31 janeiro, 2024

TAVARES, D. Regina M. B. -
HISTORIA COMPLETA DA PROSTITUIÇÃO.
Por... A Luxuria atravez dos tempos. Edição illustrada. Lisboa : Rio de Janeiro, Empreza Litteraria Universal, [1913]. In-8.º (19x13,5 cm) de 95, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante história da prostituição, desde os tempos bíblicos até à actualidade, em Portugal e no mundo.
Obra de D. Regina M. B. de Tavares, sendo que, a paternidade do livro pertence efectivamente a Augusto Bugalho Gomes, que aliás assina a capa como autor.
Ilustrada com sugestiva fotogravura separada do texto. Na capa consta a informação Edição illustrada com magnificas gravuras, ao invés da f. rosto com o singelo: Edição illustrada. O livro possui apenas uma estampa no interior.
"A historia da prostituição, tem fatalmente que abordar a da mulher impúdica atravez das éras.
A prostituta, é aquella que negoceia com os seus favôres, vendendo o corpo.
Dar o perfeito, o exacto inicio da prostituição, é hoje um impossivel, pois, embora lancêmos os olhos para as mais remótas paginas da Humanidade, sempre encontramos este commercio em uso; comtudo, não julgamos que, com os primeiros habitantes da Terra, viesse logo a prostituição.
Após a evolução da materia que formou a Terra, e, em seguida ao apparecimento dos seus primeiros habitantes, não podia de forma alguma, haver logo a prostituição, pois, homens e mulheres, tinham tudo quanto necessitavam."
(Excerto do Prologo: A prostituição atravez dos seculos)
"Nos primeiros anos da República, Bugalho Gomes, traça o roteiro dos diferentes espaços da prostituição lisboeta; os prostíbulos então mais conhecidos eram os da Ana do Cão na Travessa da Palha, da Barbuda na Travessa do Poço da Cidade, da Maria do Porto na Rua do Diário de Notícias e da antiga Antónia Morena, na Rua das Gáveas, entre muitos outros. Os colégios de apatroadas dividiam-se entre as arterias mais discretas da baixa pombalina e o Bairro Alto, enquanto quem preferisse as estrangeiras (francesas e espanholas, quase em exclusivo), se deveria dirigir à Rua do Ferragial de Baixo, à Travessa do Poço da Cidade, e ás ruas das Gáveas e da Glória. A casa de passe mais recatada era a da Caldeira no nº 14 da Travessa do Fala-Só."
(Fonte: https://educar.files.wordpress.com›boemia)
Indice:
Advertencia | Prologo: A prostituição atravez dos seculos | Primeira Parte: I - Duas palavras acerca da galanteria grega. II - Cortezãs gregas. III - Cortezãs romanas. IV - A postituição masculina - As rameiras lativas. V - Priapo. Cortezãs consideradas santas. VI - Libertinagem no Egypto. O phaulus e o triangulo. Obscenidades nos templos. Orgias entre os egypcios. Os lubricos Pharaós. Profanação dos cadaveres. Segunda Parte: I - A prostituição na França. Cortes dos Milagres. Napoleão Bonaparte. II - Algumas cortezãs do seculo XVII. Theroigne de Mericourt. III - Tempos actuaes. IV - A prostituição no Oriente e n'outras partes do globo. V - Algumas palavraas sobre a prostituição na Inglaterra,  Londres e Manchester. VI - As prostitutas de Berlim. A prostituição em Mitteweida. Na Suissa. Na Dinamarca. Na Hollanda. No Japão. Nas regiões polares. Na Italia. Roma. Turim e Napoles. Nos Estados Unidos. Na Hespanha. Terceira Parte: I - A prostituição em Portugal. Tempos remotos. As invasões dos romanos. Viriato e Sertorio. II - A prostituição em Portugal atravez dos seculos. III - Situação actual. Lisboa e Porto. Pederastia. IV - A prostituição nas provincias. | Epilogo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel marginais. Assinatura de posse na f. ante-rosto. Carimbo com o nome do autor sobreposto ao nome impresso na f. rosto e na Advertencia.
Raro.
85€

30 janeiro, 2024

LIMA, Gervásio - ESBOÇO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA. Angra do Heroismo, Tip. da Livraria Editora Andrade, 1924. In-4.º (23,5x17,5 cm) de 24 p. ; [3] f. il. ; B.
1.ª edição.
Interessante monografia sobre a Ilha Terceira.
Ilustrada com três estampas extra-texto, reproduzindo uma delas o retrato do autor.
"Quando, nos alvores do século XV (1432-1439) foi descoberto o arquipélago, pelas naus de Frei Gonçalo Velho á ordem do Infante, dos Açores se chamou, pela abundância destas aves, únicas encontradas. É terceira ilha desvendada, primeiro aportou Jácome de Bruges, fidalgo flamengo; e, porque foi em Quinta-feira-maior, de Jesus Cristo a apelidou e em sucessivas viagens a foi colonizando. [...]
De origem vulcânica, porque os Açores são os pináculos da grande ilha submersa - a Atlântida - segundo Montzuma, Berthelot, Castelnan e outros, por várias vezes agitações subterrâneas teem revolvido o solo e destruídos povoações inteiras como a Vila da Praia, onde tiveram assento os primeiros capitães donatários e que foi completamente arrasada em épocas distanciadas (1614-1841). Em vários pontos da terra e dos mares tem rebentado fogo por vezes.
A primeira acção militar que se feriu nesta ilha, alêm de freqùentes escaramuças com navios  corsários que infestavam os mares, foi a da Salga (1581) no lugar de Porto Judeu, em que a esquadra de D. Pedro de Valdez, composta por 10 navios e cêrca de 2.000 homens de desembarque, pretendia subjugar os partidários de D. António Prior do Crato, aqui aclamado rei, em favor de Filipe de Espanha."
(Excerto do Esboço)
Gervásio da Silva Lima (Praia da Vitória, 1876 - Angra do Heroísmo, 1945). "Mais conhecido por Gervásio Lima, foi um prolífico escritor açoriano com uma obra em prosa e em verso que inclui contos, teatro e ensaios nas áreas da etnografia e da história. No campo da história não foi um investigador preocupado com o rigor científico dos temas tratados, antes escrevendo obras de pendor romântico, reveladoras do seu patriotismo e amor à terra em que nasceu, nas quais deu alma e corpo a heróis terceirenses, transformando-os em verdadeiros mitos populares. A ele se deve a mitificação em torno das heroínas Brianda Pereira e Violante do Canto e o alpendurar da batalha da Salga em evento de extraordinária heroicidade."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta rasgão no corte superior e pequeno orifício no canto inferior direito.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

29 janeiro, 2024

MOURA, José Vicente Gomes de -
TABOAS DE DECLINAÇÃO E CONJUGAÇÃO PARA APRENDER AS LINGUAS HESPANHOLA, ITALIANA E FRANCEZA, COMPARANDO-AS COM A PORTUGUEZA.
Por... Coimbra, Na Imprensa da Universidade. 1821. In-8.º (21x15 cm) de 96 p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Importante trabalho, pioneiro, da "produção gramaticográfica nacional".
Ilustrado com quadros e tabelas no texto.
"São tantos e de tão relevante merito os escriptos publicados nestes ultimos seculos em Hespanhol, Italiano, e Francez, e he tão sensivel a analogia, que estas tres linguas tem tanto entre si, e com a Portugueza, como com a Latina, que he a lingua da Religião e das Sciencias; que por isso a qualquer homem erudito fôra pelo menos tão desairoso o ignoral-as, quanto he facil com algum estudo o entendel-as.
Para preparar o conhecimento dellas aos que tem sufficiente instrucção da Latina, ou dos principios geraes da Grammatica, se ordenárão as seguintes Taboas de declinação, e conjugação, em que se indicão as varias formas dos vocabulos declinaveis, destinadas para expressar as varias noções accessorias, que accrescem á noção principal, que a cada um dos mesmos corresponde; materia assaz mechanica, mas absolutamente necessaria no estudo das linguas, e particular de cada uma."
(Excerto do Prologo)
Indice:
[Prologo] | Parte I. Declinações. | Parte II. Conjugações Irregulares. | Erratas e Addições.
José Vicente Gomes de Moura (1769-1854). "O padre José Vicente Gomes de Moura nasceu em Mouronho, Coja, em 1769 e faleceu em Abraveia (Poiares) em 1854. Foi professor de latim e grego na Universidade de Coimbra e no Colégio das Artes e director da Imprensa da Universidade de 1831 a 1834.
Sabe-se que foi ele que escreveu as três selectas para o ensino do Latim: a Notícia succinta dos monumentos da língua latina; As taboas de declinação e conjugação para aprender as línguas hespanhola, italiana e franceza; O compendio da grammatica latina e portugueza, cedendo à Imprensa da Universidade os direitos de propriedade."
(Fonte: https://www.uc.pt/bguc/DocumentosDiversos/Abraveia)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Com mancha amarelada na f. rosto, visível nas páginas seguintes.
Raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
45€

28 janeiro, 2024

FREITAS, Fernando da Costa - D. FREI THYRSO DE GUIMARÃES. Novella minhota. [Novella vimaranense]. [Por]... Da Sociedade Martins Sarmento, de Guimarães, e do Instituto de Coimbra. Guimarães, Edição da Revista «Gil Vicente», 1925. In-8.º (22 cm) de 33, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Novela histórica - aparentemente baseada em acontecimentos verídicos - cuja acção decorre no período das Guerras Liberais, que termina de forma misteriosa e não explicada, apesar do feliz desenlace.
Livro ilustrado com um desenho de D. Frei Thyrso - o D. Abade do Real Mosteiro de Santa Marinha da Costa - em página inteira, assinado D. Dantas.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao "seu muito prezado Amigo e illustre conterraneo Dr. João Coelho da Motta Prego".
Pouco foi possível apurar acerca do autor, a não ser que era escritor, natural de Guimarães, mas a viver em Lisboa. Obra rara. A BNP não menciona.
"Pelos fins do seculo XVIII, começos do seculo XIX, havia ainda em Guimarães, na Rua do Valle de Donas, já então meio derruido, um palacio de architetura incaracteristica, - pesado, massiço, acachapado, uniforme -, notavel, tão só, por uma enorme pedra d'armas collocada a meio e ao alto da sua larga frontaria, - palacio que era o solar d'uma familia, nobre e rica, conhecida pelos Farias do Cidral.
Não constituia o segundo nome um appelido particular, ou exclusivo, d'esta familia, porque era antes uma alcunha que o povo lhe puzera, pela qual a conhecia, alcunha que o uso e o decorrer do tempo havia perpetuado, que passára já dos avós aos netos e d'estes aos filhos e tinha tido origem, como ella propria indicava, n'um vasto campo de cidras que havia junto da vetusta casa solarenga e era pertença d'esta, como aliás os campos, pomares e jardins - de boas e correntias aguas, de raras e deliciosas fructas e de lindas e mimosas flores -, que lhe ficavam em derredór.
Foi sem duvida d'essa alcunha e do campo que lhe deu origem, que proveio, mais tarde, o titulo de Conde do Cidral, com que um dos reis portuguezes quiz galardar, num dos membros d'essa linhagem, os valorosos feitos d'armas praticados, outr'ora, em terras da moirama, por alguns dos seus mais illustres antepassados, - feitos de que o seu brazão heraldico fallava com orgulho, nas vieiras d'azul que o cobriam em campo d'oiro, e no leão rompante que o timbrava.
Além de outras mercês e distincções com que os Farias do Cidral se pavoneavam, tinham eles, numa das suas propriedades situada nos suburbios de Guimarães, um privilegio cuja importancia é facil de calcular e que consistia em não poder ser preso pelo povo, nem por este ser entregue ás justiças do rei, nenhum malfeitor que, tendo conseguido entrar na referida propriedade, alli se conservasse com uma das mãos collocada, ou espalmada, sobre uma columna de pedra, d'um metro de altura, pouco mais.
Este privilegio, já ha muito extincto, como todos aquelles com que, em tempos idos, foi honrada e distinguida, em serie ininterrupta e nobillissima a terra natal do primeiro rei portuguez, honrando e distinguindo, consequentemente, cada um dos seus naturaes, constituia, como pode suppôr-se, um chamariz para toda a qualidade de malfeitores da velha cidade e seu termo - pelo menos.
Por ali passaram, - em transito, - ali se acoitaram durante horas, e até, alguns, durante dias, - á chuva, ao vento e ao frio, ou sob os rigores inclemente do sol -, criminosos de toda a especie, desde os simples desordeiros, aos salteadores de estrada; desde os reus de pequenos e insignificantes delictos, aos ladrões sacrilegos; desde os miseros larapios de fructa e criação, aos mais audazes e temiveis quadrilheiros; todos aquelles, emfim, tarde ou cedo, de saldal-as com a justiça, a não ser que conseguissem collocar-se, antes, sob a égide d'um bom patrono porque, então, este se encarregava de pôr pedra sobre o processo, favor que lhe colocava nas mãos a vida e fazendas do protegido e de que muitos usaram, - e abusaram -, em proveito proprio. [...]
Ora a narrativa que esta novella encerra, gira, precisamente, em torno d'um d'esses Farias do Cidral, descendente em linha recta, do nobre conde d'esse titulo, homem rude e voluntarioso,  possuindo todos os defeitos mas nenhum das qualidades daquelles que, tendo herdado um nome illustre e uma fortuna consideravel, souberam manter o primeiro com dignidade e empregar a segunda com proveito.
Vão passadas muitas dezenas de annos sobre a sua figura antiphatica e se hoje, ao pretendermos vivifical-a aqui, ella não fica constituindo para nós outros, vimaranenses, nenhum motivo de orgulho, nem titulo de gloria, convem attentar que, em torno d'esse homem, outras personagens surgem egualmente do pó frio do Tempo e a seu lado se movem, formando estas um contraste flagrante com elle e sendo, por isso mesmo, um motivo de desvanecimento para os seus concidadãos ou conterraneos, - d'hontem, d'hoje e d'amanhã!"
(Excerto do Cap. I)
"Pero Thadeu Furtado Pereira de Souza Carvalho e Faria do Cidral ou, tão só, Pero Cidral, nomes pelos quaes era geralmente conhecido,  tinha sido convidado por seu tio paterno o Dom Abbade do Real Mosteiro de Santa Marinha da Costa para saborearem juntos um delicioso saguate de trufas e ovo móles que o seu amigo D. Raymundo Braz, capitão de cavallos e corregedor da comarca d'Aveiro, - por sua Magestade Fidelissima -, lhe enviára, dias antes, como mimo de muita raridade e estimação.
Pero Cidral recebeu de sobrecenho carregado e má catadura; como era seu costume, o convite que lhe trouxera, de viva-voz, um dos numerosos creados do Mosteiro..."
(Excerto do Cap. II)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis, com vinco ao centro.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

27 janeiro, 2024

NOTICIA DO ESTADO EM QUE SE ACHA O POVO DE ANGOLA, DESTITUIDO DE MESTRES, PAROCHOS E EGREJAS, E CONSIDERAÇÕES ÁCERCA DA NECESSIDADE E FACILIDADE DE REMEDIAR TÃO GRANDES MALES
. Lisboa. Na Typ. de G. M. Martins, 1861. In-8.º (20,5x13,5 cm) de 24 p. ; B.
1.ª edição.
Ponto de situação sobre a obra missionária em Angola, das suas expectativas e anseios, e das dificuldades de evangelização com que o clero português se deparava.
Obra não assinada, sabe-se no entanto que o seu autor foi o padre José de Sousa Amado, polemista religioso da ala mais tradicionalista da Igreja.
De salientar as referências a David Livingstone (1813-1873) - conhecido missionário e explorador inglês - cujas impressões pouco abonatórias sobre o estado de abandono a que a Igreja Católica portuguesa votou a antiga colónia portuguesa, por este constatada na visita ao território em 1854, preenchem um capítulo do livro.
"Tres seculos têem decorrido, depois que a Religião Catholica, sob a protecção sincera e efficaz de D. João II e D. Manoel foi, pela primeira vez, abraçada nas vastas regiões do Congo, e mais tarde em Angola.
Os primeiros Missionarios pertenciam á Ordem de S. Domingos; seguiram-se depois os Padres da Companhia de Jesus, os da Terceira Ordem da Penitencia, Capuchinhos, e Carmelitas Descalços.
O zelo dos Missionarios, a protecção real, a boa disposição dos povos, fizeram com que a Religião Catholica prosperasse. Apenas tinham decorrido seis annos depois do descobrimento do Congo (1491), e já estavam lançados os fundamentos da Cathedral em  S. Salvador, que em pouco tempo foi acabada, tendo-se antes convertido o rei, a rainha, as pessoas mais principaes, e por conseguinte o povo."
(Excerto de Estado da Religião Catholica em Angola)
Índice:
Estado da Religião Catholica em Angola | Estado moral dos povos de Angola | Estado em que Levingstone, missionario protestante, achou a Religião Catholica em Angola Disposições do Povo em Angola | Numero de habitantes em Angola. Numero dos meninos de 7 annos para baixo | Razões e motivos de Caridade |Organização dos meios de Caridade | Observação.
José de Sousa Amado (Assafarge, Coimbra 1812 - ?). "Presbítero formado em teologia pela Universidade de Coimbra, em 1843, professor no Liceu Nacional de Lisboa e membro da Relação do Patriarcado de Lisboa. Foi um escritor e jornalista que escreveu muitas obras em defesa da Igreja e da ortodoxia religiosa, atacando o Marquês de Pombal, a Maçonaria, o Protestantismo e o Estado liberal. Participou nas polémicas com Herculano sobre o Casamento Civil e sobre as Irmãs da Caridade. A sua vasta obra (cerca de 50 monografias e numerosos artigos dispersos por jornais) inclui manuais escolares, obras de piedade pessoal, escritos sobre ritos e comportamentos e para afirmação de sacramentos e práticas devocionais católicas."
(Paulo Mendes Pinto - José de Sousa Amado e as lutas contra a heretodoxia social e religiosa: um percurso bibliográfico. In Lusitânia Sacra, 2ª Série, 16 (2004) 385-398)
Exemplar brochado, por abrir, - com capas simples, lisas, - em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
25€

26 janeiro, 2024

SAPEGA, Ellen W. -
FICÇÕES MODERNISTAS:
Um estudo da obra em prosa de José de Almada Negreiros : 1915-1925. [Lisboa], Ministério da Educação: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa : ICALP, 1992. In-4.º (24x16,5 cm) de 139, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Capa: Técnica mista sobre papel de Almada Negreiros, 1938. Dim 65x50 cm. Colecção Particular.
Interessante ensaio sobre a obra em prosa de matriz modernista de Almada Negreiros.
"No âmbito da cultura portuguesa, José de Almada de Negreiros foi,sem dúvida, uma das figuras mais dinâmicas e criativas do século XX. [...]
Hoje, com a prespectivca de mais de vinte anos sobre a morte de Almada Negreiros, podemos afirmar que os seus esforços não foram em vão, pois os seus quadros e murais são considerados entre os mais importantes produzidos neste século em Portugal e Almada, depois de Fernando Pessoa, é uma das mais conhecidas figuras culturais do modernismo português. [...]
Se prestarmos atenção, no entanto, à vida e obra de Almada Negreiros, torna-se evidente que o homem, tão conhecido hoje em dia como pintor e desenhador, fez a sua estreia na sua vida artística principalmente como escritor."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução | I - Os limites da narrativa almadiana: da influência simbolista em Frisos à experiência futurista de Saltimbancos. II - Primeiras tentativas sensacionistas: o percurso de aptrendizagem seguido pelo narrador n'A Engomadeira. III - A transitividade do sujeito literário: K4 O Quadrado Azul como o culminar do projecto sensacionista. IV - A ingenuidade intendida como processo didáctico: o conto jornalístico dos anos 20. V - Nome de Guerra: experiência única e última no projecto da ficção Almadiana. VI - A «Ficção da Ingenuidade» depois de Nome de Guerra. | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
20€

25 janeiro, 2024

GOMES, Alvaro - TRACTADO DA PERFEIÇAOM DA ALMA.
Introdução e notas de A. Moreira de Sá. [Prefácio do Prof. Joaquim de Carvalho]. Acta Universitatis Conimbrigensis. Coimbra, [Universidade de Coimbra], 1947. In-8.º (22x16 cm) de [12], XL, 191, [1] p. ; [9] f. il. ; B.
1.ª edição.
O Tractado da Perfeiçaom da alma (c. 1550) é um códice, nunca antes publicado, importante contributo para a compreensão do pensamento místico-religioso e da imortalidade da alma nos meios iluminados da época.
Livro ilustrado com 9 estampas separadas do texto reproduzindo em fotogravura portadas de livros e páginas do Tratado.
"Qualquer que haja sido o germe da noção da imortalidade do espírito humano, a sua conexão com a existência de Deus e a sua irradiação nos mitos, crenças e anelos dos povos antigos, é fora de dúvida que só com Platão ela adquiriu profundidade e dimensões filosóficas. [...]
Vieram depois os juízos e opiniões divergentes de Aristóteles e de alguns estóicos, a negação dos epicuristas, e a mensagem cristã, pela qual a ideia perde a frialdade dialéctica porque adquire a sublimidade da Revelação e a vivência ardente do próprio destino no enlevo da bem-aventurança eterna.
É na firmeza desta crença e doutrinado pelo ensinamento teológico de alguns Padres, que o Português do século XII aparece na História, ao vindicar a vontade de viver politicamente autónomo, e ao lançar-se com afeição fervorosa à reconquista, cultivo e povoamento do território. Inundavam-lhe a alma e o ânimo às certezas da fé em Cristo, ou por outros termos de tendência explicativa, as respostas alentadoras às sempre vivas interrogações do venimus, do quid sumus e do quo ibimus, tanto mais que a índole realista que o romano lhe incutiu com o legado das palavras, das ideias e da conduta, o dissuadia das aventuras especulativas.
O anelo da imortalidade vivia-o como crente, e até talvez lhe repugnasse pensá-lo como ideia... [...]
Álvaro Gomes era teólogo e foi em função da escatologia católica que estabeleceu a correlação das ideias de imaterialidade, de imortalidade e de bem-aventurança, assim como o encadeamento sucessivo da temática."
(Excerto do prefácio do Prof. Joaquim de Carvalho)
"O manuscrito que hoje se publica conserva-se inédito no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Por virtude de várias pesquizas, encontrámos naquele Arquivo, a par de outros inéditos de filosofia que um dia publicaremos, o manuscrito intitulado «Tractado da perfeicaom da alma dirigido ao muy poderoso Rey Dom Joam III deste nome, Rey de Portugal e dos Algarves».
oEste códice parece ter sido encontrado, modernamente, pelo então director daquele Arquivo, Roberto de Campos, que colocou na parte de dentro das guardas, o escrito seguinte: «Este Tratado da Perfeição da Alma, no qual o author trata principalmente da sua imortalidade foi composto no anno de 1550, como se deprehende do seu proémio. Ainda que no Mss. na (sic) venha o nome do author foi elle sem duvida o Dr. Alvaro Gomes, natural d’Evora, lente de theologia nas universidades de Paris, Salamanca e Coimbra, Confessor d’el Rey Dom João II. [...]»."
(Excerto da Introdução)
Índice do Tractado:
Prohemyo | Parte I - Natureza e origem da alma; Parte II - Da imortalidade da alma; Parte III - Do premio que as almas apartadas do corpo hão daver. | Capitulo final e Extravagante - Da vaydade deste mundo e dos malles e emganos que nelle ha sempre pera que delles nos goardando, possa nossa alma viver limpamente.
Índice Geral:
Prefácio | Nota prévia | Introdução: I - O manuscrito e seu autor; II - Obras que escreveu; III - Historia do Códice; IV - O professor e o crítico; V - O filosofo. | Tractado da Perfeicaom da alma | Anotações.
Álvaro Gomes (1510-15--). "Foi autor do célebre "Tratado da Perfeição da Alma" e bolseiro "francês" na Universidade de Paris, perceptor e mestre em teologia do jovem Infante D. Afonso, à altura arcebispo de Évora e depois arcebispo de Lisboa e cardeal da Cúria. Foi, mais tarde, lente de Teologia em Coimbra e confessor do próprio rei D. João III, que o tinha em grande estima e que, por isso, lhe garantiu o priorado de São Nicolau de Lisboa. Curiosamente, apesar da dedicatória e do seu excelente relacionamento com a família real, a obra não foi impressa, possivelmente devido à censura ou ao facto de a ter primeiramente escrito para D. Afonso e tê-la dedicado ao irmão deste, o cardeal D. Henrique, que poderia ter-se ressentido como substituto.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Muito invulgar.
35€

24 janeiro, 2024

VENÂNCIO, José Carlos -
O FACTO AFRICANO.
Elementos para Uma Sociologia de África. Prefácio de Adelino Torres. Lisboa, Vega, 2000. In-8.º (21x14 cm) de 158, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ensaio sociológico. "Trata-se de um estudo que, pelo seu carácter geral, tanto poderá interessar a estudantes de ciências sociais, como aos de história, literatutra e outras ciências, bem como a um público geral interessado em conhecer melhor a realidade africana."
Livro ilustrado no texto quadros estatísticos e mapas do continente africano.
"O livro de José Carlos Venâncio (doravante JVC) é uma oportuna e bem concebida síntese de questões que estão no centro da actualidade africana. A matéria é vasta: da busca de referências que remontam aos tempos pré-coloniais, à vivência dolorosa do momento presente, passando pelos trilhos rasgados por um colonialismo que, apesar de fugaz, deixou sulcos na memória dos homens e nas suas vidas."
(Excerto do Prefácio)
"Este livro tem por objecto o estudo de aspectos sociais da África sub-saariana, que, pela sua relevância e incidência no destino dos respectivos povos, ajudam-nos a obter uma visão geral do passado, do presente e do futuro deste "sub-continente" que, enquanto realidade humana, continua a ser identificado com a chamada raça negra. Deste identificação deriva, aliás, uma outra designação da região em questão, mais usual no espaço francófono, a de África Negra."
(Excerto da Introdução - 1. A ideia de África)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.
Invulgar.
10€

23 janeiro, 2024

A TESÃO DO REI TURCO.
Poema inédito, muito cândido e delicado para marcar presença na nossa reunião de 1977 - CURSO DA F.E.U.P. : De 1941. [S.l.], [s.n.], [1977]. In-8.º (16x10,5 cm) de [18] p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Paródia dos alunos da Faculdade de Engenharia da UP - assinado "O." - composto por um poema de teor hard erótico em 54 estrofes, seguido de posfácio, também em verso.
Exemplo do tipo de "literatura estudantil" produzida nos primeiros anos pós-25 de Abril de 74.
Exemplar batido à máquina e fotocopiado.

"Em tempos idos, já remotos
Lá nos orientes ignotos
Reinou um tal Kemal Omar
De quem as tradições e lendas
Que contam guerras e contendas
Nos dizem coisas de pasmar

Bem nascido e mui desejado
Dum califa desanimado
Por não ter um filho varão
Sua favorita mais quente
Por milagre ou outr' agente(?)
Deu-lhe um lindo rapagão"

(I/II)
 
"Não me conhecias a veia. Nem eu!
Foi tontice que me deu
Se gostaste não me envaideças
Não repito nem que me peças
Se não gostaste não me grites
O teu perdão e ficamos quites
Eu não quiz suplantar Camões
Não me venhas, pois, com sermões
Porque então dessa maneira
É tu que ofuscas Vieira."

(Excerto do posfácio)

Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
Sem registo na BNP.
35€

22 janeiro, 2024

FIGUEIREDO, Parente de - O SERRANO.
(Poesia comemorando o trágico combate de 9 de Abril e a entrada na Batalha dos soldados desconhecidos)
. Lisboa - Porto - Coimbra, Lvmen : Empresa Internacional Editora, 1921. In-8.º (20 cm) de 14, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo poético comemorativo da batalha de La Lys, sendo também - e sobretudo - uma sentida homenagem ao Soldado Desconhecido.

"Vou partir, vou para a guerra,
Na conquista dum Ideal,
Que é deixar a minha vida,
Na vida de Portugal..."

(Canção da partida)
 
"Uma tarde partiu, chamado ao regimento,
De lágrimas nos olhos, de luto o pensamento...
Que seria, afinal?... Na sua aldeia inteira,
Outrôra socegada, calma, hospitaleira,
Falava-se da guerra - aquela mortandade,
Que fazia correr por sôbre a humanidade,
Nas planícies do norte, e lá no Oriente,
Tanto grito de dôr, sangue de tanta gente...
Seria para lá que a sorte o levaria?
[...]
Soluçou e partiu... Fez-se a concentração.
Trabalhou, manobrou, fez a preparação
Exigida na guerra; depois já mob'lizado,
Um perfeito guerreiro, intrépido soldado,
Saiu de Portugal, deixou a sua terra,
E foi-se para longe, até à grande guerra..."

(Excerto de Soldado Desconhecido)

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

21 janeiro, 2024

BASTOS, Susana Pereira - O ESTADO NOVO E OS SEUS VADIOS. Contribuição para o estudo das identidades marginais e sua repressão. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997. In-4.º (23,5x16,5 cm) de 405, [3] p. ; il. ; C.
1.ª edição.
Importante contributo para a história da marginalidade durante o período de regime do Estado Novo.
"O presente trabalho constitui urna reflexão antropológica sobre o tema da construção social das identidades desviantes, a partir de uma pesquisa sobre uma figura marginal complexa, conceptualizada como fonte de impureza, poluição e perigo para a identidade nacional portuguesa - o vadio e seus equiparados (mendigo profissional, prostituta de escândalo público, homossexual, chulo, rufião, proxeneta, reincidente, etc.) -, bem como sobre o modelo institucional criado com vista à sua repressão e regeneração moral pelo projecto sociopolítico dominante ao longo dum período recente da história portuguesa contemporânea vulgarmente designado por Estado Novo."
(Retirado da contracapa)
Livro ilustrado com tabelas e quadros estatísticos.
"Como compreender as medidas de repressão da mendicidade nas ruas e lugares públicos consolidadas no início do Estado Novo e, nomeadamente, a criação do albergue da Mitra, destinado à absorção dos bandos de mendigos «que infestavam a capital, assediando no cais de desembarque os estrangeiros que nos visitavam, atraindo a caridade pública em atitudes teatrais, (...), expondo aleijões, chagas e outras deformações físicas, impressionando as pessoas, tirando partido das suas exibições hediondas e auferindo lautos proventos»?
Muito embota as primeiras disposições legais visando restringir a mendicidade, a ociosidade e a vadiagem datem de 1735 e, posteriormente, tenham sido implantados vários sistemas de repressão da mendicidade e da vadiagem no princípio do século, em Portugal, reconhecia-se ao mendigo um lugar público nas malhas do sistema social.
No mundo rural, a sua actividade era marcada por vários percursos e ritmada por determinados acontecimentos - festas, feiras, procissões, funerais, etc -, onde a sua presença era aceite e, tantas vezes, indispensável. Habitualmente, pernoitavam num cabanal cedido, num palheiro de um lavrador ou, noutras regiões, dormiam, por direito de costume, em certas construções colectivas.
Também nas cidades a mendicidade era uma realidade socialmente tolerada e até mesmo legitimada pelas autoridades, quando desenrolada de acordo com os regulamentos administrativos."
(Excerto de 2. Da pobreza sagrada à mendicidade como desvio)
Índice:
1. Introdução. 2. Da pobreza sagrada à mendicidade como desvio: a assumpção pelo Estado do controlo social do mendigo-vadio. 3. E se os marginais não fossem marginais? 4. A propósito de um sentimento de estranheza. 5. A instauração de um modelo institucional (1933-1951): 5.1. À revelia dos discursos oficiais: as primeiras estratégias de funcionamento do albergue; 5.2. «Velhos» e «menores»: constantes em tempos de crise; 5.3. A população reclusa: perfil antropológico: 5.3.1 O universo adulto; 5.3.2. O universo envelhecido; 5.3.3. O universo infantil. 5.4. Alguns rostos do mitreiro: 5.4.1 O louco; 5.4.2 A prostituta e o homossexual; 5.4.3. O reincidente; 5.4.4. Outros matizes do mitreiro: o alcoólico e o tuberculoso. 5.5. Contradições do dispositivo psiquiátrico: as condições para uma regressão; 5.6. «Vadios» e «bons-governantes»: a construção de um mito de renovação do Estado; 5.7. Do sincretismo à diferenciação marginal: a criação da colónia do Pisão; 5.8. A ideologia do amigo regenerador; 5.9. Ritual e controlo social. 6. A desestruturação do modelo institucional (1952-1974): 6.1. O enlouquecimento do albergue; 6.2. As visitas da amiga social; 6.3. Apontamentos sobre a extinção do albergue da Mitra. 7. Conclusão. | Bibliografia e Fontes.
Encadernação do editor em tela cartonada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e social.
35€

20 janeiro, 2024

ARAÚJO, António Lopes de -
CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PE. MANUEL ANTÓNIO GOMES HIMALAIA
. [S.l.], Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, 1972. In-8.º (22x16,5 cm) de 38, [2] p. ; il. B.
1.ª edição.
Conferência realizada nos Paços do Concelho de Arcos de Valdevez em homenagem a um filho da terra - o "padre cientista" Manuel Himalaia - por ocasião do centenário do seu nascimento.
Livro ilustrado em página inteira com fotografia do busto do Pe. Himalaia, colocado na Av. Marginal, em Arcos de Valdevez.
Com interesse histórico e biográfico.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"O Padre Manuel António Gomes, quando estudante no Seminário Conciliar de Braga, devido à sua grande estatura, foi alcunhado de Himalaia, nome duma montanha altíssima lá nos confins da Ásia.
O Padre Himalaia era de facto alto como uma torre e esguio como um choupo. Indiferente aos epigramas e motejas que a sua altura despertava, e simpatizando com o nome, que o individualizava, passou a adotá-lo como pseudónimo nas letras, e mais tarde até como apelido que, mesmo na vida civil e oficial, passou a usar.
A sua projecção, principalmente científica, foi de tal ordem que até seu próprio irmão, o venerando arcipreste dos Arcos, o usou como apelido: Gaspar Himalaia da Rocha Fernandes."
(O nome)
Índice:
[Preâmbulo] | Local de nascimento | Igreja de Cendufe | O nome | A sua vida | A sua cultura | Os inventos | O Pirhelióforo | Os fins do Pirhelióforo | A Himalaite | O Padre Himalaia e o vegetarianismo | O seu carácter | A sua morte | Bibliografia: Bibliografia do Padre Himalaia (Incompleta) - a) As suas obras; b) Obras sobre o P. Himalaia ou os seus inventos; c) Artigos insertos em jornais, enciclopédias, etc.
Manuel António Gomes 'Himalaia' (Santiago de Cendufe, Arcos de Valdevez, 9 de dezembro de 1868 - Viana do Castelo, 21 de dezembro de 1933). "Mais conhecido como Padre Himalaia, foi um sacerdote católico, cientista e inventor, pioneiro do aproveitamento da energia solar e introdutor em Portugal do interesse pelas energias renováveis. Foi vegetariano e defensor da naturopatia, em particular da fitoterapia e da hidroterapia.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Rasgão na capa (com restauro) e na f. seguinte.
Muito invulgar.
15€

19 janeiro, 2024

RIO, João do
(Paulo Barreto) -
AS RELIGIÕES DO RIO. Rio-de-Janeiro : Paris, H. Garnier, Livreiro-Editor, 1906. In-8.º (18,5x12 cm) de [10], 245, [1] p. ; 24, [2] p. Cat. Liv. Garnier ; B.
Trabalho pioneiro. Importante contributo para o estudo da feitiçaria, satanismo, do sobrenatural e das seitas religiosas no Brasil, e em particular no Rio de Janeiro. Em 1904 o jornalista João Paulo Barreto, que ficou mais conhecido como João do Rio, escreveu para o jornal carioca Gazeta de Notícias uma série de reportagens sobre as diversas manifestações religiosas que eram praticadas no Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi publicado em livro, com curta tiragem, hoje muito raro. Em 1906 seguiu-se a presente edição, também ela rara. "Foi considerado um livro polémico, adorado por alguns e esconjurado por outros, por o considerarem irónico e preconceituoso".
Ilustrado no texto com "escalas" das Intonações, do Karma, da Fisiolatria, e lista de nomes esotéricos com as respectivas construções nominais.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao conhecido escritor e cronista português Albino Forjaz de Sampaio (1884-1949).
"A religião? Um mysterioso sentimento, mixto de terror e de esperança, a symbolisação lugubre ou alegre de um poder que não temos e almejamos ter, o desconhecido avassallador, o equivoco, o medo, a perversidade..
O Rio, como todas as cidades nestes tempos de irreverência, tem em cada rua um templo e em cada homem uma crença diversa.
Ao ler os grandes diários, imagina a gente que está ríum paiz essencialmente catholico, onde alguns mathematicos são positivistas. Entretanto, a cidade pullula de religiões. Basta parar em qualquer esquina, interrogar. A diversidade dos cultos espantar-vos-á. São swendeborgeanos, pagãos litterarios, phgsiolatras, defensores de dogmas exóticos, auctores de reformas da Vida, reveladores do Futuro, amantes do Diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de Sabá, judeus, schismaticos, espiritas, babalãos de Lagos, mulheres que respeitam o oceano, todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto. Quem atravez a calma do semblante lhes adivinhará as tragédias da alma? Quem no seu andar tranquillo de homens sem paixões irá descobrir os reveladores de ritos novos, os mágicos, os nevropathas, os delirantes, os possuidos de Satanaz, os mystagogos da Morte, do Mar e do Arco-íris? Quem poderá perceber, ao conversar com estas creaturas, a lucta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a lucta que faz mil religiões á espera de Jesus, cuja reapparição está marcada para qualquer destes dias, e á espera do Anti-Christo, que talvez ande por ahi? Quem imaginará cavalheiros distinctos em intimidade comas almas desencarnadas, quem desvendará a conversa com os anjos nas chombergas fétidas.
Elles vão por ahi, papas, prophetas, crentes e reveladores, orgulhosos cada um do seu culto, o uniço que é a Verdade. Falai-lhes boamente, sem a tenção de aggredil-os, e elles se confessarão, - porque só numa cousa é impossível ao homem: enganar o seu semelhante, na fé.
Foi o que fiz na reportagem a que a «Gazeta de Noticias»| emprestou uma tão larga hospitalidade e um tão grande rindo; foi este o meu esforço: levantar um pouco o mysterio das crenças nesta cidade."
(Excerto do preâmbulo)
Índice:
[Preâmbulo] | No Mundo dos Feitiços: - Os Feiticeiros; - «As Iauõ»; - O Feitiço; - A Casa das Almas; - Os novos feitiços de Sanin; - A Egreja Positivista; - Os Maronitas; - Os Physiolatras. | O Movimento Evagelico: - A Igreja Fluminense; - A Igreja Presbyteriana; - A Igreja Methodista; - Os Baptistas; - A. A. C. M.; - Irmãos e Adventistas. | O Satanismo: - Satanistas; - Á Missa Negra; - Os Exorcismos; - As Sacerdotizas do Futuro; - A Nova Jerusalém; - O Culto do Mar. | O Espiritismo: - Entre os Sinceros; - Os Exploradores; - As Synagogas.
João do Rio (pseud. de Paulo Barreto - João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto) (1881-1921). "Jornalista, cronista, contista e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de agosto de 1881, e faleceu na mesma cidade em 23 de junho de 1921. Fez os estudos elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos, ingressou na imprensa, notabilizando-se como o primeiro jornalista brasileiro a ter o senso da reportagem moderna, entre as quais se tornaram célebres “As religiões no Rio” e o inquérito “O momento literário”, ambas reunidas depois em livros ainda hoje de leitura proveitosa, constituindo o segundo excelente fonte de informações acerca do movimento literário do final do século XIX no Brasil.
Nos diversos jornais em que trabalhou, granjeou enorme popularidade, sagrando-se como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos, além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José. Como homem de letras, deixou obras de valor, sobretudo como cronista. Foi o criador da crônica social moderna. Como teatrólogo, teve grande êxito a sua peça A bela madame Vargas, representada pela primeira vez em 22 de outubro de 1912, no Teatro Municipal.
Ao falecer, era diretor do diário A Pátria, dedicado aos interesses da colônia portuguesa, que fundara em 1920. No seu último “Bilhete” (seção diária que mantinha naquele jornal), escreveu: “Eu apostaria a minha vida (dois anos ainda, se houver muito cuidado, segundo o Rocha Vaz, o Austregésilo, o Guilherme Moura Costa e outras sumidades)...” Seu prognóstico ainda era otimista, pois não lhe restavam mais que algumas horas quando escreveu aquelas palavras.  Falecido dentro de um táxi, deu corpo ficou na redação de A Pátria, exposto à visitação pública. Seu enterro, dos maiores da história carioca, realizou-se com cortejo de cerca de cem mil pessoas. Na Academia Brasileira de Letras, que então ficava no Silogeu Brasileiro, na praia da Lapa, disse-lhe o discurso de adeus Carlos de Laet.
Segundo ocupante da cadeira 26, foi eleito em 7 de maio de 1910, na sucessão de Guimarães Passos, e recebido pelo acadêmico Coelho Neto em 12 de agosto de 1910. Recebeu o acadêmico Luís Guimarães Filho."
(Fonte: https://www.academia.org.br/academicos/paulo-barreto-pseudonimo-joao-do-rio/biografia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
85€

18 janeiro, 2024

SANTOS, Laura -
O MESTRE COZINHEIRO. Tratado Completo de Culinária. Cozinha regional portuguesa - Cozinha francesa - Conservas de legumes e frutas - Doçaria - Licores. Nova edição - revista e aumentada. 9.ª edição. Colecção "Laura Santos". Lisboa, Editorial Lavores, [197?]. In-4.º (24x16,5 cm) de 836 p. ; [32] p. il. ; E.
Este livro teve a colaboração de diversos cozinheiros portugueses e franceses.
Obra de fôlego. Importante tratado culinário, multiplamente reeditado na segunda metade do século passado, sendo, indubitavelmente, um dos mais importantes trabalhos que sobre o tema se publicou entre nós.
Ilustrado com 64 "pratos" a cores, distribuídos por 32 páginas separadas do texto.
"Eis aqui um livro da mais alta utilidade, expressamente composto para todas as donas de casa, senhoras que desejam adquirir sempre, mais e melhor, conhecimentos dessa arte que se chama: Culinária.
Trata-se dum livro recheado de boas receitas que farão as delícias dos paladares mais exigentes.
E a maior novidade, é a cozinha francesa que apresentamos, com acepipes verdadeiramente franceses, com esse sabor genuíno e típico dos pratos que se servem na França de sempre, na França imortal dos grandes poetas e também de inolvidáveis gastrónomos.
Na parte da cozinha regional portuguesa, tão rica ao nosso paladar, encontrará a leitora as mais belas receitas, criteriosamente seleccionadas.
Folheando estas páginas, a dona de casa sentirá como que o desejo de ir experimentar esta ou aquela receita. Fazendo-o, não se sairá mal. Todas as receitas foram cuidadosamente estudadas e experimentadas, exactamente para que não surgissem embaraços na sua execução. [...]
Um livro de receitas é um guia que nos ensina e um auxiliar que está sempre pronto, até nas horas mais inquietas. Quantas vezes chega uma visita e não sabemos o que havemos de fazer. Pois o problema é facilmente resolvido se consultarmos o índice dum bom e acessível livro de receitas. [...]
Portanto, que nenhuma senhora deixe de ter no seu lar, recomendando às suas amigas, este indispensável manual que contém suculentas receitas de todos os géneros e para todos os paladares.
A boa mesa é sempre apreciada. Saiba a mulher portuguesa transformar a hora das refeições em verdadeiro prazer - o prazer das escolhidas e variadas iguarias, rescendentes e apetitosas que ela própria preparou para encanto da sua mesa. [...]
Todas as senhoras devem meditar nas altas vantagens dum profundo conhecimento culinário.
Trata-se dum livro actual, precioso auxiliar da dona de casa, sempre tão afanosa, possuída pelo são desejo de agradar aos seus, de tornar o seu lar um refúgio apetecível."
(Excerto da introdução - Minha Senhora)
Encadernação do editor inteira de pele com ferros gravados a ouro na pasta frontal e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Com uma ou outra esfoladela nas pastas.
Invulgar.
25€

17 janeiro, 2024

VILHENA, Julio de – ANTES DA REPUBLICA. (Notas autobiográficas). Volume I (1874--1907). [Volume II (1908--1910)]. Coimbra, França & Armenio-Editores, 1916. 2 vols in-8.º (22 cm) de 423 p. e 526, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo histórico para os acontecimentos que antecederam a instauração da República em Portugal. Obra em 2 volumes (completa).
Dedicatória autógrafa do impressor a Ricardo Malheiros na f. ante-rosto do Vol. I, e rubrica do impressor na f. ante-rosto do Vol. II.
Júlio Marques de Vilhena (1845-1928). "Nasceu a 28 de Julho de 1845 em Ferreira do Alentejo. Aos 19 anos entrou na Universidade de Coimbra para cursar Teologia. Dois anos passados abandonou os estudos teológicos, matriculando-se na Faculdade de Direito, curso que concluiu em 1871. Filiou-se no Partido Regenerador. Foi eleito pela primeira vez para a Câmara Baixa em Julho de 1874. Em 1876, fixou residência em Lisboa, onde abriu banca de advogado, tendo sido sucessivamente eleito deputado em 1883 e em 1884. No ano seguinte, entrava para a Câmara Alta, pelo círculo da Guarda, passando a par do reino vitalício em 1890. Foi ministro cinco vezes no decénio de 1881-1891 (da Marinha e do Ultramar e da Justiça e Negócios Eclesiásticos), aplicando reformas renovadoras e progressivas no sentido da descentralização, sem enfraquecimento do poder real. Em 1907 foi eleito para chefe do Partido Regenerador. Com a queda do regime monárquico retirou-se da vida política activa. Foi presidente do Supremo Tribunal Administrativo. Morreu em Lisboa a 27 de Dezembro de 1928."
(Fonte: fmsoares.pt)
Exemplares brochados, por abrir, em bom estado geral de conservação; o Vol. II apresenta falha de papel de relevo na lombada e ausência da capa posterior.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

16 janeiro, 2024

JOÃO BRANCO NÚNCIO - ÉPOCA : Suplemento Especial. [Lisboa], Companhia Nacional Editora, 1973. In-4.º (28,5x20,5 cm) de 29, [3] p. (inc. capas) ; il. ; B.
1.ª edição.
Suplemento especial do jornal Época n.º 831 de 27 de Maio de 1973 dedicado às Bodas de Ouro da alternativa de Mestre João Branco Núncio. O jornal Época resultou da fusão dos jornais "A Voz" e "Diário da Manhã", foi lançado em 1 de Fevereiro de 1971 e circulou até Maio de 1974.
Contém uma reportagem de fundo sobre o cavaleiro - circunstância excepcional, dada a sua conhecida aversão a entrevistas. A contracapa reproduz autógrafo do toureiro com o agradecimento público a todos quanto o acompanharam na sua jornada de 50 anos.
Suplemento ilustrado com inúmeras fotografias do Mestre (no campo, feiras e praças), publicidade diversa, e um artigo sobre Nuno Salvação Barreto, cabo do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.
"A singela homenagem que prestamos a João Branco Núncio no dia em que comemora as Bodas de Ouro da sua alternativa, tem  um duplo objectivo: o de festejar o artista que ao longo de cinquenta anos soube e pôde dignificar a sua Arte, e o de enaltecer o Homem probo, o chefe de Família, o trabalhador e o empresário que aos seus e à sua terra não regateou um avo da energia, ao longo da existência.
Respeitador dos valores tradicionais, em cada momento confiante nas amabilidades do futuro, tolerante e justo, nada mais se poderia acrescentar à vida de João Branco Núncio, se não fora a força com que enfrentou as adversidades, opondo-lhes persistentemente, uma ilimitada confiança de vitória.
Para além dos tumultos da existência, do bom e do menos bom existencial, da glória das arenas ou do secreto triunfo interior - homenageia-se também, e antes de tudo, aquele que tão portuguêsmente soube e sabe viver."
(Apresentação)
"Manhã cedo. A terra encharcada estendia-se por canteiros de arroz. Na outra, mesmo à ilharga, semeada de trigo, parecia também, aos olhos leigo da repórter, fortemente humedecida pelas violentas bátegas que, de espaços a espaços, caíam nas leiras castanho-escuras.
Dia de chuva, de vento desabrido, a secar em poucos instantes a água benfazeja.
Minutos antes deixáramos a Quinta da Palmeira, à saída de Alcácer, ao rés da estrada nacional que segue por esse Alentejo dentro, direita ao Torrão e a Beja.
João Núncio, calça de ganga azul justa às pernas, blusão ajaquetado de cabedal preto, botins de vitela, e na cabeça o tradicional chapéu e aba larga, senta-se ao volante do jipão e ruma a Vale de Lobos."
(Excerto da entrevista)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito raro.
Com interesse histórico e tauromáquico.
Indisponível