NORONHA, Tito de – MEMORIAS DE UM CHARUTO. Porto,
Typographia de Antonio José da Silva Teixeira, 1868. In-8º (16,5cm) de 149, [1]
p. ; B.
Valorizado pela dedicatória manuscrita do autor.
Curiosa paródia.
“Começam já a rir-se por um charuto merecer alguns
capítulos; pois é perfeita injustiça; teem-se enchido grossos volumes, dos
quaes os heroes não merecem duas fumaças, e tão barbaros, que nem sequer
conheceram os effeitos psychologicos da pitada, e todas as suas vantagens
therapeuticas.
Escusámos agora fazer a apologia de tão illustre membro da
família nicotiana tabacum de Linneu, para o que não era preciso grande cabedal
de intelligencia; todos lhe reconhecem os efeitos sympathicos, activando as
faculdades intellectuaes, tornando a vista mais clara, e uma serie de et
ceteras que encheriam as estantes de uma biblioteca…
[…]
O meu novo possuidor levou-me aos beiços e apertou-me entre
os dentes de puro esmalte; reconhecia-se alli a mão de mr. de Vitry. Nada mais
elegante do que este catita, bem frisado, chapéo um pouco obliquo, requebrando
o corpo, como todos os matadores, não esquecendo o charuto no canto da bocca.
Ninguem lhe ia perguntar se o apanhara na rua. As aparências hoje salvam e por
ellas se avalia o homem. […] Ainda que o não quizesse, não podia deixar de
considerar-me feliz, eu, que esperava finar-me entre o lixo, e que, por um
rasgo de puro romanticismo, fui elevada até á altura dos queixos. O dandy
tinha-me entre os dentes, e assim me levou até á rua da Gloria.”
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Restaurado. Guardas de brochura originais coladas em capas de cartolina.
Muito invulgar.
15€
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