GOULART, Osorio - ALBUM DA VISITA REGIA Á ILHA DO FAYAL. Memoria narrativa. Por... Capellão Fidalgo da Casa Real e Membro da Commissão dos Annaes do Municipio da Horta. Lisboa, Imprensa Nacional, 1902. In-4.º (24,5 cm) de 94, [4] p. ; [20] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Descrição pormenorizada da histórica viagem empreendida por D. Carlos I e sua mulher, a rainha D. Amélia, à Ilha do Faial, em 1901.
"Em 1901, D. Carlos e D. Amélia de Orleães realizaram, entre 20 de junho e 14 de
julho, uma visita oficial aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, que nos anais da
história dos povos insulares ficaria conhecida por "Visita Régia", e que viria a constituir
“um êxito tanto a nível político, como social e simbólico!”. De repente o Faial, espaço
periférico, transformou-se, transitoriamente no centro político do País. [...]
A visita régia, como já foi referido, iniciou-se a 20 de junho, tendo a comitiva real
chegado à cidade da Horta no dia 28, sexta-feira, pelas 10 horas, um dia antes do que
estava inicialmente previsto.
A ilha do Faial seria a primeira do arquipélago a ser visitada pela família real
portuguesa, vinda da Madeira a bordo do cruzador D. Carlos, quer era acompanhado pelos
cruzadores S. Gabriel e D. Amélia e pelo iate real com o mesmo nome.
Ao aproximarem-se da baía da Horta, seriam cumprimentados pelos cruzadores
ingleses Austrália e Severn e espanhol Vitória (que tinham vindo às águas açorianas
prestar as devidas homenagens à família real portuguesa) e pela canhoneira portuguesa
Sado. Por seu turno, o castelo de Santa Cruz salvou três vezes e da cortina da cidade, particularmente na zona de Santa Cruz, subiram ao ar imensas girândolas de foguetes, tudo
sob o olhar de “imenso povo”. [...]
Nos dias seguintes, os monarcas cumpriram um vasto programa constituído por
sessões solenes. Receções (no Palacete do Pilar, do Dr. António Emílio Severino de Avelar e no chalé do conselheiro Terra Pinheiro, na freguesia do Capelo). Visitas a
estabelecimentos de natureza vária (Grandes Armazéns Faialenses e Asilo de Infância
Desvalida Infante D. Luís) e passeios pitorescos (Caldeira e Capelo). Inaugurações
(primeira pedra do Observatório Meteorológico). Jantares (50 talheres) e almoços (30
talheres). Bailes de gala e récitas. Festival náutico (regatas). Nos diferentes percursos por
onde passou a família real, esta seria sempre vivamente vitoriada, havendo até a
oportunidade para um encontro, na freguesia de Castelo Branco, entre os monarcas e um
velho “mindeleiro”."
(Fonte: Lobão, Carlos Manuel Gomes - Uma cidade portuária - A Horta entre 1880-1926 : Sociedade e Cultura com Política em fundo, Ponta Delgada, 2013)
Livro muito ilustrado com desenhos, retratos e fotogravuras, sendo 10 impressas em separado sobre papel couché, incluindo os retratos de Suas Magestades.
"Manhã esplendida. A palpitação da immensidade, serena e forte, enchia luminosamente a grande cupula azul do ceu.
As pompas exuberantes da natureza desatavam largas telas de um esplendoroso scenario onde se entornavam torrentes luminosas de sol, como uma chuva faiscante de pó em ouro, polvilhando os graciosos contornos dos montes, caindo sobre a limpidez ondulante dos mares e espelhando prodigiosamente os opulentos coloridos de uma phantastica decoração.
A risonha cidade da Horta, que, desde a vespera, sentia nas suas arterias tumultuar, de enthusiasmo de jubilo, multidões de povo afluente, acordara, neste faustoso dia, deslumbrantemente encantadora, numa orgia de luz, de galas e de festa.
Poomposamente decorada com as suas mais vistosas louçanias e brilhantes adereços, chia de movimento e de vida, agitando, por toda a parte, flammulas e galhardetes multicores, annunciava a celebração enthusiastica de uma solemnissima festa e estendia os braços, tremulos de jubilosa commoção, para receber, com entranhado affecto e ferveroso respeito, a real visita dos Augustos Soberanos Portugueses, a quem, nas mais dolorosas crises historicas e nas maiores fulgurações de historia nacional, sempre consagrou provadissima lealdade."
(Excerto de Primeiro Dia (28 de junho de 1901) - Preludios)
Indice: Primeiro Dia: Preludios. | A chegada. | O desembarque. | O cortejo - O Te-Deum - O Paço Real. | A recepção. | Gerden party. | Illuminações. | Baile.
Segundo Dia: A regata. | Grandes Armazens. | Inauguração do Observatorio Meteorologico da Horta. | Asylo da Infancia. | Passeio á estrada da Caldeira. | Jantar de gala.
Terceiro Dia: Passeio ao Capello. | Actualidades. | Embarque. | No cortejo Real. | Donativo regio. | Mercès. | Telegrammas. | Edital. | Sessão da Camara. | Discurso da Coroa. | Publicações. | Salve Rainha. | A cidade da Horta. | Brasões. | O collegio da Horta. | D. Pedro IV no Fayal. | El-Rei D. Luis no Fayal. | O clima dos Açores. | Aspectos. | No Fayal. | A casa do Pilar. | Escola «Capello e Ivens». | Duas palavras.
José Osório Goulart (Horta, 1868-1960). "Mais conhecido por Osório Goulart, foi um poeta, escritor, conferencista e intelectual açoriano. Foi um dos fundadores do Núcleo Cultural da Horta e o seu primeiro presidente.
Publicista brilhante, colaborou assiduamente nos jornais O Telégrafo e Correio da Horta, de que foi fundador e primeiro director. Para além destes jornais locais, colaborou na imprensa das ilhas Terceira e São Miguel e nalguns periódicos de Lisboa e Coimbra.
Na sua actividade literária foi um prosador vernáculo e um competente
historiógrafo e etnógrafo, publicando múltiplos artigos de carácter
científico e de divulgação sobre matérias de história e etnografia."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado geral de conservação. Capas algo empoeiradas.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível
Sem comentários:
Enviar um comentário