09 maio, 2022

MANUAL DO SOLDADO PORTUGUEZ. Adoptado pela Comissão Central da Assistencia Religiosa em Campanha. Lisboa, Comp. e imp. na Typ. do Annuario Commercial, 1917. In-16.º (13 cm) de [4], 307, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Manual religioso distribuído às tropas do C. E. P., em França.
Ilustrado no texto com bonitas vinhetas tipográficas representando as 14 estações da Via Sacra, e uma outra de Cristo crucificado.
Inclui duas folhas iguais no início do livro - uma colada no verso da pasta anterior, e uma outra recortável: "A minha vontade em caso de doença, ferimento, ou morte", onde o proprietário do livro declara que pertence à Religião Catholica, e pretende ter a visita do Padre catholico no hospital, e todos os socorros do seu ministerio, por acidente ou doença grave, bem como, as orações e funeral religioso em caso de morte.
Contém um capítulo dedicado exclusivamente aos cânticos religiosos, incluindo as respectivas partituras.
Livro com uma dedicatória autógrafa - datada de 18-8-919 - á Sr.ª D. Maria Anna d'Azevedo Coutinho, oferta de Mgr. Esteves (antigo combatente?).
"Apesar da separação entre Igreja e Estado, explicada anteriormente, a população portuguesa continuava a contar com um número bastante elevado de pessoas com convicções religiosas, com predomínio dos católicos. As autoridades eclesiásticas preocuparam-se, desde o início do conflito com a assistência religiosa às tropas que fossem enviadas para campanha. Esta preocupação estava mais direcionada para os militares que eventualmente viessem a ser envolvidos em combates no território europeu. [...]
Foi criada a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha, que funcionava na sede do Patriarcado de Lisboa. Este organismo coordenava a recepção de todos os donativos e o seu encaminhamento para as tropas em França. [...]
Como se processou a atuação dos capelães na frente? Nos primeiros tempos foi muito complicada, uma vez que eram vistos com desconfiança. Apenas estavam autorizados a prestar assistência quando a mesma fosse solicitada. À chegada a Aire sur la Lys, primeira sede do Quartel-general português, os capelães colocaram à porta da igreja informação sobre o horário das celebrações. Apenas estavam a fazer algo semelhante ao que viam os ingleses fazer. O comandante do CEP recebeu logo um telegrama do governo a informar que eram proibidos atos de propaganda religiosa e que os prevaricadores deveriam ser repatriados.
Os funerais de militares eram momentos em que as palavras dos capelães eram escutadas com atenção por livres-pensadores. Muitas vezes as exortações dos padres eram consideradas como ações de propaganda. Uma circular de 13 de julho de 1917, assinada pelo Chefe do Estado-Maior do CEP, colocava diversas restrições aos movimentos dos capelães, definindo que os mesmos deveriam permanecer junto do comando superior deslocando-se até às tropas apenas quando a sua presença fosse solicitada. Esta circular provocou mal-estar entre os capelães, uma vez que os impedia de estar junto das tropas, no dia-a-dia. No entanto, a sua reação foi de acatarem as determinações da ordem de serviço, evitando assim que a sua presença no CEP fosse posta em causa.
Outra situação que revela bem os obstáculos colocados à ação dos capelães foi a proibição de envio de determinados livros, oferecidos pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha. Uma ordem dos Serviços Postais Militares determinava o seguinte:
Ordem Serviço SPM, nº 49, de 27 de Agosto de 1917,

Por ordem de Sua Ex.ª o General [Tamagnini de Abreu], em virtude do determinado por sua Ex.ª o Ministro da Guerra [Norton de Matos], as forças que fazem parte do CEP não podem receber os seguintes livros: "O livro do Soldado Português", pelo Padre José Lourenço de Matos; O "Manual do Soldado Português", adotado pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha.
Porque o primeiro contém doutrina contra as Instituições vigentes e à Constituição Política da República e o segundo porque o seu título quase indica que todos os soldados portugueses são católicos o que não é verdade. V.Ex.ª aprenderá e remeterá a esta secretaria [Quartel-general do CEP] todos os exemplares que aí deem entrada.
Pelo menos em relação a um dos livros, O Manual do Soldado Português, a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha encontrou uma solução. Alterou o título para O Manual do Soldado Português Católico. Nos livros já impressos, colocava-se um carimbo com a palavra acrescentada."
(Fonte: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/13_Canas.pdf)
Índice:

Conselhos aos soldados. | Orações da manhã e da noite. | Orações durante o dia. | Orações para antes da comida. | Oraçõs para depois da comida. | As Ave Maria. | Modo facil de resar o Rosario. | Ladainha de Nossa Senhora. | O Santo Condestavel. | Oração ao Santo Condestavel. | Via Sacra. | Exame de consciencia. | Oração para depois da Confissão. | Orações para antes da Communhão. | Orações para depois da Communhão. | Missa da S. S. Trindade. | Missa votiva de Nossa Senhora. | Missa para o tempo de guerra. | Missa pelos defuntos. | Modo de ajudar á Missa. | Sacramento da Extrema Uncção. | Extractos do Novo Testamento. | Paixão de Jesus Christo. | A ressurreição de Jesus. | Resumo da doutrina christã. | Canticos.
Encadernação simples, cartonada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção. 
Indisponível

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