MANUAL DO SOLDADO PORTUGUEZ. Adoptado pela Comissão Central da Assistencia Religiosa em Campanha. Lisboa, Comp. e imp. na Typ. do Annuario Commercial, 1917. In-16.º (13 cm) de [4], 307, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Manual religioso distribuído às tropas do C. E. P., em França.
Ilustrado no texto com bonitas vinhetas tipográficas representando as 14 estações da Via Sacra, e uma outra de Cristo crucificado.
Inclui duas folhas iguais no início do livro - uma colada no verso da pasta anterior, e uma outra recortável: "A minha vontade em caso de doença, ferimento, ou morte", onde o proprietário do livro declara que pertence à Religião Catholica, e pretende ter a visita do Padre catholico no hospital, e todos os socorros do seu ministerio, por acidente ou doença grave, bem como, as orações e funeral religioso em caso de morte.
Contém um capítulo dedicado exclusivamente aos cânticos religiosos, incluindo as respectivas partituras.
Livro com uma dedicatória autógrafa - datada de 18-8-919 - á Sr.ª D. Maria Anna d'Azevedo Coutinho, oferta de Mgr. Esteves (antigo combatente?).
"Apesar da separação entre Igreja e Estado, explicada anteriormente, a população portuguesa continuava a contar com um número bastante elevado de pessoas com convicções religiosas, com predomínio dos católicos. As autoridades eclesiásticas preocuparam-se, desde o início do conflito com a assistência religiosa às tropas que fossem enviadas para campanha. Esta preocupação estava mais direcionada para os militares que eventualmente viessem a ser envolvidos em combates no território europeu. [...]
Foi criada a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha, que funcionava na sede do Patriarcado de Lisboa. Este organismo coordenava a recepção de todos os donativos e o seu encaminhamento para as tropas em França. [...]
Como se processou a atuação dos capelães na frente? Nos primeiros tempos foi muito complicada, uma vez que eram vistos com desconfiança. Apenas estavam autorizados a prestar assistência quando a mesma fosse solicitada. À chegada a Aire sur la Lys, primeira sede do Quartel-general português, os capelães colocaram à porta da igreja informação sobre o horário das celebrações. Apenas estavam a fazer algo semelhante ao que viam os ingleses fazer. O comandante do CEP recebeu logo um telegrama do governo a informar que eram proibidos atos de propaganda religiosa e que os prevaricadores deveriam ser repatriados.
Os funerais de militares eram momentos em que as palavras dos capelães eram escutadas com atenção por livres-pensadores. Muitas vezes as exortações dos padres eram consideradas como ações de propaganda. Uma circular de 13 de julho de 1917, assinada pelo Chefe do Estado-Maior do CEP, colocava diversas restrições aos movimentos dos capelães, definindo que os mesmos deveriam permanecer junto do comando superior deslocando-se até às tropas apenas quando a sua presença fosse solicitada. Esta circular provocou mal-estar entre os capelães, uma vez que os impedia de estar junto das tropas, no dia-a-dia. No entanto, a sua reação foi de acatarem as determinações da ordem de serviço, evitando assim que a sua presença no CEP fosse posta em causa.
Outra situação que revela bem os obstáculos colocados à ação dos capelães foi a proibição de envio de determinados livros, oferecidos pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha. Uma ordem dos Serviços Postais Militares determinava o seguinte:
Ordem Serviço SPM, nº 49, de 27 de Agosto de 1917,
Por ordem de Sua Ex.ª o General [Tamagnini de Abreu], em virtude do determinado por sua Ex.ª o Ministro da Guerra [Norton de Matos], as forças que fazem parte do CEP não podem receber os seguintes livros: "O livro do Soldado Português", pelo Padre José Lourenço de Matos; O "Manual do Soldado Português", adotado pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha.
Porque o primeiro contém doutrina contra as Instituições vigentes e à Constituição Política da República e o segundo porque o seu título quase indica que todos os soldados portugueses são católicos o que não é verdade. V.Ex.ª aprenderá e remeterá a esta secretaria [Quartel-general do CEP] todos os exemplares que aí deem entrada.
Pelo menos em relação a um dos livros, O Manual do Soldado Português, a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha encontrou uma solução. Alterou o título para O Manual do Soldado Português Católico. Nos livros já impressos, colocava-se um carimbo com a palavra acrescentada."
(Fonte: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/13_Canas.pdf)
Índice:
Conselhos aos soldados. | Orações da manhã e da noite. | Orações durante o dia. | Orações para antes da comida. | Oraçõs para depois da comida. | As Ave Maria. | Modo facil de resar o Rosario. | Ladainha de Nossa Senhora. | O Santo Condestavel. | Oração ao Santo Condestavel. | Via Sacra. | Exame de consciencia. | Oração para depois da Confissão. | Orações para antes da Communhão. | Orações para depois da Communhão. | Missa da S. S. Trindade. | Missa votiva de Nossa Senhora. | Missa para o tempo de guerra. | Missa pelos defuntos. | Modo de ajudar á Missa. | Sacramento da Extrema Uncção. | Extractos do Novo Testamento. | Paixão de Jesus Christo. | A ressurreição de Jesus. | Resumo da doutrina christã. | Canticos.
Encadernação simples, cartonada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
1.ª edição.
Manual religioso distribuído às tropas do C. E. P., em França.
Ilustrado no texto com bonitas vinhetas tipográficas representando as 14 estações da Via Sacra, e uma outra de Cristo crucificado.
Inclui duas folhas iguais no início do livro - uma colada no verso da pasta anterior, e uma outra recortável: "A minha vontade em caso de doença, ferimento, ou morte", onde o proprietário do livro declara que pertence à Religião Catholica, e pretende ter a visita do Padre catholico no hospital, e todos os socorros do seu ministerio, por acidente ou doença grave, bem como, as orações e funeral religioso em caso de morte.
Contém um capítulo dedicado exclusivamente aos cânticos religiosos, incluindo as respectivas partituras.
Livro com uma dedicatória autógrafa - datada de 18-8-919 - á Sr.ª D. Maria Anna d'Azevedo Coutinho, oferta de Mgr. Esteves (antigo combatente?).
"Apesar da separação entre Igreja e Estado, explicada anteriormente, a população portuguesa continuava a contar com um número bastante elevado de pessoas com convicções religiosas, com predomínio dos católicos. As autoridades eclesiásticas preocuparam-se, desde o início do conflito com a assistência religiosa às tropas que fossem enviadas para campanha. Esta preocupação estava mais direcionada para os militares que eventualmente viessem a ser envolvidos em combates no território europeu. [...]
Foi criada a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha, que funcionava na sede do Patriarcado de Lisboa. Este organismo coordenava a recepção de todos os donativos e o seu encaminhamento para as tropas em França. [...]
Como se processou a atuação dos capelães na frente? Nos primeiros tempos foi muito complicada, uma vez que eram vistos com desconfiança. Apenas estavam autorizados a prestar assistência quando a mesma fosse solicitada. À chegada a Aire sur la Lys, primeira sede do Quartel-general português, os capelães colocaram à porta da igreja informação sobre o horário das celebrações. Apenas estavam a fazer algo semelhante ao que viam os ingleses fazer. O comandante do CEP recebeu logo um telegrama do governo a informar que eram proibidos atos de propaganda religiosa e que os prevaricadores deveriam ser repatriados.
Os funerais de militares eram momentos em que as palavras dos capelães eram escutadas com atenção por livres-pensadores. Muitas vezes as exortações dos padres eram consideradas como ações de propaganda. Uma circular de 13 de julho de 1917, assinada pelo Chefe do Estado-Maior do CEP, colocava diversas restrições aos movimentos dos capelães, definindo que os mesmos deveriam permanecer junto do comando superior deslocando-se até às tropas apenas quando a sua presença fosse solicitada. Esta circular provocou mal-estar entre os capelães, uma vez que os impedia de estar junto das tropas, no dia-a-dia. No entanto, a sua reação foi de acatarem as determinações da ordem de serviço, evitando assim que a sua presença no CEP fosse posta em causa.
Outra situação que revela bem os obstáculos colocados à ação dos capelães foi a proibição de envio de determinados livros, oferecidos pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha. Uma ordem dos Serviços Postais Militares determinava o seguinte:
Ordem Serviço SPM, nº 49, de 27 de Agosto de 1917,
Por ordem de Sua Ex.ª o General [Tamagnini de Abreu], em virtude do determinado por sua Ex.ª o Ministro da Guerra [Norton de Matos], as forças que fazem parte do CEP não podem receber os seguintes livros: "O livro do Soldado Português", pelo Padre José Lourenço de Matos; O "Manual do Soldado Português", adotado pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha.
Porque o primeiro contém doutrina contra as Instituições vigentes e à Constituição Política da República e o segundo porque o seu título quase indica que todos os soldados portugueses são católicos o que não é verdade. V.Ex.ª aprenderá e remeterá a esta secretaria [Quartel-general do CEP] todos os exemplares que aí deem entrada.
Pelo menos em relação a um dos livros, O Manual do Soldado Português, a Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha encontrou uma solução. Alterou o título para O Manual do Soldado Português Católico. Nos livros já impressos, colocava-se um carimbo com a palavra acrescentada."
(Fonte: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/13_Canas.pdf)
Índice:
Conselhos aos soldados. | Orações da manhã e da noite. | Orações durante o dia. | Orações para antes da comida. | Oraçõs para depois da comida. | As Ave Maria. | Modo facil de resar o Rosario. | Ladainha de Nossa Senhora. | O Santo Condestavel. | Oração ao Santo Condestavel. | Via Sacra. | Exame de consciencia. | Oração para depois da Confissão. | Orações para antes da Communhão. | Orações para depois da Communhão. | Missa da S. S. Trindade. | Missa votiva de Nossa Senhora. | Missa para o tempo de guerra. | Missa pelos defuntos. | Modo de ajudar á Missa. | Sacramento da Extrema Uncção. | Extractos do Novo Testamento. | Paixão de Jesus Christo. | A ressurreição de Jesus. | Resumo da doutrina christã. | Canticos.
Encadernação simples, cartonada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível
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