BARATA, Antonio Francisco - UM DUELLO NAS SOMBRAS OU D. FRANCISCO MANOEL DE MELLO : romance historico (1630). Lisboa, Lucas & Filho - Editores, 1875. In-8.º (17,5 cm) de 284, [4] p. ; E. Bibliotheca Universal Dedicada ao Visconde de Castilho, N.º 19
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção abrange a época de domínio filipino, a Restauração e o período que se seguiu à independência nacional. No final do livro, em Notas, o autor discorre sobre alguns factos e locais históricos que integram o romance, incluindo ainda um escorço biográfico de D. Francisco Manuel de Melo.
Obra oferecida A. F. Barata "ao erudito litterario e mui distincto lente de medicina em a Universidade de Coimbra o ex.mo sr. Augusto Filippe Simões".
Livro ilustrado com dois bonitos desenhos de Leotte na primeira página do romance.
"São suavissimas as tardes de abril em Coimbra. Meandra o rio suas aguas transparentes em perguiçoso curso por sobre as areias, descantam amores os rouxinoes nos grandes tufos de verdura das margens, rescendem deliciosos aromas os laranjaes propiquos. É formosissima Coimbra 'naquelle tempo. A vetusta cidade surge elegante em vistosa pinha d'aquelle mar de verdura que a circunda, como da vastidão das aguas surge no mar a fresca Madeira. [...]
Era então no mez de abril de 1630. Ao decair da tarde do dia 12 tres estudantes saiam de Coimbra pela ponte em passeio tranquillo e conversação amigavel. Cursavam dois d'elles as cadeiras de direito e o terceiro estudava humanidades ainda.
Iam passeiando ao longo da ponte reconstruida por el-rei D. Manuel, quando para a cidade entrava uma senhora já de meia edade, acompanhada por uma creada ainda nova, não formosura nem belleza mas sympathica como toda a mulher 'naquella edade, sem embargo da sua côr morena, se não mulata."
(Excerto do Cap. I - Na ponte de Coimbra)
D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666). "Escritor
multifacetado, nascido a 23 de novembro de 1608 e falecido a 24 de
agosto de 1666, é considerado uma das personalidades portuguesas mais
proeminentes do século XVII. De ascendência nobre, a sua formação
realizou-se até aos 10 anos na corte, onde adquiriu as bases do
respeitante à sua elevada posição social. Depois, os Jesuítas
transmitiram-lhe não só uma alargada erudição classicista e um pouco de
hebraico, como também o prepararam nos estudos matemáticos em que era
particularmente bom. Antes de se tornar membro da Ordem de Cristo,
serviu durante cinco anos as armadas espanholas. Alternou este serviço
com o recrutamento militar e a frequência da corte madrilena,
tornando-se conhecido de Quevedo e de outras figuras literárias. Mais
tarde, comandou as tropas portuguesas na Guerra dos Trinta Anos e
combateu contra os Holandeses (1639). No ano seguinte ajudou a reprimir a
revolta da Catalunha. Após um curto período de prisão por razões políticas, tomou partido a favor de D. João IV e, em 1641, dirigiu-se para Londres. Nesta cidade foi incumbido, como general da armada, de trazer uma frota da Holanda para Portugal. Seguiram-se algumas tarefas
de menor importância e, em 1644, foi novamente encarcerado. Foi durante
o tempo de clausura que redigiu a maioria das suas obras e ao mesmo
tempo lutou pela libertação. Em 1655 foi degredado para o Brasil.
Na Baía, melhorou as suas finanças com o negócio do açúcar e continuou a
escrever. Passados três anos regressou à pátria e em 1660 animava a
Academia dos Generosos. Seguiu-se o início da carreira diplomática, que
lhe permitiu viajar pela Europa. Pouco antes da sua morte, com 57 anos, foi ainda deputado da Junta dos Três Estados. A nível literário é uma figura considerável da cultura aristocrática peninsular do seu tempo."
(Fonte: infopédia)
António Francisco Barata (1836-1910). "Investigador, Historiador e Escritor, nasceu em Góis, no distrito de Coimbra, em 1836, e aí viveu até aos 12 anos, altura em que se mudou para Coimbra. Mais tarde, em 1869, foi para Lisboa, onde permaneceu pouco tempo, até se mudar para Évora nesse mesmo ano, onde residiu até falecer, aos 74 anos, em 1910.Espírito curioso e bom leitor, teve uma formação autodidata. Veio para Évora trabalhar como observador do Observatório Meteorológico, a convite do Dr. Augusto Filipe Simões, ilustre figura da Ciência e das Letras. Desempenhou muitas outras funções e cargos, nomeadamente, o de jornalista, guarda do Gabinete de Física do Liceu de Évora, encarregado do Posto Médico, escrivão de Casamentos na Câmara Eclesiástica, auxiliar de catalogação da Livraria da Manizola, Industrial de Tipografia e Fundador da Tipografia Minerva, e Amanuense, Conservador e Diretor interino da Biblioteca Pública de Évora. Foi um dos principais organizadores do Arquivo Municipal, enquanto vereador da Câmara Municipal de Évora.
Com a ajuda de Gabriel Pereira, fundou a Biblioteca Municipal para Leitura Noturna (serviço público pós-laboral da Biblioteca Pública). Concretizou várias iniciativas entre as quais se destaca a organização do Museu Arqueológico.
Como escritor, conta com mais de duas centenas de títulos na sua bibliografia, dividida em vários géneros literários."
(Fonte: https://www2.cm-evora.pt/evoralocal/SabiaQue/Sabiaque29052018.htm)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e literário.
45€
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