SÁ, João Jorge Moreira de - ACLARANDO A VERDADE (1910-1940). Narrativa sucinta de quanto se passou a bordo do "Amélia" na ida para Gibraltar, no dia 5 de Outubro de 1910. [Por]... Vice-Almirante reformado. Lisboa, [s.n.], 1940. In-8.º (22x15 cm) de 77, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Depoimento de João Moreira de Sá, na época imediato do Yacht Real Amélia, que transportou D. Manuel II rumo ao exílio após a eclosão do movimento republicano de 5 de Outubro de 1910.
"Aclarando a Verdade constitui a principal fonte, cremos que a única conhecida, do que ocorreu no iate Amélia no dia 5 de Outubro de 1910, quando da grave opção posta à Família Real sobre o destino da viagem; seguir ou não para o exílio. Mesmo tratando-se de um depoimento pessoal, são textos desta amplitude que permitem aos historiadores compreender o horizonte de esperanças e inquietações com que o rei D. Manuel II se defrontou na hora em que viu o Trono derrubado. A narrativa do vice-almirante Moreira de Sá completa a que José Jacob Bensabat deixou no opúsculo A Verdade dos Factos [1929]."
(Excerto prefácio da edição mais recente do Prof. J. Veríssimo Serrão)
"Alguns amigos, conhecedores dos factos ocorridos a bordo do Yacht «Amélia», a 5 de Outubro de 1910, aconselharam-me e instaram comigo para que, no intuito de aclarar a verdade, relatasse na mais singela e absoluta pureza, quanto ali se passou.
É isso o que vou fazer.
Após vinte e quatro anos de pelourinho, fustigado mesmo por aquêles que sabiam como os acontecimentos se tinham dado e que, por escrúpulo de consciência, deviam sêr os primeiros a autenticá-los, aceitei os conselhos dêsses amigos e, com pesar, resolvi escrever esta resumida narrativa."
(Preâmbulo - Palavras curtas)
"Nos últimos dias do regime monárquico a propaganda republicana fazia-se com desplante e com audácia por todo o país, sem que a necessária repressão a entravasse.
Dir-se-ía que os poderes constituídos, se não a auxiliavam, também nenhuma espécie de importância lhe concediam.
Na imprensa, nos comícios, nos centros de conversação, nos clubes, nos cafés, semelhante propaganda fazia-se às claras, com pertinácia e audácia inacreditáveis, e com tanto maior incremento quanto era certo as autoridades consentirem-na em nome de uma liberdade que tocava as raias da licença e que, estabelecido o novo regime, nunca mais houve.
Sentia-se, palpava-se, pairava em densa atmosfera por tôda a parte e muito especialmente, nos quartéis, entre as guarnições dos navios, actuando no espírito da soldadesca, da marinhagem.
Fora dêste meio, onde quer que se formasse um grupo, aí estava ou surgia inesperadamente um missionário da república.
No Paço, os altos dirigentes afirmavam, todavia, que todo êsse torvelinho, propulsor a agitação do país, era absolutamente inofensivo, não passava de ridícula atoarda.
A família real acreditava nestas calmantes informações, talvez sinceras, mas que, impõe-se dizê-lo, eram demasiado ingénuas e condenadamente irreflectidas."
(Excerto da Narrativa)
Bonita encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conservas as capas originais. Assinatura de posse na f. rosto.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
30€
Reservado
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