades. | Conclusão | Bibliografia.
Maria Antonieta Garcia (n. 1945). "Nasceu em 1945, no Fundão. É licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa; Mestre em Literatura e Cultura Portuguesas pela Universidade Nova de Lisboa e doutorada em Sociologia da Cultura pela mesma universidade. Foi professora na Universidade da Beira Interior e hoje está aposentada. Colaborou em inúmeras revistas e livros coletivos e atualmente tem uma coluna no jornal do Fundão intitulada “E Assim Se Fazem as Coisas”. É membro da Associação Portuguesa de Estudos Judaicos e da Associação Portuguesa de Estudos do séc. XVIII, assim como do Instituto Mediterrâneo."
(Fonte: https://beira.pt/portal/noticias/sociedade/antonieta-garcia-apresenta-hoje-ana-dos-rios-na-inquisicao-um-livro-e-a-fogueira-na-bmel/)
Exemplar em brochura, bem conservado. Sem f. ante-rosto.
Invulgar.
20€

05 outubro, 2024

LÖWENSTEIN (Soror Ignez), Princesa de -
PRINCESA E MONJA. (A Viúva de E-Rei D. Miguel).
Tradução e introito do Conde d'Alvellos. Pôrto, Depositária: Livraria Tavares Martins, 1936. In-8.º (19x12 cm) de XXIII, [1], 218, [3] p. ; [46] f. il. ; E.
1.ª edição.
Apontamentos biográficos sobre a vida de Maria Adelaide de Bragança, viúva do rei D. Miguel, traçados pela pena de sua sobrinha, a Princesa de Lowenstein.
Livro ilustrado com um fac-símile no texto e, em separado, 46 estampas que reproduzem fotografias e gravuras de retratos, objectos de estimação e locais caros à família real portuguesa no exílio.
Junta-se duas bonitas pagelas:
- Dom Miguel de Bragança e Sua Espoza D. Adelaide, Sophia, Amelia (105x70 mm);
- Anjo de mãos postas rezando (112x58 mm)).
Exemplar n.º 806 de uma tiragem não declarada, rubricada pelo tradutor.
A f. ante-rosto apresenta uma dedicatória manuscrita com autógrafo não identificado: "A sua mulher em homenagem ás boas tradições cristãs da sua família."
"Após o «Desembargo do Paço» (aqui já concedido pela Graça de Quem de Direito), os in-fólios, à velha usança, eram apresentados à leitura dos curiosos das letras por um prólogo, introito, ou, como soe dizer a Mestrança, por um pródromo adequado. Agora, porém, roçaria pelo sacrilégio juntar outros traços a êste retrato religioso, na factura do qual o talento e a sinceridade da Pintora subiram quási à altura da grandeza moral da Retratada.
De facto, êste livro está escrito com o coração, um coração puro como era o da Princesa de Lowenstein - Soror Ignez no Convento Beneditino de Solesmes - sobrinha de Madre Adelaide de Bragança, a Rainha Viúva do nobilíssimo Rei Dom Miguel de Portugal.
Esta narrativa, leve e graciosa no enrêdo, grave e cheia de conceito na finalidade, encadernada em alvura, ficará bem na estante dos livros de orações, pois é uma oração à bondade e ao total desinterêsse de Si Mesma, - Essa Mesma freira humilde a Quem os Césares do Seu Tempo iam consultar!
Para que dizer mais sôbre a Grande Dama que, aos vinte anos, não duvidou unir o Seu alto destino ao de um Rei banido de Seu reino pela ingratidão, pobre pelo roubo, premeditado e sistemático, de tudo que Seu era, vilipendiado por muitos que até a mesma vida Lhe deviam?"
(Excerto do introito - Advertência)
Encadernação belíssima inteira de pele a duas cores (negro/carmim), com as armas reais portuguesas, título e autor em dourado. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas apresentam pequenas falhas de pele nos cantos e na lombada.
Muito invulgar.
Peça de colecção.
50€

04 outubro, 2024

DIAS, Jorge -
ASPECTOS DA VIDA PASTORIL EM PORTUGAL.
Separata da Revista de Etnografia n.º 8 : Museu e Etnografia e História. Porto, Junta Distrital do Porto, [197-]. In-8.º (22,5x16,5 cm) de 57, [3] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio etnográfico sobre a actividade pastoril em Portugal.
Bonita monografia, ilustrada com inúmeras fotografia a p.b., muitas delas em página inteira.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Caetano de Carvalho.
"Portugal é, ainda hoje, um dos países da Europa onde a vida pastoril mantém excepcional carácter e enorme diversidade. Pode dizer-se que isso se deve, em parte, às características de certas regiões naturais pouco propícias à agricultura e que podem ser aproveitadas para pasto de animais com excepcionais aptidões, para sobreviver em ambientes secos, pedregosos e povoados de magro revestimento vegetal, como são as cabras, mas também, em parte, pelo grande apego do nosso povo à tradição. [...]
Ao tentar traçar aqui um quadro resumido da vida pastoril em Portugal, adoptei como critério fazer uma divisão segundo animais pastoreados, de preferência à divisão regional a que muitos dão favor.
Em Portugal há rebanhos de cabras, ovelhas, bois, vacas, touros, porcos, cavalos e até de perus, que não incluímos neste trabalho. Alguns desses animais constituem rebanhos de diferentes tipos, conforme as regiões e as circunstâncias."
(Excerto de preâmbulo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
25€
Reservado

03 outubro, 2024

DANTAS, Julio -
CRUCIFICADOS
. Lisboa, Manoel Gomes, Editor, MDCCCCII [1902]. In-8.º (20x13 cm) de [8], 136 p. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta obra "licenciosa" de Júlio Dantas - "Peça em 4 actos, representada pela primeira vez em janeiro de 1902, no Theatro D. Amelia", - que deu brado na época. Trata-se de um drama social onde, pela primeira vez, no teatro nacional, é abordado o tema da homosexualidade, circunstância que terá provocado alguma perplexidade e repugnância a importante franja do meio literário e social.
Peça rara e muito curiosa, seria republicada mais tarde, em 1914 (2.ª ed.) e na década de 20 (3.ª ed. refundida).
"Um interior modesto de solteirões, em pleno Bairro Alto. Casa velha da rua da Atalaya: rodapé baixinho de azulejos; sacada de taboinhas. Porta para a escada; silhar de tijolos; vê-se o corrimão, descendo. Estante de livros; papeleira; cadeiras de sóla. O ar desaconchegado das casas onde não ha mulheres. Um sophá. Perto, uma mesa de trabalho: livros, papeis, grande castiçal, com pára-luz de seda côr de rosa."
(Primeiro Acto - sinopse)
Júlio Dantas (1876-1962). "Figura destacada da actividade social, política e cultural durante as seis primeiras décadas do século XX. O elevado número de cargos (Comissário do Governo junto do Teatro Nacional, Director e Professor da Secção Dramática do Conservatório Nacional, Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos) e funções políticas que desempenhou (Senador, Deputado em diferentes legislaturas, Ministro de várias pastas – Instrução Pública e Negócios Estrangeiros – em diversos Governos, Presidente do Partido Nacionalista, Membro da Comissão de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações) compete com o número de títulos que publicou em vários géneros literários: romance, conto, poesia, teatro, crónica, oratória, ensaio.
Os seus escritos revelam uma predilecção pelo século XVIII, tempo a que dedicou alguma veia ensaística em O Amor em Portugal no Século XVIII (1915) e onde se situa a acção de muitas das suas peças de teatro mais emblemáticas: A Severa, 1901; A Ceia dos Cardeais, 1902; Um Serão nas Laranjeiras, 1904; Sóror Mariana, 1915.
Em 1908, após concluir a licenciatura em Medicina, é admitido como sócio na Academia de Ciências de Lisboa, instituição que virá a presidir, a partir de 1922, durante décadas. Ao abandoná-la, invocou este exercício de cargos públicos cuja profusão acumulativa, aliada à sua ligação à Academia - que incorporava tudo o que «os novos» desprezavam - fizeram dele um alvo privilegiado dos ataques de renovadores e vanguardistas.
De facto, o seu academismo literário encontra-se bem patente na formalização dos seus escritos; a Ceia dos Cardeais (1902), por exemplo, um dos seus maiores sucessos nacionais e internacionais (conta com mais de 50 edições, e foi traduzida para mais de uma dezena de línguas), foi composta em alexandrinos emparelhados. A maioria do seu teatro revela alicerces românticos, sobretudo na temática de cariz histórico e da mitologia nacional, com a idealização da história pátria como pano de fundo de uma idealização do amor, de pendor saudosista, não deixando de imprimir um cunho fortemente anticlerical (Santa Inquisição, de 1910), vacilando entre o sentimentalismo romântico, o grotesco e a sátira. Não é avesso, porém, a experimentar correntes novas, como o realismo/naturalismo decadentista de Crucificados (1902), com aspirações a drama social, que pretende retratar uma actualidade degenerada, causa e vítima de promiscuidade e doença."
(Fonte: https://modernismo.pt/index.php/j/206-julio-dantas-1876-1962)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Lombada reforçada com fita gomada.
Raro.
30€
Reservado

02 outubro, 2024

GOMES, Joaquim Ferreira -
A ESTRUTURA DA INTELIGÊNCIA E A CRIATIVIDADE : segundo J. P. Guilford.
Exposição para concurso para professor catedrático do 7.º grupo, 3.ª Secção (Ciências Pedagógicas) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra, [s.n.], 1973. In-4.º (28,5x20 cm) de [1], 45 f. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho académico do Prof. Joaquim Ferreira Gomes, iminente professor catedrático da Universidade de Coimbra, sobre Inteligência e Criatividade.
Trabalho policopiado, sendo o texto impresso na frente das folhas, ilustrado com uma tabela e um desenho esquemático, ambos colados no texto.
"O problema das aptidões humanas e o problema da criatividade são temas centrais na Psicologia e na Pedagogia dos nossos dias. O presente estudo proõe-se expor e analisar algumas das investigações que, nesses domínios, foram realizadas pelo psicólogo americano J. P. Guilford.
Professor de Psicologia na Universidade da Califórnia do Sul, J. P. Guilford dirigiu, de 1949 a 1969, o "Aptitudes Research Project" (ARP), cujo objectivo fundamental era explorar algumas egiões menos conhecidas da inteligência, como "the areas of reasoning, problem solving, creative thinking, planning, and judgment or evaluation".
Ao longo dos 20 anos em que se desenrolou o "Aptitudes Research Project", Guilford elaborou, de colaboração com alguns membros da sua equipa, 41 relatórios técnicos. Além desses relatórios, e resumindo os resultados das investigações, publicou vários livros e artigos. É com bases nessas obras (citadas, adiante, na Bibliografia) que exporemos o modelo tridimensional e multifactorial da inteligência a que as investigações levaram Guilford. De entre essas investigações, interessar-nos-ão, de modo especial, os que dizem respeito à criatividade. [...]
A partir de 1950 e, sem dúvida, por influência das investigações de Guilford, são extremamente numerosos os estudos sobre criatividade."
(Excerto da Introdução)
Índice:
I - Introdução. II - O modelo da estrutura da Inteligência (SI). III - A Criatividade. IV - Os testes tradicionais de inteligência e a estrutura da inteligência. V - Como desenvolver a criatividade: programas, métodos educativos e exames. | Bibliografia.
Joaquim Ferreira Gomes (Olival, 18 de outubro de 1928 - Vila Nova de Gaia, 27 de janeiro de 2002). "Foi professor catedrático da Universidade de Coimbra e fundador da sua Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Considerado o «pai fundador» das Ciências da Educação em Portugal, dedicou-se à História da Educação e à formação de professores. Publicou uma vasta bibliografia no domínio da Filosofia, da História e da Pedagogia. Após completar o Curso Teológico no Seminário de Coimbra, em 1951, seguiu para Roma, tendo-se licenciado em Filosofia na Universidade Gregoriana, em 1953. Regressado a Portugal, ingressou na Universidade de Coimbra, tendo-se licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas na sua Faculdade de Letras, em 1960 e doutorado, em 1965, em Filosofia, na mesma Universidade. Fez as suas provas de agregação em 1970 e concurso para professor catedrático da Secção de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em março de 1974. Dedicou toda a sua vida à Universidade de Coimbra, enquanto docente e investigador e nos seus órgãos de gestão. Foi particularmente determinante na criação dos Cursos Superiores de Psicologia, em 1977, que vieram a dar lugar à criação, em 1980, das Faculdades de Psicologia e de Ciências da Educação."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta oxidação.
Raro.
25€

01 outubro, 2024

CÉRTIMA, António de - EPOPEIA MALDITA.
O drama da Guerra d'África: que foi visto, sofrido e meditado pelo combatente... Lisboa, Portugal-Brasil - Depositária, M. CM. XXIV. [1924]. In-4.º (26,5x18,5 cm) de 276, [8] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa do Pintor Martins Barata. Alegoria do Desenhador-Decorador Cunha Barros. Clichés do texto do Tenente Alexandre Castelo Branco.
Narrativa do autor, espécie de diário de campanha escrito no teatro de operações, em África, durante a Primeira Guerra Mundial. Mais do que o relato dos acontecimentos, trata-se de uma severa crítica às chefias políticas e militares, por enviar para o terreno soldados impreparados para dar combate às tropas alemãs, sem instrução nem equipamento adequado ao clima.
Livro ilustrado no texto com fotogravuras e um mapa em página inteira - Mapa da zona de operações do Niassa -, e em separado, com fotografia do Major Leopoldo da Silva a cavalo, chefe da «Coluna de Massassi», e do Capitão Pedro Curado, "... o maior homem desta Epopeia decadente", que o substituiu este último no comando em combate.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor, datada de 1924, ao jornalista aveirense Manuel Lavrador.
" - «ADEUS, PORTUGAL!
JÁ NÃO HA PORTUGUESES!...»
Exclamação proferida no combate da coluna de socorros a Newala com as tropas alemãs (travado na estrada de Mahuta em 28-11-1916), pelo tenente do 24, Almeida Oliveira - perfil de cavaleiro medieval em cuja bôca profética a alma da pátria parece ter posto o seu epitáfio simbólico do momento."
(Inscrição deste livro maldito)
Índice: Ofertório | In-Memoriam | Inscrição deste livro maldito | Primeira jornada; Segunda jornada; Terceira jornada; Quarta jornada; Quinta jornada; Sexta jornada; Sétima jornada; Oitava jornada; Nona jornada; Décima jornada | Post Scriptum: Carta ao Exército.
António de Cértima (Oiã, Oliveira do Bairro, 1894 - Caramulo, 1983). "Fez parte do corpo militar português que, em Moçambique, combateu as forças militares alemãs, durante a Primeira Guerra Mundial. Escreveu o livro Epopeia Maldita sobre esse tempo de confronto militar, onde revelou uma notável escrita literária. Nesta narrativa de guerra articulou as suas memórias de combatente com a análise crítica das opções político-militares tomadas pelos governos portugueses e com a visão sobre a identidade portuguesa. Segundo ele, nos anos 20, a resposta a dar à crise do regime político da Primeira República Portuguesa devia institucionalizar uma Ditadura apoiada pelas Forças Armadas."
(Fonte: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6130688)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas algo manchadas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
45€