17 julho, 2019

QUEIROZ, Teixeira de - AO SOL E Á CHUVA : romance. Por... Comedia do Campo. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria Editora, 1916. In-8.º (19cm) de [4], 241, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original do oitavo volume da série naturalista «Comédia do Campo».
"- Entre vossa reverendissima. Mui pouco vem a esta residencia. A sua visita indica sempre novidade.
- Novidade trago e boa, meu reverendo abbade. A minha idade desobriga-me das ceremonias dos homens das villas e cidades.
E o padre Clemente Carvalhosa, com grande peso d'annos ás costas, acceitou a cadeira que o abbade Celestino lhe aproximara, sentando-se para dizer:
- São sessenta mil réis que deposito nas suas mãos, por incumbencia d'um bemfeitor, que me recommendou o sigillo. Servirão, se n'isto vossa reverendissima concordar, para fazer um portal, que impeça os cevados de entrarem no adro da nossa egreja, e de não respeitarem as sepulturas dos que ali estão enterrados.
- Grande esmola essa, senhor padre cura! Optimo melhoramento! Pena é não se poder publicar o nome do generoso bemfeitor.
- Prohibiram-m'o...
- Tacemus. Fico então d'elles depositario...
- Para dar começo á obra, como e quando vossa reverendissima entender. Em todo o caso, o bemfazente, desejaria brevidade, para que se não repitam os damnos que, ainda ha bem pouco, se deram no terreno sagrado."
(Excerto do Cap. I)
Francisco Teixeira de Queiroz (Arcos de Valdevez, 1848 - Sintra, 1919). “Romancista e contista, Francisco Teixeira de Queirós licenciou-se em Medicina, tendo ocupado diversos cargos públicos, entre os quais o de deputado, de vereador da Câmara Municipal de Lisboa e de ministro dos Negócios Estrangeiros, neste caso em 1915. Chegou a ser presidente da Academia das Ciências de Lisboa. Fundou em 1880, com Magalhães Lima, Gomes Leal e outros, o jornal «O Século», tendo também colaborado nos periódicos «O Ocidente», «Revista de Portugal», «Revista Literária», «Arte & Vida», «Ilustração Portuguesa», «A Vanguarda» e «A Luta», entre outros. Em 1876, publicou o seu primeiro romance, «Amor Divino», com o pseudónimo de Bento Moreno, que viria a usar em outros livros. A sua vasta obra está repartida em dois grupos: «Comédia de Campo» e «Comédia Burguesa», imitando assim a «Comédie Humaine», de Balzac, um dos seus mentores. Durante cerca de 40 anos, reformulou o seu plano e a sua doutrinação literária sobre o romance, procurando incansavelmente aplicar o seu programa realista-naturalista de base científica. Cultivou uma escrita de feição realista, fazendo uma crítica constante à alta sociedade lisboeta, evidenciando os seus costumes, os seus modos de agir e de estar perante a sociedade portuguesa em geral. Em algumas das suas obras, por outro lado, retrata de uma forma carinhosa e saudosa os seus tempos de infância, vividos na quietude da sua terra natal.”
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Apresenta um ou outro risco branco na pasta frontal e na lombada.
Invulgar.
Indisponível

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