PASSANHA, Alfredo - A VOZ DA MONTANHA. Porto, Magalhães & Moniz - Editores, 1916. In-8.º (19 cm) de 261, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Romance cuja acção decorre durante a Primeira Guerra Mundial (em curso), e incide nos amores improváveis entre uma senhora belga, distinta e culta, e um oficial alemão.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor.
"Entre Bruxellas e Liege, a meio caminho quasi das duas cidades, e a pouca distancia das margens do Ourcq, ergue-se um Palacio de grandes dimensões, e d'aspecto meio severo e meio risonho, resultante da juxtaposição de duas architecturas bem diversas: a medieval, representada por uma alta Torre quadrilonga, d'aspecto duro e aggressivo com o a épocha que representa, ligada a um amplo terraço d'altas e grossas paredes coroadas de ameias; e a outra, cheia de graça nas suas linhas, de delicadeza nas suas fórmas, e nas suas ornamentações, como obra que era do genio feliz da Renascença. [...]
Dentro d'esse Palacio ou Chateau grandioso, cuja edade se contava já por seculos, vivia o ultimo Senhor d'elle, o velho Conde d'Entremont, o ultimo descendente de muitas gerações de soldados, com uma neta, e com um velho capellão, o Abbade Guilbert, que, pelo acerto do conselho, e pela sua extrema bondade, era venerado por aquelles sitios todos."
(Excerto do Cap. I)
Alfredo Carlos Infante Passanha (n./f. ?). Agricultor, produtor de vinhos durienses. Foi um acérrimo defensor da marca "Porto" como factor de diferenciação para os vinhos de outras regiões. "Era tido como um ardente defensor do Douro, na luta entre a região e os poderes do Estado, sendo mesmo denominado de «vigoroso paladino do Douro»." (Sequeira, Carla - O Alto Douro entre o livre-cambismo e o proteccionismo: a «questão duriense» na economia nacional, 2011). Integrou diversas comissões de debate e discussão da problemática dos vinhos do Douro, participando em conferências, reuniões e audiências nos círculos do poder na capital, tendo publicado um livro sobre este assunto - Questões do Douro (1905). Para além desta sua faceta de lavrador e homem do campo, mostrou qualidades de literato, publicando um romance - A voz da Montanha (1916) - e diversas peças de teatro, não obtendo no entanto nunca o merecido reconhecimento público.Encadernação lindíssima, coeva, em meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Ex-libris de António de Souza Brandão no verso da f. ante-rosto.
Raro.
Indisponível
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