BOLETIM DO CLUBE PORTUGUÊS DO CÃO DE SERRA DE AIRES. N.º 1 [N.º 2]. Director: Manuel José Loureiro Borges. Algés - Lisboa, C.P.C.S.A., 1991-1992. 2 vols in-8.º (21x15 cm) de 40 p. (I) e 28 p. (II) ; il. ; B. 1.ª edição.
Primeira publicação conhecida dedicada em exclusivo ao Cão da Serra de Aires, raça portuguesa originária do Alentejo, porventura das menos conhecidas do panorama canino nacional. Com estalão da raça definido em 1954, apenas em 1990 foi criado o C.P.C.S.A. - o Clube do Cão da Serra de Aires.
Boletins policopiados, de produção "caseira", fruto do entusiasmo de um pequeno grupo de apreciadores da raça, fundadores do Clube, que resolveram elaborar algo sobre o assunto para divulgação e memória.
Estes dois volumes é tudo quanto foi publicado.
"Cão de gado originário do Alentejo, utilizado na condução e guarda de
rebanhos de ovelhas e cabras, de suínos, de bovinos e de equinos.
É perfeitamente adaptado à grande amplitude térmica desta região e dotado de uma grande resistência, o que lhe permite
percorrer longas distâncias na condução do gado pela planície Alentejana.
Excecionalmente inteligente e muito vivo. De uma dedicação extrema ao
pastor e ao rebanho que lhe é confiado; é distante perante os estranhos e
vigilante de noite.
Hoje em dia é também um excelente cão de companhia, de desporto e de
guarda. Distingue-se
pela forma hábil como conduz e mantém o gado nas pastagens e como
encontra os animais tresmalhados. Sempre atento, sinaliza com sucesso a
proximidade de predadores. Executa o seu trabalho com prazer."
(Fonte: https://www.cpc.pt/racas/racas-portuguesas/cao-serra-aires/)
Livros ilustrados ao longo do texto com desenhos e reprodução de fotografias de espécies representativos da raça.
No Vol. I estão inclusos os Estatutos do Clube e o Estalão da Raça do Cão de Serra de Aires.
"Numa canicultura moderna e civilizada que se quer construir em Portugal, o trabalho dos Clubes de Raça será fundamental! Cremos, mesmo que o dos Clubes dedicados às Raças Portuguesas, deverá ter um papel primordial, não só porque são únicos (alguns deles) no mundo inteiro, mas sobretudo porque defendem uma parte do nosso Património Cultural e etnográfico, enquanto País. [...] Estudando a fundo o Serra d'Aires, compreenderemos melhor a solidão assumida do antigo Pastor da Planície alentejana.
Foi exactamente com este espírito que um grupo de amigos, e amigos do Serra de Aires, resolveu fundar o Clube Português do Cão de Serra de Aires."
(Excerto de Vol. I - Editorial)
"À primeira vista parece que têm qualquer coisa de macaco!
Com franjas enormes, olhos amendoados muito expressivos e um ar divertido, estas criaturas facilmente cativam aqueles que têm o privilégio de as vir a conhecer.
São animais de fácil convivência e docilidade, embora reservados para os estranhos.
Por terem uma memória prodigiosa, tornam-se orgulhosos e ciosos do que é seu! São indiscutivelmente francos, meigos e simpáticos, sendo por isso óptimos cães de companhia.
O "Cão da Serra de Aires" não está muito difundido no estrangeiro e é injustamente mal conhecido em Portugal. De facto, ele é mais popular junto dos pastores, nas regiões da Beira Interior, Beira Baixa e Alentejo, onde faz parte integrante do ambiente, ajudando o Homem na tarefa difícil e ingrata de condução e guarda de rebanhos, varas e manadas."
(Excerto de Vol. II - O Cão da Serra de Aires: Uma Raça Portuguesa)
"O Cão da Serra de Aires, nas suas exclusivas peculiaridades que o
diferenciam e evidenciam a nível mundial – é o único cão pastor de pêlo
comprido que não apresenta sub-pêlo - alia de forma referencial duas
características: beleza e funcionalidade. De cão humilde, com
excepcionais aptidões para o trabalho, fez uma notável transição para
exposições de morfologia, obtendo resultados gloriosos em campeonatos
nacionais e internacionais, sem, contudo, perder as suas características
diferenciadoras de cão de pastor de condução de rebanhos. Dotado de uma
inteligência excepcional, a sua personalidade é marcante. É um cão
rústico e versátil, onde sobressai a sua grande adaptabilidade. [...]
De temperamento vincado, é de grande fidelidade ao seu dono, dele se dizendo que “é cão de um só dono”, expressão comum, por muitos amiúde repetida. [...]
Originário do Alentejo, mais concretamente da freguesia de Santo Aleixo,
concelho de Monforte, as suas origens perdem-se na memória, dos tempos e
das pessoas. O seu nome advém do Monte de Serra de Aires, propriedade
do Conde de Castro Guimarães. Perdura uma teoria que o cão actual, na
sua morfologia bem distinta e fixada, deriva de um pequeno cão de
pastoreio existente no Alentejo, que o Conde de Castro Guimarães,
através de um seu feitor de origem francesa, melhorou, cruzando-o com
cães originários de França, da raça Berger de Brie, conhecido, também,
por Briard. [...]
Sem nunca ter sido um cão muito conhecido fora da sua região de origem,
como cão de trabalho o Cão da Serra de Aires era muito popular e
utilizado, abarcando a sua distribuição as planuras do Alentejo e do
Ribatejo. Essencial para a condução dos rebanhos entre zonas de
pastagem, a sua grande inteligência tornava-o exímio no seu controle
durante a passagem pela bordadura e proximidade de terrenos cultivados.
Fiel ao rebanho e ao dono, territorial, discreto e reservado, por norma,
não dá a mão a estranhos. Estas características foram, por certo,
procuradas e perpetuadas nos cruzamentos de sucessivas gerações, muito
por força do grande isolamento que a imensidão das planícies alentejanas
sempre impôs aos seus residentes. [...]
A partir da década de 50-60 do Século XX, as novas práticas agrícolas e a
extensa utilização de aramado na delimitação das propriedades ditaram o
declínio dos efectivos da raça. A sua função já não era tão necessária.
Mas foi nesta altura, que um aturado trabalho de prospecção permitiu
identificar os animais que serviram de referência à elaboração do
primeiro estalão da raça, publicado em 1954. [...]
O Cão da Serra de Aires é, inquestionavelmente, um relevante componente
do património genético português. A sua tipicidade e unicidade
conferem-lhe atributos exclusivos que importa defender e preservar. A
sua história é uma história de sobrevivência. Uma sobrevivência amoldada
por uma rusticidade construída nas agruras da adversidade, que um
temperamento convicto e uma inteligência excepcional guindou para um
lugar cimeiro e referencial das raças portuguesas."
(Fonte: https://cpcsa.pt/?page_id=998)
Sumário - Vol. I:
Editorial. | Orgãos Sociais. | Estatutos do C.P.C.S.A. | Estalão do Cão de Serra de Aires. | Resultados da 1.ª Monográfica do Cão de Serra de Aires. | O Cão de Serra de Aires na Holanda. | 2.ª Exposição Monográfica do Cão de Serra e Aires. | A Monográfica da Holanda.
Sumário - Vol. II:
Editorial. | Orgãos Sociais. | Testemunho de um Velho Apaixonado por Cães. | O Cão da Serra de Aires: Uma Raça Portuguesa. | 1.ª Especial de Serra de Aires. | O Cão da Serra de Aires na Holanda. | Resultados da 2.ª Exposição Monográfica.
Exemplares brochados em bom estado de conservação. Capa 1.º vol. apresenta desgaste na superfície.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Peça de colecção.
Indisponível