25 janeiro, 2024

GOMES, Alvaro - TRACTADO DA PERFEIÇAOM DA ALMA.
Introdução e notas de A. Moreira de Sá. [Prefácio do Prof. Joaquim de Carvalho]. Acta Universitatis Conimbrigensis. Coimbra, [Universidade de Coimbra], 1947. In-8.º (22x16 cm) de [12], XL, 191, [1] p. ; [9] f. il. ; B.
1.ª edição.
O Tractado da Perfeiçaom da alma (c. 1550) é um códice, nunca antes publicado, importante contributo para a compreensão do pensamento místico-religioso e da imortalidade da alma nos meios iluminados da época.
Livro ilustrado com 9 estampas separadas do texto reproduzindo em fotogravura portadas de livros e páginas do Tratado.
"Qualquer que haja sido o germe da noção da imortalidade do espírito humano, a sua conexão com a existência de Deus e a sua irradiação nos mitos, crenças e anelos dos povos antigos, é fora de dúvida que só com Platão ela adquiriu profundidade e dimensões filosóficas. [...]
Vieram depois os juízos e opiniões divergentes de Aristóteles e de alguns estóicos, a negação dos epicuristas, e a mensagem cristã, pela qual a ideia perde a frialdade dialéctica porque adquire a sublimidade da Revelação e a vivência ardente do próprio destino no enlevo da bem-aventurança eterna.
É na firmeza desta crença e doutrinado pelo ensinamento teológico de alguns Padres, que o Português do século XII aparece na História, ao vindicar a vontade de viver politicamente autónomo, e ao lançar-se com afeição fervorosa à reconquista, cultivo e povoamento do território. Inundavam-lhe a alma e o ânimo às certezas da fé em Cristo, ou por outros termos de tendência explicativa, as respostas alentadoras às sempre vivas interrogações do venimus, do quid sumus e do quo ibimus, tanto mais que a índole realista que o romano lhe incutiu com o legado das palavras, das ideias e da conduta, o dissuadia das aventuras especulativas.
O anelo da imortalidade vivia-o como crente, e até talvez lhe repugnasse pensá-lo como ideia... [...]
Álvaro Gomes era teólogo e foi em função da escatologia católica que estabeleceu a correlação das ideias de imaterialidade, de imortalidade e de bem-aventurança, assim como o encadeamento sucessivo da temática."
(Excerto do prefácio do Prof. Joaquim de Carvalho)
"O manuscrito que hoje se publica conserva-se inédito no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Por virtude de várias pesquizas, encontrámos naquele Arquivo, a par de outros inéditos de filosofia que um dia publicaremos, o manuscrito intitulado «Tractado da perfeicaom da alma dirigido ao muy poderoso Rey Dom Joam III deste nome, Rey de Portugal e dos Algarves».
oEste códice parece ter sido encontrado, modernamente, pelo então director daquele Arquivo, Roberto de Campos, que colocou na parte de dentro das guardas, o escrito seguinte: «Este Tratado da Perfeição da Alma, no qual o author trata principalmente da sua imortalidade foi composto no anno de 1550, como se deprehende do seu proémio. Ainda que no Mss. na (sic) venha o nome do author foi elle sem duvida o Dr. Alvaro Gomes, natural d’Evora, lente de theologia nas universidades de Paris, Salamanca e Coimbra, Confessor d’el Rey Dom João II. [...]»."
(Excerto da Introdução)
Índice do Tractado:
Prohemyo | Parte I - Natureza e origem da alma; Parte II - Da imortalidade da alma; Parte III - Do premio que as almas apartadas do corpo hão daver. | Capitulo final e Extravagante - Da vaydade deste mundo e dos malles e emganos que nelle ha sempre pera que delles nos goardando, possa nossa alma viver limpamente.
Índice Geral:
Prefácio | Nota prévia | Introdução: I - O manuscrito e seu autor; II - Obras que escreveu; III - Historia do Códice; IV - O professor e o crítico; V - O filosofo. | Tractado da Perfeicaom da alma | Anotações.
Álvaro Gomes (1510-15--). "Foi autor do célebre "Tratado da Perfeição da Alma" e bolseiro "francês" na Universidade de Paris, perceptor e mestre em teologia do jovem Infante D. Afonso, à altura arcebispo de Évora e depois arcebispo de Lisboa e cardeal da Cúria. Foi, mais tarde, lente de Teologia em Coimbra e confessor do próprio rei D. João III, que o tinha em grande estima e que, por isso, lhe garantiu o priorado de São Nicolau de Lisboa. Curiosamente, apesar da dedicatória e do seu excelente relacionamento com a família real, a obra não foi impressa, possivelmente devido à censura ou ao facto de a ter primeiramente escrito para D. Afonso e tê-la dedicado ao irmão deste, o cardeal D. Henrique, que poderia ter-se ressentido como substituto.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Muito invulgar.
35€

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