28 junho, 2022

SANTO, Carlos Espírito - A GUERRA DA TRINDADE
. Lisboa, Cooperação, 2003. In-8.º (21 cm) de 567, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história colonial portuguesa em São Tomé e Príncipe. Relato dos acontecimentos que conduziram a um período conturbado da história são-tomense.
Livro muito ilustrado no texto com quadros, documentos fac-símile e fotografias a p.b. e a cores, algumas delas em página inteira.
"A 27 de Março de 1945 foi nomeado governador de São Tomé e Príncipe Carlos de Sousa Gorgulho, tendo procurado, nos três primeiros anos de governação, conquistar a simpatia da população, realizando vários melhoramentos sócio-económicos. Pouco tempo depois iniciou uma época de verdadeiro terror nessas ilhas, de tal forma que diversos moradores negros, mestiços e brancos se viram obrigados a enviar, no dia 30 de Setembro de 1950, uma representação ao ministro as Colónias, denunciando as perseguições de que eram vítimas. Dominado pela fúria, imbuído de espírito de vingança, Gorgulho («troglodita façanhudo, hidrópico e ululante»), exacerbou a repressão, tal como refere Salustino Graça neste extracto:
«Sob o ponto de vista político, as prisões em massa que se faziam, passaram a ser efectuadas disfarçadamente por intermédio de regedores das freguesias que mandam proceder a intimações de qualquer cidadão sem distinção de classe para irem prestar serviço nas Obras do Estado sem se olhar pela profissão de cada um nem tampouco pelo inconveniente de ficarem assim emperradas as engrenagens de honestas e úteis actividades particulares, empregando para estas intimações polícias rurais.»
Por tais razões, foi-se desenvolvendo entre os nativos a ideia de independência política para São Tomé e Príncipe."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução. | I - Fundamentos a epopeia sangrenta: I. Raízes da tragédia: 1.1. O espírito bélico dos colonos portugueses; 1.2. Acabar com o espírito de superioridade dos forros; 1.3. A contratação involuntária dos forros; 1.4. Propósito de dizimar sectores da população nativa; 1.5. A destruição da vida económica dos nativos; 1.6. A erradicação de determinados grupos socioprofissionais; 1.7. Trindade, a vila condenada; 1.8. Perseguição aos membros de organizações proto-nacionalistas; 1.9. Divisão entre os nativos; 1.10. Racismo e anticomunismo; 1.11. Vontade de saber; 1.12. Gorgulho pretendia ser governador-geral de Angola; 1.13. Desequilíbrio emocional de Gorgulho; 1.14. Paixões disfóricas. 2. Ocorrências que fizeram desencadear o conflito: 2.1. A entrevista do inspector Franco Rodrigues divulgada num jornal do arquipélago; 2.2. Panfleto de revolta; 2.3. As rusgas de Fevereiro. II - Tempo de repressão: 1. Os começos: 1.1. A morte de um nativo; 1.2. Trindade a ferro e fogo. 2. Medidas de segurança; 2.1. Protecção aos serviços estratégicos; 2.2. A comunicação vigiada. 3. Prisões sem motivo: 3.1. As principais detenções inclusive fora do arquipélago; 3.2. Príncipe, ilha do desterro. 4. Formas de suplício: 4.1. Punições infligidas aos presos nos estabelecimentos prisionais; 4.2. As brigadas de malfeitoria. 5. Crimes gorgulhanos: 5.1. As privações flageladoras dos presos; 5.2. Roubo de bens valiosos, incêndio de moradias e violação sexual; 5.3. Agentes do mal. III - A resistência dos são-tomenses: 1. Acção jurídica. 2. Solicitação de apoios no exterior de São Tomé e Príncipe. IV - O processo judicial: 1. Queixas contra o Estado Português e os verdugos. 2. As sentenças dos juízes. V - As consequências da guerra: 1. Agravos de foro pessoal. 1.1. Deficiências físico-psiclógicas; 1.2 Prejuízos económico; 1.3. Orfandade. 2. A criação do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe. | Anexo.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
25€

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