27 julho, 2019

ROQUETE, José Ignacio - MANUAL DA MISSA E DA CONFISSÃO. Contendo exercicios quotidianos; a explicação das ceremonias da missa, todas as festividades, epistolas e evangelhos dos domindos do anno, e muitas orações que pela primeira vez sáem à luz em linguagem portugueza; extrahido dos melhores autores nacionaes e estrangeiros, especialmente do Principe de Hohenlohe, e do B. Affonso de Legorio, por..., Presbytero Secularisado por Breve Apostolico, Ex-Lente de Theologia, e Pregador da Sancta Igreja Patriarchal de Lisboa. Ornado com numerosas Estampas. Paris, Em Casa de J. P. Aillaud, 1837. In-12.º (14,5x9cm) de [8], 462 p. ; [6] f. il. ; il. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original do Manual da missa e da confissão, obra clássica da literatura religiosa nacional que conheceu múltiplas reedições ao longo do século XIX. Trata-se de um bom exemplar, revestido por encadernação artística com corte das folhas em ouro.
Livro muito ilustrado com bonitos desenhos ao longo do texto, e seis belíssimas estampas abertas em metal extratexto.
"Entre os deveres do Christão alguns ha, cujo perfeito cumprimento depende de certos formularios, ou adoptados e recebidos pela Igreja, ou approvados e seguidos por Pastores zelosos e Varões conspicuos em sciencia e virtude; guiado pelos quaes o commum dos fieis possa aspirar ao desejado fructo de suas bôas obras, e ao maior aproveitamento de suas almas: d'este numero são certamente os deveres de orar, ouvir Missa, e confessar-se.
Bem sabido é que a Oração ensinada por Jesu-Christo é o Padre Nosso, na qual se contèm tudo quanto se pode pedir á Magestade Divina; e o Christão que devota e attentamente a recitar tem satisfeito ao preceito de orar: mas quem duvida que aquelle que (ao menos pela manhã e á noite) procura conformar suas orações com as que a Igreja tem ordenado para a recitação do Officio Divino, seguindo nisto  o methodo adoptado por Prelados veneraveis e Varões de conhecida virtude, cumpre com mais perfeição este dever; e que por isso mesmo deverão ser mais avultados os fructos de suas Orações?!
É igualmente certo que satisfaz ao preceito de ouvir Missa aquelle, que aos Domingos e Festas vai á Igreja, e nella com devoção e respeito assiste ao santo Sacrificio do Altar; mas quem pode duvidar que, se ao passo que vê as ceremonias da Santa Missa, tiver estampada diante de seus olhos a explicação dos mysterios que ali se representão, será mais viva sua devoção, e mais profundo seu respeito? e que, acompanhando o celebrante em suas oblações, receberá maior cópia das celestiaes graças, que prodigiosamente manão d'aquelle estupendo sacrificio, fonte da vida, em que se recorda a memoria da Paixão de Jesu-Christo, e em que elle mesmo é Sacerdote e Victima?!"
(Excerto do prólogo, Ao pio leitor)

José Inácio Roquete (Alcabideche, 1800 - Santarém, 1870). "Natural da freguezia de Alcabideche, no concelho de Cascaes, professando em 1821 a regra de S. Francisco no convento de Sancto Antonio do Estoril, da provincia dos Algarves, situado proximo da villa de Cascaes, tomando então o nome de Fr. José de Nossa Senhora do Cabo Roquette. Aos 29 annos d’edade foi tambem nomeado prégador regio da Sancta Egreja Patriarchal, por carta do cardeal patriarcha D. Patricio I em 1830. As demonstrações que dera no periodo decorrido de 1828 em diante de «sincera affeição ao governo do Sr. D. Miguel chegaram todavia a concitar contra elle o odio de alguns, resultando-lhe ser preso tumultuariamente no dia 24 de Julho de 1833, e conduzido para o castello de S. Jorge, d’onde sahiu restituido á liberdade passados poucos dias, por se mostrar sem crime. Decorridas algumas semanas depois da convenção d’Evora-Monte, veiu embarcar no Tejo a bordo de um paquete inglez, seguindo viagem para Londres. Ahi se apresentou ao ministro portuguez n’aquella côrte, juntamente com os Duques de Cadaval e Lafões, o bispo de Viseu, e outros portuguezes como elle emigrados, assignando a pedido do mesmo ministro uma declaração de que não pegaria em armas, nem conspiraria de modo algum contra o governo de Sua Magestade a Senhora D. Maria II. Sahindo de Londres para França com passaporte da legação portugueza, obteve mui bom acolhimento do arcebispo de París. Deu-se então á traducção e composição de varias obras, com o fim de tornar-se prestavel aos seus compatriotas, e tambem de recolher para si maiores recursos do que podiam provir-lhe dos escassos proventos do ministerio ecclesiastico. Pelo mesmo tempo, e nos annos seguintes coadjuvou efficazmente o Visconde de Santarem nos trabalhos da commissão litteraria de que estava encarregado, sem que todavia recebesse por isso alguma retribuição pecuniaria do governo. Voltou portanto para Portugal, e chegou a Lisboa pelo meiado de Agosto de 1858.  Cavalleiro da Ordem Imperial da Rosa, conferida por S. M. o Imperador do Brasil em 1847, cavalleiro da ordem de N. S. da Conceição de Villa-Viçosa, socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc."
(Inocêncio, Vol. IV, 373-375 pp.) 
Encadernação artística inteira de pele com as pastas trabalhadas em relevo e ferros a ouro na lombada. Corte em dourado.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Miolo em bom estado, páginas apresentam manchas de oxidação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar da 1.ª edição no seu acervo.
50€

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